– O que foi? Pensei que fosse gostar de um banho. _ Pergunta Nei, preocupado.
– Sim, eu aprecio isso. _ Diz sem olhá-lo. – Mas eu não queria que me visse assim. _ Gesticula, abrangendo o próprio corpo. – Eu estou gorda e... _ Se detém, encolhendo-se diante do forte rosnado de Oz.
– Está deslumbrante. _ Garante Nei. – Tenho certeza que vou estar muito agradado. Você pode sentir o cheiro da verdade?
– Não, mas posso ver a verdade em sua expressão. _ Lhe sorri.
– Que bom. _ Deposita um beijo em seus lábios, ignorando o rosnado atrás deles. – Agora vá, nos juntaremos a você em breve.
Mabel assentiu e caminhou para a borda do lago, ao mesmo tempo em que Nei se afastava e se detinha ao lado de Oz. Precisava falar com ele, mas não agora. Primeiro iria apreciar a vista de sua mulher despindo-se para ele, vê-la nua pela primeira vez. Ela permaneceu de costas para ele quando desprendeu o vestido dos ombros e o deixou cair. O tecido azul deslizou rapidamente para baixo, parando nos quadris. Mabel forçou a descida e o pano escorregou mais abaixo. Então uma calcinha preta era tudo o que escondia o amontoado de carne de seu traseiro. Nei forçou-se a conter o suspiro desejoso que ameaçava abandonar seus lábios. Virou-se para Oz, antes que saltasse sobre ela.
– Por que está tão insegura? _ Questionou-o.
– Fez o mesmo comigo, tentava me evitar conforme a gravidez avançava. Seu corpo estava mudando. _ Diz com um encolher de ombros, despreocupadamente. – Você não a viu antes da gravidez, então, acho que também é normal sua insegurança.
– Tem medo que seu corpo não me agrade? _ Pergunta, vendo-o assentir. – Eu gosto de como é agora. _ Admitiu. – O que é da gravidez?
– Não muito, ganhou um pouco de peso, mas é só. _ O encara. – Sabe que não pode reclamá-la, certo? A gravidez está muito avançada, o médico proibiu sexo até que a criança nasça. E depois disso, terá que esperar que se cure.
– Fique tranquilo, Oz. Eu jamais faria qualquer coisa para prejudicá-la, ou ao nosso filho.
– Eu sei. _ Assente. – É só que, isso é muito difícil para mim. Estou me esforçando para lhe dar espaço. Estivemos juntos durante anos, vai demorar um pouco até que eu esteja estabilizado novamente.
– Eu entendo perfeitamente. Me sinto da forma como você me vê, como um intruso. _ Admitiu. – É difícil para mim também, ver a relação de vocês e não ter o mesmo.
– Só precisamos de tempo. _ Toca-lhe o ombro, para confortá-lo. – Vamos nos adaptar e estaremos bem.
– Assim espero. _ Desvia os olhos para Mabel, vendo-a pentear seus cabelos com as mãos. – Foi muito corajoso da sua parte, fugir com ela grávida.
– Você quer dizer que foi uma estupidez. _ Ri. – Sair de um local relativamente seguro, onde tínhamos um médico, para ir rumo ao desconhecido, sem saber se encontraríamos abrigo ou comida.
– Eu vejo como um ato de coragem. _ Deu de ombros. – Eu não faria se estivesse em seu lugar.
– Se estivesse em meu lugar, faria. _ Garantiu. – Eu disse a ela como era arriscado, mas ela queria ir de qualquer forma. Eu sabia que ela não iria sem mim, mas também sabia que jamais me perdoaria se não tentássemos.
– Como eu disse, foi corajoso da sua parte. Abrir mão do mais seguro para cumprir um desejo dela.
– Foi uma tolice. _ Diz rindo. – As janelas foram todas destruídas e me feri no meio de todos aqueles cacos. Devíamos ter voltado naquele momento, mas me forcei a continuar. Se você não tivesse nos encontrados, provavelmente seríamos os primeiros a serem capturados.
– Está se subestimando.
– Não estou. _ Nega. – Senti sua aproximação, sabia que estávamos sendo seguidos, mas não podia fazer nada. Ferido, não podia desfazer meu próprio rastro, desfiz apenas os dela. E Mabel já estava sentindo dores devido ao excesso de esforço físico. Tivemos que parar.
