Pagode alto disputava lugar com o falatório alto que preenchia toda extensão da casa de Gabriel, o cheiro de churrasco que estava sendo feito na área externa também dominava o lugar.
O motivo de toda a farra? Era dia dois de Agosto que para alguns era conhecido como o aniversário de Julia Neves.
A tatuadora estava completando vinte e três anos naquela tarde de sexta feira e quando contou para o melhor amigo que estava desanimada e sem vontade de comemorar não demorou mais do que dois minutos para ele decidir por conta própria que a garota teria uma festa em sua casa.
Não foi algo elaborado, apenas churrasco e bebidas junto a muito pagode do jeito que a aniversariante gostava.
A comemoração ganhou um peso a mais após a noite de quarta feira daquela mesma semana que foi marcada pela classificação tensa do Flamengo para mais uma fase da Libertadores.
A alegria e animação eram evidentes em todos que estavam ali menos da própria aniversariante, Julia era a única em que estava em um canto sozinha apenas olhando ao redor.
Não queria admitir mas estava procurando por ele.
Ele que não ligou desde o dia da praia, ele que respondia com mensagens curtas, ele que tinha tido uma atitude completamente infantil e que pelo jeito não iria assumir.
Ele que havia acabado de passar pela porta de vidro que separava do resto da casa. E não estava sozinho.
— Que carinha é essa logo no seu aniversário? — um português embolado e carregado de sotaque fez com que os olhos da tatuadora se desgrudassem de cada movimento de Thuler.
— Não estou muito animada, Gustavo.— deu um sorriso fraco para o colombiano.
— Percebi, nem te vi beber. — falou em um tom de brincadeira.
Ela queria rir mas não conseguiu, estava sentindo o gosto amargo do ciúmes que só piorou quando viu a tal morena segurar na cintura de Matheus.
— Eu estive conversando com ele esses dias. — apontou discretamente para o zagueiro. — Ele gosta muito de você.
— Não parece.
Era isso que ela pensava sempre quando sentia seu peito apertado de saudades, quando sentia que o cheiro dele estava saindo de seu travesseiro.
Julia era intensa e orgulhosa então estava muito mais apegada a Thuler do que conseguiria admitir. Sentia que não era recíproco, que ele só estava a procura de diversão por isso a procurava apenas quando queria, que somente ela buscava por ele.
— Preciso tomar água, já volto ruivinho. — se despediu do amigo que apenas deu um sorriso como resposta.
Se levantou e então fez o caminho até a cozinha do lugar comprimentando algumas pessoas pelo trajeto, pegou o que queria quando chegou e se encostou na bancada com o copo em mãos.
Puxou o celular do bolso e mexeu um pouco, não conseguiu controlar a palpitação no peito quando a notificação brilhou.
Thuler ❤
2 novas mensagens.Não quis abrir a conversa então leu pela barra do celular, ele pedia para que o encontrasse no quarto de hóspedes e era obvio que ela não ia até ler a segunda mensagem sobre um tal presente que ele queria lhe entregar.
Terminou sua água lentamente antes de subir as escadas até a terceira porta do corredor.
— Oi. — um sorriso brilhou no rosto dele.
Não recebeu resposta e então sorriso do rapaz de murchou.
— Eu vacilei, né? - se sentou na cama. — Me desculpa.
— Tudo bem, nos poupe de um pedido de desculpas elaborado e você poderá voltar para sua acompanhante. — respondeu totalmente áspera.
— O quê? — ele acabou deixando uma risada escapar, ato que fez com que o sangue da carioca fervesse.
— Me chamou para rir da minha cara? Se eu soubesse não teria deixado a minha festa.
— Não, me desculpa... de novo. Aquela é a minha irmã, Juliana.
As bochechas de Julia queimaram junto a vergonha que ela estava sentindo. Estava com ciúmes da irmã de Matheus, patético.
— Eu já te disse uma vez, marrentinha, não quero ninguém além de você. — se aproximou ficando de frente a ela.
— Quem quer, corre atrás e eu não te vejo fazer isso. — revirou os olhos e levou as mãos ao peitoral malhado do rapaz para tentar empurra-lo.
Silêncio.
— Eu não sou bom com relacionamentos como já deve ter percebido. — ele voltou a falar mas foi interrompido.
— E deve achar que fomos rápidos demais, eu entendo e concordo. — ela falou, rápido.
O medo de que ele terminasse primeiro a dominou.
— É isso que você acha? — questionou.
Não.
— Sim e você?
Também não!
— É sim.
No meio do silêncio que novamente dominou, a certeza do que aquilo significava bateu a porta.
— Terminamos? — perguntaram ao mesmo tempo.
— Acho que sim. — apenas a voz de Julia saiu.
Ela queria chorar, não havia namorado por tanto tempo e nem ao menos tinha ganhado um pedido oficial mas no fundo, aquilo doía tanto nela quando nele.
— Posso te dar um beijo? — Thuler perguntou.
Ela acenou com a cabeça.
O beijo foi com todo o carinho que eles tinham um com o outro, calmo e acolhedor.
— Feliz aniversário, Juli. — ele entregou um pequeno embrulho.
Ele estava caminhando até a saída quando parou no meio do caminho.
— Eu acho que amo você. — soltou um riso fraco.
E foi.
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Imaturo • Matheus Thuler
FanfictionSegundo o dicionário formal, a palavra Imaturo é um substantivo masculino que significa "aquele que não demonstra maturidade psicológica ou que a demonstra em grau menor do que o esperado". Muitos assemelham a palavra à pessoas jovens ou bobas, cert...