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Rose passa pela porta decidida a confrontar seus tutores.

— preciso falar com vocês. — cruza os braços encarando Hélio que estava no sofá da sala com seu notebook no colo e Tylor que estava sentado no outro sofá, acariciando a cabeça de Ella, que estava na frente do homem.

— Boa tarde pra você também, estou bem, Rose. obrigado por perguntar.— disse Tylor de modo debochado, desviando os olhos da loba para a jovem.

— Eu ainda não acredito que tiveram coragem de colocar ele para me vigiar na escola! — Hélio finalmente a fita.

— Não fizemos isso, Amor. Ele é seu professor.— Ruan entra no cômodo e sobe direto para o segundo andar sem falar com nenhum presente.

— Aconteceu algo? — Ty questiona.

Rose nega, confusa e ainda irritada.

— Não mudem de assunto! Vocês não podem continuar fazendo o que estão fazendo. É um absurdo! — desliza a mochila até o chão.

Os dois se olham.

— Querer te proteger é um absurdo? Não vejo dessa maneira. — Ty joga a cabeça para o apoio do sofá enquanto fala.

Rose faz um som de frustração com a boca e mesmo sentindo a voz embargar, ela persiste nos argumentos e exclama:

— Não me deixam fazer nada. eu não tenho amigos porque vocês não me deixam socializar. Todas as festas que são convidados em nenhuma vocês me levam. E nem minhas próprias roupas sou eu que compro!

— Você nunca reclamou sobre essas coisas antes.— Hélio interpõe, atento a conversa e também, á sua atividade na tela do aparelho.

Rose pensa um pouco, e era verdade. Nunca nesse tempo todo morando com eles reclamara de qualquer coisa que seja.

E talvez esse tenha sido seu erro, ter feito eles pensarem que todas as decisões poderiam ser feitas apenas entre os três.

— Agora é diferente! Sou uma adolescente e logo começarei minha vida profissional, preciso ter experiências comuns de pessoas da minha idade — Repete o que tinha ensaiado no caminho para casa.

Como se ela estivesse dizendo que cometeu um terrível crime imperdoável, Hélio e Tylor viram suas cabeças de imediato e ao mesmo tempo na direção da jovem assim que termina seu pequeno discurso.

Um discurso desses não é pra ser levado para um caminho malicioso, mas para as mentes incandescentes dos dois a malícia estava explícita.

— Quais são essas experiências que você quer ter, garota? — Tylor para os movimentos na loba, que rosna para a garota como se também perguntasse.

— O que quer dizer com isso, Rose? Explique-se, mocinha. — Hélio grunhe feito um bárbaro, com visões do que seriam essas "experiências" passando em frente ao seus olhos.

— Bem, eu... Oras! Experiências em...em... Estão mudando o foco do assunto de novo! — Rose mexe no rabo de cavalo do seu cabelo em visível nervosismo sobre pra que lado aquele assunto estava indo.

— É a senhorita que está mudando de assunto.— Hélio cerra os olhos de um jeito intimidador, com a voz baixa e quase inaudível. Se sentindo acuada com o tom dele, Rose diz:

— Vocês... vocês não me entendem — Com a voz chorosa, ela afirma.

Rose achava frustrante tentar fazê-los compreender que a maneira perseguidora a qual eles tinham com ela não era saudável, pra nenhum dos lados.

Resignada, A menina sobe as escadas com o pior sentimento de fracasso que um ser humano poderia sentir.

— Irmão  — Tylor reclama, com a mente pensativa — o que acha que ela quis dizer com tudo aquilo?

Helio, assim como seu amigo, desde a saída repentina da garota, também estava perdido em divagações, mesmo sabendo esconder melhor que Ty, que também estava pensando naquilo.

Ele não estava gostando de como os hormônios da adolescência estavam deixando sua garota com pensamentos libertistas.

— Ela quer mais liberdade — Tylor abre bem os olhos pra essa constatação do amigo.

Ella rosna novamente, dessa vez para seus donos, antes de pegar o caminho para o quarto de Rose.

— Mais do que já tem? - Ty levanta-se em um rompante.

— Pelo que entendi — fecha a tampa do notebook, Retira o óculos de grau e esfrega a tempôra — ela se sente, de alguma forma, presa. — Hélio era bom em diagnósticos.

— Que bobagem. Aquela criaturinha tem de tudo! — Ty bufa.

O homem tatuado nega.

— Ela disse que não tem amigos.  — Hélio diz isso com uma dolor aguda no peito, pois mesmo eles não a tratando como filha, com todo um decoro formal, ela não os considerava seus amigos.

— Achei que fossemos os amigos dela. — verbaliza com sofrimento na voz os pensamentos e sentimentos de Hélio.

— Talvez só queira amigos da mesma idade — Custou muito para o moreno dizer essas palavras, pois o ciúme inevitável que tinha dela tomou conta.

— Qual é — Ty senta-se, rindo com ironia velada.
— Não somos tão velhos assim

Hélio arqueia uma sobrancelha.

Em vista que, podiam não ser tão velhos para outros, mas para a garota eram sim.

Tylor era o mais novo, e estava nos seus plenos trinta e três anos.
Ruan, era o segundo mais velho com trinta e cinco.
Hélio tinha a mesma idade do anterior, sendo apenas três meses mais velho que Ruan.

Eram números elevados.
E o receio de todos os três era de quê a jovem e amigável Rose conhecesse um garoto de sua idade.

Era algo que eles tinham que trabalhar, a insegurança em relação a idade deles em comparação a vivência com uma menina vinte e um anos mais nova.

O apego que mantiam por ela também seria algo que teriam que trabalhar, pois todos esse tempo fez com que crescesse e enraizasse uma dependência física, pela presença da menina, e emocional.
Até mesmo para aquele que não era de costume se aproximar de Rose, Ruan. Até mesmo ele tinha que admitir, enlouqueceria se a perdesse para um moleque que mal tinha saído das fraudas.

Eles no exército tinham que lutar contra oponentes muito bem preparados, e as vezes, muito mais fortes que eles. Mas ali, onde não tinha guerra ou combate, tinham que lidar com a incerteza do que sentiam.

Lidar com a necessidade que Rose fazia nascer neles.

Tinham que repreender desejos obscuros e muitas vezes proibidos diante da sociedade.

Afinal, eles estiveram no lado do bem.
Massacraram seus inimigos, e juraram que nunca poderiam fazer ou repetir um terço do que aqueles que eram considerados criminosos, faziam.

E por isso, o inconsciente de cada um dos três, repreendiam qualquer dúvida de que aquilo que estavam sentindo, era mais do que algo paternal.

Mas as vezes, o nosso limite é testado com as piores provações.
Hélio, Ruan, Tylor descobririam isso dá pior forma.


MOTH (PARADO)Onde histórias criam vida. Descubra agora