A Face Do Coração | Trilogia: Faces | Livro II

Capítulo 14 - Armadura

RAQUEL BRANDÃO

Eu não podia acreditar no que estava fazendo, olhei para o GPS e balancei a cabeça

Dá meia volta, faz isso não

Eu tinha mandado uma mensagem para o Fernando logo após a sua saída, ele me enviou o endereço dele, eu estava cometendo um erro, mas não conseguia me impedir, se ele ia embora, eu precisava pedir desculpas ou... Deixar que ele vá numa boa, sem pensar mal de mim

- Ah Raquel - resmunguei - Volta para a casa, você não necessita disso, ele que estava errado! Pedir desculpas? - dei uma risada nervosa

Eu não iria demorar muito, seria algo rápido, uma conversa entre dois adultos, não quero que sejamos inimigos

Somente isso!

Olhei para o GPS e constatei que estava próxima, fiquei nervosa instantaneamente, a vontade de ir embora era grande, mas o medo era maior

Medo de que? Eu não sei...

Eu estava dirigindo lentamente dentro do condomínio, pelas graças do bom Deus, o porteiro liberou minha entrada, para ser mais exata, Leonardo aceitou a visita, ele deveria estar rindo agora, porque eu vim até aqui

Melhor voltar

Estacionei meu carro em frente ao prédio que me foi indicado, saí do veículo e me aproximei das portas giratórias, empurrei e entrei no prédio

Havia uma recepção, como se fosse um hotel, mas não precisei me aproximar, ele estava ali, sentado em uma das poltronas no canto da parede, me encarou e se levantou, vindo até mim lentamente

Argh! Odeio ele

Ele vestia uma calça cinza de moletom e uma blusa regata branca, que abraçava muito bem seu peitoral, minha armadura voltou, era assim toda vez que eu olhava para Leonardo Oliveira, ele era bonito de se olhar, andava elegantemente, seu olhar... Tão intenso, eu tinha tanto medo dele

- Raquel - a voz dele, o som era espetacular, rouca, no tom certo, nem uma nota a mais, nem uma nota a menos

- Leonardo - a minha voz parecia horrível comparada com a dele, me irritei imediatamente, eu odeio ele

- Vamos subir - ele estava sério, somente se virou e foi até o elevador, que não demorou muito a chegar, entramos e lá havia um homem trajando um uniforme, o mesmo da moça da recepção

- Qual andar? - o moço desconhecido perguntou

Leonardo nada falou, ele entregou uma chave para o homem, que a encaixou em um compartimento, conduzindo o elevador direto para o último andar, Leonardo pegou sua chave de volta e nós subimos em silêncio

Eu até moro em um condomínio legalzinho, mas esse aqui...

Nós chegamos ao nosso destino, deixamos o moço do elevador sozinho e entramos no corredor estreito, ao lado da porta de madeira escura, havia uma fechadura digital, ao invés de digitar uma senha, Leonardo posicionou seu dedo no painel, e a porta se abriu

Ok né!

- Entre - ele me deu passagem, assim o fiz, olhei ao redor contemplando a bela decoração, cinza, preto e branco, era a cara do Leonardo, parecia o apartamento de um playboyzinho, eu não acharia lugar melhor para ele

- Esse apartamento é muito bonito - comentei

- Que bom que gostou - ele respondeu

Parei de apreciar o projeto criado por algum arquiteto e olhei para Leonardo, ele parecia perfeito, o sorrisinho que ele possuía mostrava que estava contente com aquela situação, mais uma vez, me senti irritada