Prólogo

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E assim começou mais um dia nessa minha droga de vida:

Eu acordei atrasada para a escola, em um dia de prova, e estourei o zíper da minha mochila tentando fecha-la.

Me vesti o mais rápido que pude e saí pela casa como uma louca, à procura dos meus tênis, só para depois encontrá-los de baixo da minha cama.

Tranquei a porta da sala e o portão da garagem, então corri pelas ruas como uma desesperada, mas era tarde demais, o meu ônibus já estava virando a esquina e indo embora.

- Droga!

A escola não era muito longe, mas a pé eu com certeza me atrasaria.

Olhei de um lado para o outro, tentando pensar em uma solução.
Talvez desse tempo de pegar o ônibus circular.

Peguei minha carteira de dentro da mochila e tirei a única nota de dinheiro que havia lá dentro. Com alguma sorte ainda sobraria uns trocados para um lanche no intervalo.

Assim que o pensamento passou pela minha cabeça um vento forte soprou e levou a minha nota para longe.

Corri atrás dela, tropecei no meu cadarço, e mesmo tentando me equilibrar, caí de bunda no chão.

E como se tudo aquilo não bastasse, um carro parou a poucos centímetros de mim, quase me atropelando.

A única coisa boa nisso tudo foi que no último minuto eu consegui pegar meu dinheiro de volta.

Me levantei, deixando todo o meu orgulho ali naquele chão, e corri até o ponto de ônibus.

Se aquele havia sido um reflexo de como seria o meu dia, então eu estava mesmo ferrada.

Consegui chegar na escola um instante antes de fecharem o portão e fui direto para a sala de aula, completamente bagunçada, com a mochila estourada, com fome e ofegante.

Minutos depois lá estava eu, concentrada na minha prova, tentando me lembrar de alguma coisa qualquer que me ajudasse a responder aquelas questões.

Nada fazia sentido naquela merda e, por algum motivo, o universo estava conspirando contra mim naquele dia.

Eu não estava querendo repetir de ano e se eu não acertasse metade daquela prova as chances disso acontecer seriam grandes.

É claro que havia formas de recuperar a nota, mas não seria nada fácil, principalmente porque os professores não gostavam de facilitar a minha vida.

De repente escutei alguém chamar meu nome, levantei a cabeça e vi a professora me encarando.

- Amy, venha aqui, por favor. - ela pediu.

Franzi a testa e olhei em volta, para ter certeza de que era comigo.

Ela fez sinal com a mão para que eu fosse até lá e eu me levantei com as pernas tremendo de medo.

Todos estavam olhando para mim e eu não fazia ideia do que ia acontecer.

Eu não havia feito nada de errado, pelo menos não que eu me lembrasse, então por que a professora estava me chamando?

- É para você ir até a diretoria. - ela disse em voz baixa - Parece que tem alguém que quer te ver.

Fiquei ainda mais confusa.
Por que raios alguém ia querer me ver? E mais: Quem queria me ver? Meus pais estavam trabalhando.

Andei devagar pelo corredor, querendo adiar aquilo o máximo possível, apesar da curiosidade.

A curiosidade mata o gato, não é o que dizem? Eu não queria morrer, aquele dia já estava sendo ruim o suficiente.

Quando cheguei à porta da diretoria encontrei três homens estranhos vestidos com uma roupa que parecia uma túnica ou algo assim.

Os três seguravam um cajado estranho com uma pedra em cima, uma era azul, uma vermelha e a outra amarela.

Olhei para a diretora, que parecia ainda mais confusa do que eu, e esperei por uma explicação, mas ela não disse nada.

Quando os três homens me viram eles se levantaram das cadeiras e se ajoelharam no chão na minha frente.

- Majestade... - eles disseram em uníssono.

Arregalei os olhos surpresa.
Aquilo só podia ser algum tipo de pegadinha.

Olhei atrás de mim, mas não havia mais ninguém ali.

Eles estavam se ajoelhando para mim? Por quê?

- O que... Está acontecendo? - eu perguntei para a diretora.

Os três se levantaram e o mais alto, da pedra amarela, deu um passo em minha direção.

- Viemos levá-la para casa. - ele falou.

- Me... Levar pra casa? Por quê? Eu estou no meio de uma prova. Aconteceu alguma coisa com os meus pais?

O homem franziu a testa.

- Nada disso importa mais, criança. Você é a rainha prometida, a reencarnação de nossa deusa. O seu reino está em perigo e nós precisamos de você.

- Meu reino? Do que é que você está falando? É alguma peça de teatro? Porque eu não sou muito boa nessas coisas.

Os três homens se entreolharam, então ele voltou a falar.

- Nós somos magos de um reino no Egito. Você é a reencarnação de uma deusa rainha e nós viemos aqui para te levar para o seu reino para que possa nos liderar na guerra contra os mortos.

- O quê? - comecei a rir - Fala sério? O que significa isso? Diretora será que eu posso voltar para a minha sala?

A diretora balançou a cabeça.

- Precisa ir com eles. - ela falou apática, como se estivesse alheia à situação.

O que será que estava acontecendo com todo mundo? Será que haviam ficado loucos?

- Enfeitiçamos a sua diretora. - o outro homem da pedra vermelha falou - Essas pessoas não entendem a nossa missão, mas você precisa vir conosco. Logo se lembrará de suas vidas passadas, mas não temos tempo para esperar.

- Eu não vou com vocês. - falei dando um passo para trás.

Aqueles caras eram malucos. Provavelmente haviam fugido de algum hospício por ali. E com a sorte que eu estava vieram justo atrás de mim.

Porém, antes que eu fugisse, o homem da pedra vermelha levantou o cajado e então tudo escureceu.

O Reino Perdido De ÍsisOnde histórias criam vida. Descubra agora