Capítulo 19

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- me perdoa, Helena....

Essas foram as ultimas palavras que ouvi, o gelado do metal me cortando foi a pior dor que já senti, a falta de ar, os pulmões ardendo e então o nada, acredito que morri, mas nada de luz branca no fim do túnel, o que senti quando voltei a consciência foi dor, nas minhas veias corria fogo liquido, cada pedacinho do meu corpo parecia em chamas, cada celula, tudo ardia, eu não conseguia me mexer, tentei levantar a mão, tentei me virar e nada, nem abrir os olhos, estava paralisada, nada funcionada, eu tentava gritar mas minha boca não abria, os músculos estavam travados, será que fui para o inferno ?

Estou mesmo morta? Por que Breno fez isso comigo... ?

Não fazia sentido nada ali, não consigo pensar, sinto dor, muita dor, apenas consigo pensar na dor!

Aquilo era pior que estar no inferno, aqui o fogo que sentia estava dentro de mim, me corroendo, e eu não conseguia me mexer, fugir, nem lutar contra o que me queimava, minutos eram horas, e horas.

Horas se passaram, pelo menos para mim, meus ouvidos não funcionavam, eu aparentava inconsciência, mas dentro de mim estava bem consciente, eu não queria ser vampira!

Tudo dói, mas então o fogo foi parando lentamente, primeiro as mãos e os pés, das laterais para o centro, me sentia deitada em algo macio, a dor se concentrava na minha cabeça agora, ainda paralisada, mas não morta, meus ouvidos voltaram com um zumbido, meus olhos já identificavam mesmo fechados a pouca luz, comecei a voltar, ao longe ouvia vozes conhecidas, meu tato contra a aparente cama parecia mais aguçado, eu sentia as fibras do tecido embaixo de mim, meu coração batia lentamente, meu pulmão ainda precisava de ar, eu ainda estava viva, mas diferente, já estava transformada ?

Tudo parecia horas de um lento processo de acordar, até que meus movimentos voltaram, percebi meus dedos, sentia as contrações musculares, mas meu coração ainda pulsava, lentamente, e eu ainda precisava respirar, será que algo deu errado ?

E então consegui abrir meus olhos, estava em um quarto desconhecido para mim, estava em uma cama de casal, as paredes de madeira, em frente um painel com uma televisão antiga, à direita um guarda-roupa, e a esquerda próximo da janela Victor estava sentado em uma poltrona, dormia como tranquilidade, parecia o quarto de um hotel, nada muito pessoal, e não gostaria de saber como eles conseguiram colocar uma pessoa desacordada dentro do hotel. Tentei me sentar na cama, mas a tontura me pegou e não consegui, uma fome assustadora havia me possuído, minha visão estava mil vezes melhor, conseguia ver com nitidez uma aranha na lateral da parede, muito pequena e sua teia, os detalhes das paredes de madeira, o pó que estava no ar, estava tão absorvida por tudo que estava presenciando que não notei quando Victor acordou e me encarava, ate ele se deitar ao meu lado.

- Você ainda tem cheiro de humana.

- Acho que ainda sou humana, meu coração ainda bate, ainda preciso de oxigênio, eu me sinto viva.

Ele me olhou com estranheza, algo realmente estava errado, se sentou na cama e me encarou por um momento, até responde como se para ele.

- Isso não deveria acontecer, você deveria acordar com olhos vermelhos, uma fome de enlouquecer, não com essa calma, seu coração já deveria ter parado.

Ele pegou minha mão, e levou até os lábios, cheirou, e então mordeu meu pulso com muito cuidado, nada como a primeira vez. Seu rosto mudou para incredulidade, me olhou com espanto e se levantou.

- Preciso falar com o Breno.

E sai do quarto sem explicação, e eu fiquei deitada, sem forças para me levantar, extremamente tonta, algo de muito errado estava acontecendo comigo, era só o que me faltava!

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