Capítulo quinze

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Então esse seria meu primeiro dia como assistente pessoal do Joel e eu estava aterrorizada.

Caminhei rapidamente até chegar em frente à porta da sua sala, era tudo tão diferente, a sensação era diferente, parecia que a partir de hoje ficaríamos mais próximos do que nunca.

Respirei fundo uma última vez antes de estar cara a cara com o homem que não saia da minha cabeça.

Olhei em volta da sala e nenhum sinal dele, estranho. Joel sempre era um dos primeiros a chegar. Suspirei, não era agora que eu teria que falar com ele, melhor assim.

Comecei a dar a volta para ir até minha mesa na recepção quando escuto um barulho, ergo as sobrancelhas e olho mais uma vez em volta da sala, o barulho vinha daqui, mas ao mesmo tempo não vinha. Okay, eu estou ficando louca.

Mas não, a barulho voltou e dessa vez consegui identificar de onde ele saia. Caminhei devagar até uma das paredes onde estava uma imensa estante com diversos livros, olhei em volta e vi uma abertura, puxei com cuidado e a estante virou uma porta secreta. Sério, eu estava me sentindo o próprio Sherlock Homes.

Revirei os olhos, Joel só tinha essa estante para usar como entrada de um esconderijo, típico dele, nem sei como fiquei tão surpresa com isso.

O barulho se intensificou, percorri um pequeno corredor até chegar no lugar.

E que lugar.

Era uma sala de jogos, uma sala de jogos bem maneira, daquelas que você quer ficar horas só jogando. E no meio dessa sala estava Joel, jogado em um sofá, os cabelos bagunçados e totalmente concentrado em algum jogo, olhei para a televisão e comecei a rir. Joel Pimentel estava jogando Minecraft, por essa eu não esperava.

Joel se assustou com minha risada de pato engasgado e se levantou em um pulo, e foi aí que eu caí na gargalhada. Sei que naquele momento ele me encarava furioso, mas a única coisa que eu conseguia fazer era rir cada vez mais.

-O que diabos você está fazendo aqui? - Ele correu até ficar do meu lado e puxou minha mão para que eu o acompanhasse até o seu escritório. Seu rosto estava vermelho, eu não saberia dizer se era de vergonha ou de raiva, mas com certeza eu estava gostando de apreciar aquilo.

-Estava te procurando. - Respondi rindo com toda situação. - E acabei te encontrando em uma sala de jogos totalmente concentrado em matar uma galinha no minecraft, desculpa mais foi demais para mim, principalmente a parte em que você se levantou assustado.

Ele revirou os olhos.

-Não era para você estar lá, ninguém em todos esses anos descobriu sobre esse esconderijo e você em seu primeiro dia como minha assistente consegue essa proeza. Sua enxerida.

Olhei para ele chocada.

-Olha aqui, eu não sou enxerida, só estava te procurando, qualquer idiota consegue descobrir essa passagem nem um pouco secreta. - Encarei Joel nos olhos – tenho certeza que até a Nina sabia disso, só não falava porque queria que você continuasse se achando o próprio espião da FBI que tem uma base secreta. Sério, Joel. Uma porta que é uma estante? Nem um pouco original. Você ao menos leu algum desses livros?

Joel passou a mão pelo cabelo, um sinal de que estava irritado, meu sorriso se alargou ainda mais. Era muito satisfatório irritar ele.

-Pra quê eu vou ler esses livros no trabalho se eu posso fazer isso em casa? - Joel retrucou.

Ergui as sobrancelhas e apontei com a cabeça para o "esconderijo 100% secreto do meu chefe".

-Mais jogar minecraft no trabalho pode, né? Interessante. Acho que todo mundo pode saber disso também. - Me preparei para dá a voltar para sair da sua sala quando sinto sua mão no meu braço me puxando em sua direção.

Meu corpo ficou automaticamente quente, o que sempre acontece quando eu estou perto dele. Mas dessa vez tinha algo a mais, quase uma competição interna entre nós, quem suportaria mais tempo a essa atração.

Me afastei e Joel pareceu perceber o que havia acabado de acontecer, limpando a garganta, ele disse:

-Talvez possamos entrar em um acordo, para que você não conte nada a ninguém. E assim todos saímos ganhamos.

Fingi pensar no assunto.

-Não sei, acho que eu ganharia mais te expondo para todos os seus funcionários. - Acariciei meu queixo e o olhei ao redor da sala. - Além do mais, se bem me lembro, da última vez que fizemos um acordo eu acabei aqui, trabalhando para você. Então, obrigada, mas passo.

Joel voltou a se aproximar.

-Ah, mas você não sabe o que está perdendo.

E em um momento de loucura e pura adrenalina me aproximei ainda mais dele. Sua respiração estava pesada e eu tive que me segurar para não pular em cima de Joel.

-E o que eu exatamente eu estou perdendo? - Meu Deus, meu plano era ficar longe dele e a primeira coisa que faço como sua assistente é flertar com ele. Parabéns para mim.

-Você está perdendo tudo, querida. - Joel segurou uma mecha de cabelo entre seus dedos e naquele momento eu simplesmente poderia ter explodido.

ALERTA VERMELHO, SUA OTÁRIA. SAÍ DAÍ AGORA MESMO.

-Tudo não parece ser o suficiente para mim, acho melhor não haver acordo dessa vez. Será bem mais divertido te expor, assim todo mundo vai saber que você não é tão durão como parece. - Dei um passo para trás, sorri para ele de uma forma inocente.

Me virei para sair, mas antes de ir, falei sobre o ombro:

-Aliás, há uma papelada enorme na sua mesa para você analisar e assinar, tenha um bom dia.

Camila 1 vs Joel 0

Talvez eu conseguisse lidar com ele, afinal. 



Mais tarde, naquele mesmo dia meu celular tocou na escrivaninha, eu já estava deitada, mas não conseguia dormir, como sempre.

A mensagem era dele. Mas, a essa hora?

"Talvez você possa manter seu silêncio e em troca, poderá usar minha sala de jogos na hora que quiser por tempo indeterminado."

Sorri, aquilo parecia ser interessante e inofensivo, mas se tratando de Joel Pimentel, eu deveria tomar o máximo de cuidado possível.

"Pensarei no assunto." Respondi.

Guardei o celular e me afundei no travesseiro fofo enquanto adormecia pensando nos seus olhos. 


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Esse capítulo foi feito ao som de Arctic Monkeys  kkk amo

Obrigada a todos que estão acompanhando a história!

bjs <3


As batidas que a vida dáOnde histórias criam vida. Descubra agora