Capítulo 3

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Nei nunca tinha se imaginado com sua companheira. Sabia que nenhuma mulher iria querer um covarde como ele. Mas, mesmo se tivesse imaginado, nada seria comparado a ter o corpo nu de Mabel contra ele. Tinham se banhado, nadado e brincado, divertindo-se, aproveitando a companhia uns dos outros. Então resolveram descansar e aguardar que seus corpos se secassem naturalmente. Deitaram-se a beira da pequena fonte, Mabel recostada sobre ele, completamente nua, e Oz ao lado dela. Ambos protegendo-a. Nei apreciava as sensações que o rodeava. A pele já não mais úmida, a maciez de sua carne farta. O sentimento de proteção e cuidado. O carinho que sentia no deslizar da pequena mão feminina de cima a baixo de seu torso. Desejava nunca ter que levantar, mas tinham. Teriam companhia em breve.

– Tem alguém vindo. _ Oz, já vestido, se põe protetoramente a frente de Mabel. – Duas pessoas, um macho e uma fêmea.

– Eu sei. _ Nei ajuda Mabel a se levantar. – É um amigo, mas pode rosnar para ele se quiser, me fará um favor.

– Ei, Top! _ Alguém chama minutos depois. – Diga ao Totó que somos amigos.

– O Totó é um lobo cinzento, Kay. Considerando que você é um gato, acho melhor você demonstrar um pouco mais de respeito.

– Lobo? Um lobo de verdade? _ Uma voz feminina exclamou, se aproximando rapidamente.

– O que eu disse sobre sair do meu lado, mel?

– Me desculpe. _ Detém sua aproximação, parando a frente deles. – Você sabe como sempre quis conhecer os transformos selvagens. _ Diz brincando com a própria blusa.

– Eu sei, mel, mas não pode sair de perto mim, eles poderiam feri-la.

– Mas você disse que era seu amigo. _ O encara com os olhos brilhando com lágrimas.

– Nei é meu amigo. _ Aponta. – Mas eu não conheço os outros, e um deles é um lobo. Poderia atacá-la e eu estaria muito longe para protegê-la.

– Eu sinto muito. _ Funga. – Eu só queria ver um lobo de perto.

– Tudo bem. _ Abre os braços e ela se joga nele. – Só não faça isso outra vez. _ Ela assente torpemente. – Deixe-me apresentá-la. _ A vira de frente para os outros. – Nei, essa é Suya, minha companheira.

– Um coelho? Você se acasalou a um coelho? _ Questiona Oz.

– Nei é uma toupeira. _ Diz colocando Suya atrás dele.

– Mas você é um puma, um predador, e ela uma presa.

– Eu achei que ele fosse me comer quando nos encontramos. _ Suya dá a volta nele, voltando a ficar frente a todos, com a mão no peito como se recordasse o acontecimento. – Foi assustador quando ele me pegou, carregando-me em sua boca cheia de dentes afiados. _ Diz gesticulando. – Mas aí ele me levou para um lugar seguro e se transformou. Não estive mais preocupada com seus dentes. _ Murmura corando.

– Vai nos apresentar? _ Kay muda rapidamente de assunto.

– Essa é Mabel, minha companheira. Oz, seu outro companheiro. E Rislan, nosso filho.

– Família grande. _ Sorri para os três. – Será uma surpresa para todos.

– Espero que boa. _ Murmura Mabel.

– Com certeza boa. _ Garante Kay. – Vocês já vão?

– Sim, deixaremos que fique a sós com sua companheira, já terminamos.

– Obrigado. _ Sorri para o amigo. – Estou feliz por você. _ Diz, olhando-o com oculto significado.

– E eu por você. _ Responde, sendo puxado para um abraço.

– Você pode se transformar, por favor? _ Questiona Suya a Oz.

– Mel, não pode pedir as pessoas para se transformar. _ A repreende.

– Por que não? _ Volta-se para ele.

– Não é educado.

– Eu fui educada. _ Ofega, ofendida. – Eu pedi por favor.

– Eu sei mel, mas...

– Tudo bem, eu me transformo para ela ver. _ Diz Oz.

– Verdade? _ Salta animadamente.

– Certo, então se vire, você não o verá nu. _ A vira de costas. – Coelhos, são muito acelerados. _ Explica ao ver as expressões questionadoras que dirigiam a ele. – Pronto. _ A vira de frente para o lobo.

– Oh! _ Exclama. – Um lobo, um lobo de verdade. _ Se aproxima. – Ele não vai me morder, vai? _ Se detém, voltando seu olhar a Kay.

– Não, mel, ele não vai machucá-la.

– Você permanece consciente? Pode me entender? _ Diz aproximando-se mais, vendo o lobo assentir. – Tão legal. _ Ameaça acariciar o lobo, mas se detém diante do rosnado e do rugido que ouviu as suas costas. – O que foi? _ Os encara, paralisada em seu medo.

– Sem tocar, mel.

– Oh... _ Olha o lobo e então Mabel. – Me desculpe, não quis perturbá-la.

– Tudo bem, foi uma reação natural, não quis assustá-la.

– Esta tudo bem. _ Lhe sorri. – Você é muito bonito. _ Diz ao lobo, ouvindo um rugido a suas costas. – O que? Eu não o toquei.

– Não diga que outro macho é bonito, mel.

– Oh... _ Volta-se para o lobo. – Você não é bonito. _ Diz fazendo Nei e Mabel rirem. – O que? _ Vira-se para eles.

– Você é adorável. _ Diz Mabel.

– Eu posso dizer que ela é bonita? _ Pergunta a Kay, vendo-o assentir. – Você é muito bonita.

– Obrigada, você também é. _ Sorri para ela.

– Vamos deixar vocês a sós agora. _ Diz Nei.

– Boa viagem a vocês. _ Volta-se para o lobo. – Obrigado.

– Para vocês também. _ Diz Mabel.

– Nos vemos em casa. _ Diz Nei se afastando.

– Por que não posso dizer que o lobo é bonito se o acho bonito? _ Questiona Suya, vendo o lobo se afastar.

– Porque me deixa ciumento ouvi-la dizer que acha outro macho bonito.

– E se tivermos filhos, não poderei dizer que são bonitos?

– Sim, mas isso é diferente.

– Mesmo se forem machos também?

– Vamos ao seu banho, mel.

Metamorfos - Lobos e ToupeirasOnde histórias criam vida. Descubra agora