- Eu já disse que não quero falar com você! - Falei ríspida para Thomas que me seguia pelos corredores da faculdade.
Como eu pude achar que ele me deixaria em paz?
Pensei que sua brincadeira já seria o bastante para ele, mas pelo visto eu estava errada.
A manhã toda passei me esquivando dele, que me perseguia entre os intervalos das aulas para falar comigo. Eu já estava de saco cheio, faltava pouco para eu enlouquecer.
O filho da mãe, parecia um pouco perturbado, com olheiras fundas nos olhos e cabelo bagunçado, bem diferente de como ele estava na foto que me mandou no dia do encontro.
Thomas passou a mão pelo cabelo enquanto a outra estava no quadril, eu não sabia dizer se ele estava irritado ou envergonhado.
- Nós precisamos conversar, Camila. - Ele me disse, seguindo o mesmo caminho que eu. Continuei a andar sem olhar para seu rosto, fingindo que ele não existia. - Para de fugir de mim e me ouve por pelo menos um minuto, porra!
Ao ouvir aquilo, parei de repente. Ele não havia percebido que eu tinha parado e seu corpo se chocou com o meu, cambaleiei para frente com impacto.
Thomas segurou em meu braço para eu não cair e assim que encontrei o equilíbrio necessário me desvencilhei de sua mão.
Olhei no fundo dos seus olhos e me aproximei cada vez mais, ele se afastou percebendo minha expressão, que naquele momento era de puro desgosto.
- Você quer conversar? Muito bem, vamos conversar. - Apertei meus livros contra o peito com meus braços e o encarei fixamente, nenhum de nós se quer piscava. - Você me deixou te esperando por horas naquele maldito restaurante, me humilhou mandando aquela foto numa balada enquanto eu, uma grande idiota e bêbada, tive que voltar para casa a noite, sozinha e na chuva. Ainda bem que tive um pingo de consciência e liguei para alguém me buscar, se não, eu estaria até agora na rua procurando o caminho de casa. Então, Thomas, - Falei seu nome pausadamente, com um ódio crescente do fundo da garganta. -Do que você quer falar? De como eu sou ridícula por acreditar em você ou do ângulo da foto que você me mandou?
Esperei sua resposta em silêncio, ele parecia formular frases, mas elas não saíam de sua boca. Torci os lábios em uma risada amarga.
- Se eu te falar o que realmente aconteceu você não iria acreditar. - Thomas falou baixo.
Olhei para ele perplexa.
-É claro que eu não vou acreditar! - Gritei para ele, as pessoas passavam e cochichavam sobre nós e a nossa pequena confusão. Talvez minha amiga não era a única capaz de brigar com o "namorado" na frente da faculdade inteira. - Eu perdi toda a confiança que eu tinha em você. Quer dizer, eu nunca tinha que ter confiado em você. A final, desde que você descobriu minha paixão adolescente fez questão de me tratar como um lixo.
- Se você me deixar explicar melhor...
- Thomas segurou meu ombro e eu me afastei.- Não encosta em mim. Eu não vou pedir de novo, fala o que você tem pra falar e some da minha frente.
Thomas coçou a nuca e olhou para a esquerda, direcionei meu olhar para a mesma direção e lá estava seu grupinho de amigos populares e igualmente babacas, rindo de nós, ou apenas de mim por está caindo mais uma vez na conversa fiada dele.
Hoje não.
Mandei o dedo do meio para eles que no primeiro momento ficaram chocados, mas logo recobraram a consciência e fecharam a cara.
Alguém me chamou de vaca.
Dei de ombros e me voltei novamente para Thomas, que estava corado de vergonha.
- Podemos conversar em um lugar mais reservado?
- Não, ou você fala aqui ou não fala.
Escolha sua, mas eu tenho pouco tempo, vou me atrasar para meu trabalho.
Seus ombros caíram em derrota e eu ergui uma sobrancelha para ele.