– Eu não sabia dela até que os vi. _ Confirma.
– Era para ela seguir enquanto eu distraia você, mas se recusou a me deixar.
– Isso diz algo sobre seu caráter. _ Murmura admirado.
– Ou teimosia. _ Brinca. – Você não é cego, é?
– Cego? _ Pergunta confuso. – Não.
– Pensei que as toupeiras fossem cegas.
– Bem, são. Mas você não corre tão rápido em sua forma humana.
– Você tem um ponto. _ Ri. – Mas temos algumas habilidades.
– Sim, sua visão e olfato são melhores, devido ao seu lobo. _ Concorda. – Eu posso controlar a terra, formar túneis subterrâneos, sentir as perturbações do solo a uma distância considerável, mesmo em minha forma humana.
– Habilidades impressionantes. _ Admira. – Você deve estar orgulhoso delas, eu estaria. São melhores que as minhas.
– Você tem força e corre mais rápido também e seu animal também é forte. _ Diz surpreso. – Não posso me transforma para me defender, só para fugir.
– Sei que as toupeiras são cegas e se guiam pelo olfato, então o seu deve ser excelente, melhor que o meu. E você também é forte. Ergueu-me em forma de lobo sem nenhum esforço e peso cerca de oitenta quilos.
– Temos braços fortes. _ Admitiu. – Meu animal é covarde. Suas habilidades são melhores para luta, as minhas para fuga.
– Não acho que seja covarde. _ Diz com cenho franzido. – Mas nos completamos, então. Juntos, estamos mais que qualificados para proteger Mabel.
– Não acho que ela concordaria em te deixar.
– Eu sei que não, mas você poderia escondê-la, deixá-la segura, antes de voltar para me ajudar.
– Confiaria em mim dessa maneira? _ Questiona-o emocionado. – Com ela e com sua vida?
– Mabel confia em você, e eu também. _ Adicionou. – Sei que a protegeria e a manteria segura. Ao contrário do que você parece pensar, sei que não é um covarde. Você voltaria para me ajudar, mesmo que eu dissesse que não.
– Coragem ou teimosia? _ Brinca.
– Um pouco dos dois. _ Ri. – Mabel está ficando impaciente.
– Eu notei. _ Diz sem olhá-la, fingindo ignorá-la, como fazia Oz. – Acho que é hora de nos juntarmos a ela.
– Ela quer vê-lo nu. _ Diz divertido.
– Está assim tão evidente?
– Não. _ Ri. – Ela tem um desejo e quer saber se você poderá realizá-lo.
– Você não pode? _ Pergunta curioso.
– Eu não consigo, tenho medo de machucá-la. Eu estive me consumindo durante muito tempo com a ideia de minha companheira estar insatisfeita. Mas eu entendo agora. _ Sorri. – Eu não sou o único, assim, nem todos os seus desejos são para mim. Esse é um dos seus. _ Lhe informa. – E deve haver outros que ela não me disse, por saber que eu não poderia fazer.
– Eu estive preocupado com isso. _ Admitiu. – Em não conseguir satisfazê-la.
– Não se preocupe. _ Toca-lhe o ombro. – Isso me tem trago mais mal do que bem nos últimos anos.
– Eu não consigo imaginar.
– As fêmeas entram em um período de fertilidade uma vez por ano. Chamam ciclo de calor, costuma durar de três a cinco dias. Como seu companheiro, meu corpo reage à necessidade do dela, mas sempre foi algo muito difícil para nós dois.
– Cinco dias. _ Murmuro espantado.
– Durou cinco dias apenas uma vez. _ Continuou. – Geralmente pareço um morto-vivo depois de três dias. No quinto dia, eu já não conseguia me mexer, estava duro, mas não podia fazer nada além de ficar estendido na cama e ela já estava muito dolorida. Foi horrível, traumático. Fiquei sem tocá-la por meses, mesmo depois que se curou.
– Entendo, agora entendo.
– Por isso digo que você não precisa se preocupar. Cada um tem seu lugar.
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Metamorfos - Lobos e Toupeiras
RomanceFugir era uma péssima ideia, ele sabia disso, mas nunca soube dizer não a ela. Agora estava ferido demais para proteger sua companheira e seu filho ainda no ventre, tinha caçadores atrás deles e tudo o que podia fazer era confiar em um estranho. Um...