★ 08. Feliz aniversário, Juli

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Pagode alto disputava lugar com o falatório alto que preenchia toda extensão da casa de Gabriel, o cheiro de churrasco que estava sendo feito na área externa também dominava o lugar.

O motivo de toda a farra? Era dia dois de Agosto que para alguns era conhecido como o aniversário de Julia Neves.

A tatuadora estava completando vinte e três anos naquela tarde de sexta feira e quando contou para o melhor amigo que estava desanimada e sem vontade de comemorar não demorou mais do que dois minutos para ele decidir por conta própria que a garota teria uma festa em sua casa.

Não foi algo elaborado, apenas churrasco e bebidas junto a muito pagode do jeito que a aniversariante gostava.

A comemoração ganhou um peso a mais após a noite de quarta feira daquela mesma semana que foi marcada pela classificação tensa do Flamengo para mais uma fase da Libertadores.

A alegria e animação eram evidentes em todos que estavam ali menos da própria aniversariante, Julia era a única em que estava em um canto sozinha apenas olhando ao redor.

Não queria admitir mas estava procurando por ele.

Ele que não ligou desde o dia da praia, ele que respondia com mensagens curtas, ele que tinha tido uma atitude completamente infantil e que pelo jeito não iria assumir.

Ele que havia acabado de passar pela porta de vidro que separava do resto da casa. E não estava sozinho.

— Que carinha é essa logo no seu aniversário? — um português embolado e carregado de sotaque fez com que os olhos da tatuadora se desgrudassem de cada movimento de Thuler.

— Não estou muito animada, Gustavo.— deu um sorriso fraco para o colombiano.

— Percebi, nem te vi beber. — falou em um tom de brincadeira.

Ela queria rir mas não conseguiu, estava sentindo o gosto amargo do ciúmes que só piorou quando viu a tal morena segurar na cintura de Matheus.

— Eu estive conversando com ele esses dias. — apontou discretamente para o zagueiro. — Ele gosta muito de você.

— Não parece.

Era isso que ela pensava sempre quando sentia seu peito apertado de saudades, quando sentia que o cheiro dele estava saindo de seu travesseiro.

Julia era intensa e orgulhosa então estava muito mais apegada a Thuler do que conseguiria admitir. Sentia que não era recíproco, que ele só estava a procura de diversão por isso a procurava apenas quando queria, que somente ela buscava por ele.

— Preciso tomar água, já volto ruivinho. — se despediu do amigo que apenas deu um sorriso como resposta.

Se levantou e então fez o caminho até a cozinha do lugar comprimentando algumas pessoas pelo trajeto, pegou o que queria quando chegou e se encostou na bancada com o copo em mãos.

Puxou o celular do bolso e mexeu um pouco, não conseguiu controlar a palpitação no peito quando a notificação brilhou.

Thuler ❤
2 novas mensagens.

Não quis abrir a conversa então leu pela barra do celular, ele pedia para que o encontrasse no quarto de hóspedes e era obvio que ela não ia até ler a segunda mensagem sobre um tal presente que ele queria lhe entregar.

Terminou sua água lentamente antes de subir as escadas até a terceira porta do corredor.

— Oi. — um sorriso brilhou no rosto dele.

Não recebeu resposta e então sorriso do rapaz de murchou.

— Eu vacilei, ? - se sentou na cama. — Me desculpa.

— Tudo bem, nos poupe de um pedido de desculpas elaborado e você poderá voltar para sua acompanhante. — respondeu totalmente áspera.

— O quê? — ele acabou deixando uma risada escapar, ato que fez com que o sangue da carioca fervesse.

— Me chamou para rir da minha cara? Se eu soubesse não teria deixado a minha festa.

— Não, me desculpa... de novo. Aquela é a minha irmã, Juliana.

As bochechas de Julia queimaram junto a vergonha que ela estava sentindo. Estava com ciúmes da irmã de Matheus, patético.

— Eu já te disse uma vez, marrentinha, não quero ninguém além de você. — se aproximou ficando de frente a ela.

— Quem quer, corre atrás e eu não te vejo fazer isso. — revirou os olhos e levou as mãos ao peitoral malhado do rapaz para tentar empurra-lo.

Silêncio.

— Eu não sou bom com relacionamentos como já deve ter percebido. — ele voltou a falar mas foi interrompido.

— E deve achar que fomos rápidos demais, eu entendo e concordo. — ela falou, rápido.

O medo de que ele terminasse primeiro a dominou.

— É isso que você acha? — questionou.

Não.

Sim e você?

Tambémo!

— É sim.

No meio do silêncio que novamente dominou, a certeza do que aquilo significava bateu a porta.

— Terminamos? — perguntaram ao mesmo tempo.

— Acho que sim. — apenas a voz de Julia saiu.

Ela queria chorar, não havia namorado por tanto tempo e nem ao menos tinha ganhado um pedido oficial mas no fundo, aquilo doía tanto nela quando nele.

— Posso te dar um beijo? — Thuler perguntou.

Ela acenou com a cabeça.

O beijo foi com todo o carinho que eles tinham um com o outro, calmo e acolhedor.

— Feliz aniversário, Juli. — ele entregou um pequeno embrulho.

Ele estava caminhando até a saída quando parou no meio do caminho.

— Eu acho que amo você. — soltou um riso fraco.

E foi.

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⏰ Última atualização: Aug 02, 2019 ⏰

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Imaturo • Matheus ThulerOnde histórias criam vida. Descubra agora