Era estranho está nessa situação.
Nunca que eu imaginária que Thomas Lincoln estaria me perseguindo feito cachorrinho implorando perdão.
Bom, implorando ele não estava, mas às vezes é bom sonhar. Além do mais eu nunca estive tão confiante sobre mim mesma do que agora, eu não sabia se motivo para tudo isso era minha raiva ou se eu havia amadurecido o suficiente para não tolerar os joguinhos dele.
Thomas umedeceu os lábios antes de falar:
- No dia do encontro tive que levar minha mãe no médico, ela havia marcado de última hora, inseminação. - Ele deu de ombros. - Ela quer mais outro filho. Enfim, cheguei tarde em casa cansado, era para eu ter desmarcado o encontro.
- E pra isso você teve que me mandar uma fota sua curtindo em uma balada? Belo modo de fazer isso. - O interrompi, Thomas suspirou e sorriu com certa tristeza.
- Deixei meu celular na casa doa meus amigos. Àqueles amigos. - Ele apontou para direção dos caras que a poucos minutos estavam rindo da gente. - É uma foto antiga. Tentei te achar ontem para explicar que meu celular havia sumido, mas meus queridos amigos me entregaram o celular e eu vi a mensagem que eles te mandaram. Me desculpe, eu me sinto horrível por isso ter acontecido, especialmente com você, queria começar da maneira certa, não começar... Na verdade eu queria recomeçar. Mas pelo visto não deu certo.
Após terminar de falar Thomas desviou o olhar e encarou o chão. Ele esperava uma resposta.
- Bom, se era tudo isso eu espero que agora você me deixe em paz. Preciso pensar.
- Claro. - Ele respondeu e se virou, seguindo em direção contrária com as mãos no bolso da calça jeans azul.
{...}
- Não sei, Lana. - Disse com a voz embargada para minha amiga que tentava me consolar pelo outro lado da ligação. - Eu realmente não sei o que fazer em relação a ele.
Eu estava a 15 minutos chorando sem parar no banheiro da BMT.
Era uma merda gostar tanto de uma pessoa ao ponto de não saber o que fazer em relação aos erros dela.
- Amiga, você tem que parar de dá moral para esse cara. Não importa se foram os amigos dele que fizeram isso, se afasta. Olha o que ele tá fazendo com você, é tão raro você chorando por aí, principalmente por causa de homem. Você pode perdoar ele, mas é só isso, perdão. Segue sua vida.
- Desde quando você é quem me dá concelhos amorosos? - Perguntei rindo, mas com uma certa indignação.
- Desde que você começou a ter uma vida amorosa ativa. Tenho experiência nessas coisas, vai por mim. -Ela disse me fazendo rir.
Só ela mesmo para me fazer sorrir em um momento como esse.
Peguei o papel higiênico e limpei as lágrimas em meus olhos.
- Droga. - Olhei para o papel com o todo o meu rimel borrado pelo choro.- Tenho que ir, o dever me chama.
Ouvi um grito ao fundo, Lana devia está trabalhando na loja hoje.
- Tchau, gatinha. E lembra do que eu falei.
Me despedi e fui para minha mesa.
Meu celular vibrou indicando alguma mensagem.
Era o Peter:
"Confraternização dos funcionários. Hoje. Te pego em casa. Oito horas, esteja pronta. Vamos arrasar os corações dos homens. "
Sorri para meu amigo que estava ao meu lado.
- E aí? Vamos? - Ele me perguntou.
- Lógico.
{Olha eu aqui de novo!!!
Mas um capítulo terminando.
Votem e comentem.
XOXO}
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As batidas que a vida dá
FanficA verdade é que Camila nunca acreditou em destino ou em sorte, tudo conspirava contra ela. E é em um nesses dias azarados que sua vida vira de cabeça pra baixo e ela se vê ainda mais atolada em problemas. E um desses problemas se chama Joel Pimente...