E dois anos se passara, a metade da vila já sabia da doença de Jaci. Não que sua mãe tivesse contado para todos, e muito menos o pajé, afinal, não gostaria de amedrontar sua t tribo. Contudo as anciãs sempre sabiam de tudo, e eram as famosas fofoqueiras, apesar de ter demorado para chegar aos ouvidos das mesmas.
Nem jaci sabia da sua doença, só percebeu quando ela passava e as pessoas se afastavam de perto dela. Não que isso fosse estranho, todos sempre a rejeitaram, por ela aparentar ser melhor em tudo. Mas dessa vez os olhares eram diferentes, eram de medo.-Eu quero saber o que está acontecendo - O Tom de voz, já não era mais tão doce como era costumeiro nas palavras de Jaci, era como se fosse uma pequena mulher enraivada por estar sendo enganada-Todos estão com medo de mim, ninguém nem sequer fala comigo. Nem mesmo meu tio. O que há de errado?
O silêncio toma conta do rio em que sua mãe estava a lavar roupas, angustiada, uma angústia que não conseguia esconder, estava até em seus gestos ao esfregar uma peça.
-Jaci querida porque está gritando desse jeito -como sempre, a mãe age como se nada tivesse acontecido- Não tem nada de errado com você minha pequena. Você é perfeita.
-Não minta para mim. Eu posso ser nova, mas você sabe muito bem que meus pensamentos não são equivalentes a minha idade.
-Esta bem jaci, não vou conseguir te proteger para sempre.Você tem Omsitua Jaci. O nosso Deus não te abençoou. Talvez seja porque o seu pai não era daqui. Você não vai passar dos 15 anos, e você já tem 7. As anciãs irão te levar, e eu não tenho como impedir isso. Esse destino não fui eu que escolhi para você. Por isso você é tão evoluída.é a única coisa que os Deuses podem fazer para quem tem essa maldição. Viva tudo antes das 15 luas e assim não sofrerá por sua morte precoce.
-Como vou viver tudo antes dos quinze? vocês só podem estar malucos. Eu devia proteger a tribo. Vocês me fizeram participar daquele ritual com aquele monte de meninas muito mais velhas do que eu atoa? Ou a intenção sempre foi me matar durante o ritual?
- Não jaci, eu nem sabia da doença, talvez a intenção do pajé fosse essa, mas eu não tinha como saber. Para mim, você sempre foi perfeita, eu tenho orgulho de você, das suas habilidades avançadas. Você é especial minha pequena jaci, não é um problema ser quem você é. O pajé só tem medo que você sofra com a doença, e fique aprisionada pra sempre com o deus do omsitua.
-Deus do omsitua? você sabe bem que eu não acredito nisso, não acredito no deus do sol e da lua, acredito em mim e no que eu, somente eu posso fazer.acredito na no homem do casco, que fundou tudo isso aqui, ele sim protegeu a tribo. um homem, talvez com um pouco de magia, mas um homem, e não um Deus da cabeça de vocês.
-Isso já não importa agora, você pode até não acreditar, mas todos os outros acreditam. Vão querer te levar para o alto de dedaip para viver até ser morta por uma fera, sera menos doloroso do que doer por causa da doença;
- Então é isso o que você quer? me deixar la para morrer sozinha? eu sempre esperei mais de você mama, foi outro erro da minha parte.
-Eu vou te levar embora da tribo. Vou me oferecer para leva-la. não deixarei você em dadeip, deixarei em anuibi, foi de lá que veio o homem do casco. tem bruxos por lá procure-os e peça ajuda.talvez viva um pouco mais depois dos 15.
-Mas você vai ser morta por isso, nem sei se as bruxas irão me aceitar.
-Isso só você vai descobrir, e quanto, ficarei viva, e se morrer sera por você. O pajé confia em mim. ele vai me deixar leva-la. por piedade, ele deixara. Amo você minha pequena jaci.
-Também te amo mama. Obrigada por tudo.
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A Magia Do Autismo.
FantasíaJaci Guaxu é uma menina que nasceu na tribo dos corumbataís nos anos de 1690. Ela foi diagnosticada com a doença do omsitua pelo pajé de sua tribo, e abandonada por sua mãe na grande mata de anuibi com cinco anos de idade para morrer.Mas, durante a...