Abismos da Alma

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A noite inteira de fúria e de desespero. Uma noite inteira sentindo o sangue ferver no corpo apolíneo.

Deitou-se e a cama parecia ter pregos. Levantou-se e o chão parecia ter fogo. Sentou-se para ler um tanto e seus olhos pareciam sempre embaçados de desgosto.

Milo de Escorpião estava inquieto, sofrendo e revoltado.

Sentia uma fúria descontrolada ao lembrar-se do cosmo de Camus. Sentia uma dor desmedida ao lembrar-se dos gemidos que ouvira vindo dele.

Quem dera causa a tudo aquilo além dele mesmo? Milo jamais fugia de nada e naquele momento, não conseguia afastar a ideia de fugir de si mesmo.

Ergueu-se, de novo, da poltrona onde tentara ler e andou pelo seu quarto. Sempre tão forte e agora tão fraco. Como lidaria com aquilo tudo?

"Como um verdadeiro escorpião, como um homem. O homem que não fui para você, Camus."

Seus pensamentos foram interrompidos por um servo que entrou anunciando que Shaina estava lá. Tudo que Milo não queria era estar com a namorada. Não do jeito como se sentia. E por que ainda mantinha aquele namoro? Não estava emocionalmente estável o suficiente para dizer o que deveria dizer para Shaina, o que sabia que deveria dizer, não civilizadamente. Milo podia ser bem mais perigoso quando estava frustrado, zangado, ferido.

Milo estava frustrado, zangado, ferido.

Era melhor que Shaina não o visse. Para o bem dela.

Como diria a ela que estava totalmente apaixonado por Camus, que o ouvira e sentira na cama com Saga e que gostaria muito de matar a si mesmo por estar mentindo há tanto tempo para si mesmo? Para ela?

"Diga a ela que não posso atendê-la no momento." Não era a primeira vez naquela semana...

"Sim, Mestre Milo."

O servo saiu e Milo sentiu uma dor fina subir por sua alma. Estava doendo. Doía lembrar-se do que sentira. Doía saber que tudo estivera bem ao alcance de sua mão e perdera.

Precisava dormir. Não queria dormir. Precisava parar de sentir aquela dor e ao mesmo tempo, era aquela dor que lhe dava forças para raciocinar.

Não queria sequer imaginar o que Camus e Saga estavam fazendo. Ora, o que estavam fazendo...

Something about you that makes me feel bad

Alguma coisa sobre você que me faz sentir mal

I wasn't there when a thin line destroyed your soul

Eu não estava lá quando uma fina linha destruiu sua alma

Pensar nos dois juntos fazia Milo ter calafrios de desgosto. O que havia feito a Camus não explicava as atitudes dele. Não era lógico que por conta da briga que haviam tido que Camus simplesmente resolvesse se vingar indo para a cama com Saga.

"Não foi isso, não é Camus?" Falou para si mesmo. Sabia que não era bem aquilo. Camus jamais faria algo daquele estilo. O aquariano era honrado demais para procedes de maneira tão baixa. Milo sabia disso. O problema é que estava buscando motivos para ter raiva de Camus e esquecê-lo. Mas, não encontrava nenhum que realmente valesse à pena.

Milo tinha que tomar uma decisão. Outra. Novamente. O que faria a respeito de tudo aquilo? Sua raiva não passava, não conseguia pensar com clareza. Não conseguia não sentir um ódio mudo ao pensar que o aquariano não era mais um provável namorado.

Seu Camus... Ele era seu Camus, sempre seria, mas parecia que ele não queria mais que Milo fosse seu Milo. Droga! Por que agira como um idiota? Por que?

No Good For MeOnde histórias criam vida. Descubra agora