Julia Neves odiava o trânsito do Rio de Janeiro e nunca iria se acostumar com ele, sem dúvida alguma.
Estava totalmente atrasada para o trabalho e já estava pensando na bronca que ia levar de seu chefe já que tinha um cliente marcado para as dez horas e já iriam dar onze horas.
Bom, seu chefe era seu pai mas isso não interferia de forma alguma na bronca que levaria. Juli era tatuadora e trabalhava no estúdio de sua família, era boa no que fazia e por isso, os clientes marcavam hora para serem tatuados por ela.
— Cheguei! — entrou rapidamente no estabelecimento com o melhor sorriso amarelo que poderia dar.
— Está atrasada e iremos conversar sobre isso depois. — lançou um olhar áspero para a filha — Tem um cliente te esperando na sala, vá logo.
— Sim, senhor.
Julia tratou de guardar suas coisas dentro do pequeno armário que tinha na área reservada para os funcionários e pegou tudo que usaria naquele primeiro trabalho do dia.
— Bom dia. — chamou a atenção do homem que mexia no celular de cabeça baixa. — Me desculpe pelo atraso, o trânsito está um caos.
— Tudo bem, também tive dificuldade para chegar até aqui. — deu um sorriso de lado.
— Ah não! — Julia revirou os olhos e cruzou os braços. — Você está me perseguindo, cara?
Matheus tinha um olhar debochado, os braços cruzados e postura relaxada sobre a cadeira.
— Não vai me responder? O que está fazendo aqui? — o tom de Julia era autoritário e irritado.
— Bom, eu não quero te ensinar a sua profissão ou coisa do tipo mas acho que eu vim fazer uma tatuagem. — ele ironizou. — Mas, se for pra ser com uma tatuadora tão esquentadinha, vou pedir por outra pessoa.
— Ok, Julia, respira e não pira. — falou para si mesma. — Eu sou profissional acima de qualquer coisa, Matheus e sou muito boa no que faço.
O homem a sua frente assentiu e deu de ombros começando a explicar como queria a tatuagem e mostrou uma foto.
— Tem certeza? Não é algo que se esconde facilmente. — palpitou.
— Eu sei, por isso pedi que me indicassem alguém realmente bom para a minha primeira tatuagem e Gabriel me indicou você. Sei que você fez a metade das tatuagens dele e todas são incríveis.
Julia pela primeira vez naquela manhã sorriu, quem não gosta de ter alguém elogiando seu trabalho?
E depois daquele vieram mais misturados com gargalhadas do início ao fim, havia sido uma dificuldade conseguir tatuar Matheus pelo fato de ele não ficar quieto de jeito algum.
As horas pareceram minutos para ambos.
Julia fazia seu trabalho totalmente concentrada e admira-la passou a ser a distração de Thuler diante as picadas da agulha. Ele estava encantado em como ela ficava linda enquanto estava com o rosto sério.
— Pronto. — despertou a atenção dele novamente.
Matheus pediu a todos os deuses que ela não tenha percebido o jeito que ele a olhava, já era difícil se aproximar dela e ele nem tinha ideia do que podia passar passar pela cabeça dela.
— Uau, ficou foda. — analisou bem a arte que ocupava todo o joelho e uma parte da coxa.
— Eu disse que era boa no que fazia. — deu de ombros e ele concordou, abobado — Sabe as recomendações, certo?
Ele assentiu.
— Então é isso. — retirou as luvas e se levantou para organizar o que havia usado.
Uma ideia circulou pela mente do moreno quando viu que ele teria que ir embora e ele hesitou já que não podia mentir que Julia o deixava... intimidado mas sabia que se não fizesse ele iria se arrepender.
— Você tem horário de almoço? — questionou depois de alguns minutos de silêncio.
— Sim, em dez minutos. Por quê?
Ele hesitou de novo.
— Quer ir almoçar comigo?
— Hm... — ela ponderou a proposta. — Pode ser, assim posso monitorar o que você vai comer, não quero ninguém reclamando de infecção.
Um sorriso tomou lugar nos lábios de Matheus.
— Vou te esperar lá fora.
• • •
No meio do almoço Julia precisava admitir que Matheus não era tão ruim quanto parecia, não era convencido mas sim, humilde e divertido.
Também era bobo, fazia palhaçadas a todo momento e ela não podia deixar de rir.
— Isso é maldade, sabia? — ele revirou os olhos ao ver Juli levar mais uma colher de sorvete a boca.
Coisa que ele não podia comer de forma alguma.
— Eu perguntei se você se incomodava e você disse que não então me deixa terminar.
Matheus não pode segurar de encarar a tatuadora que, dessa vez, logo percebeu.
— Tira uma foto que dura mais. — brincou com o zagueiro e não esperava que ele fosse tirar o celular do bolso.
— Faz uma pose. Eu estou falando sério. — ela riu e fez o que ele pediu.
Ele tirou três, duas com caretas e uma séria.
— Ficaram boas, até que você leva jeito. — sorriu.
— Sou praticamente o fotógrafo da minha irmã então precisei aprender na marra. — ele riu fraco.
— Modelos lindas deixam o trabalho mais fácil. — levou a mão até o rosto da mulher que sujou com a última colherada da sobremesa e limpou.
Julia não conseguiu evitar que suas bochechas ganhassem o famoso tom vermelho e pensar que nada poderia ser mais clichê do que aquilo.
Instagram da personagem: @julinevesf.
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Imaturo • Matheus Thuler
FanfictionSegundo o dicionário formal, a palavra Imaturo é um substantivo masculino que significa "aquele que não demonstra maturidade psicológica ou que a demonstra em grau menor do que o esperado". Muitos assemelham a palavra à pessoas jovens ou bobas, cert...