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Namjoon ouviu sua mãe chamá-lo no andar de baixo. O cheiro de carne assada chegou até seu nariz no momento que seus pés tocaram o último degrau da escada.

"Algo de errado, querido?" A mais velha perguntou, vendo a forma com que seu filho olhava pra comida.

"Eu acho que vou-" o garoto correu até a parte de fora da casa, sentindo seu estomâgo revirar e sua bile forçar tudo que havia em sua barriga para fora.

"Vamos ter de sair para caçar, filhote" ela acariciou suas costas, ajudando-o a colocar tudo para fora.

"Mas você disse-" a mulher suspirou, olhando de relance para o céu nublado.

"Eu estava enganada" Namjoon se calou e observou a mancha vermelha que se espalhava entre seu vômito.

"Isso é-" o adolescente sequer sentiu quando mais sangue escorreu por sua boca. Não havia dor, apenas uma sensação amarga de vazio.

"Seu lobo está faminto" ela explicou, olhando com cuidado para o filhote. "Sua forma de lobo ainda é muito jovem, então eu vou caçar para você. Temos de voltar antes do anoitecer."

Namjoon a seguiu com passadas curtas, limpando o canto de seus lábios enquanto esperava sua mãe retornar do andar de cima. Sua garganta queimava e suas presas doiam, querendo crescer em sua forma humana.

"Vou deixar um bilhete para o seu pai" ela comentou, antes de colocar um pequeno papel na bancada e seguir em direção a porta. "Em momento algum, deixe o meu lado, Namjoon."

"Eu não vou" o garoto assentiu. Em um piscar de olhos sua mãe se transformou e acenou para que ele também mudasse.

Foi um pouco doloroso, uma vez que sua forma de lobo era pequena e seu corpo era obrigado a recolher seus ossos durante sua transformação. Quando Namjoon abriu seus olhos, se deparou com a linda visão da floresta a sua frente. As plantas e animais ganhavam ainda mais vida naquela forma.

"Estou sentindo um cervo" a loba farejou o chão abaixo de seus pés. "Venha, filhote. Há comida por perto."

Ele grunhiu em resposta, seguindo a mãe enquanto se escondia por entre a vegetação. O filhote acabou se distraindo ao ver uma rastra fofinha e peluda correndo por entre as folhas.

Seu pequeno nariz cheirou e seus dentinhos se afiaram, em um pequeno salto ele alcançou o coelho e o prendeu contra seus dentes. Ele o sufocou até o ponto que ele estivesse abatido. Grunhindo ao ver que era muito pesado para carregar no seu pequeno focinho.

"Você vai ser um bom caçador, querido" a loba se aproximou enquanto arrastava um cervo por entre os dentes. O filhote cheirou e mordeu um pedaço da caça de sua mãe. "Só não se afaste tanto da próxima vez."

Ela se abaixou e começou a compartilhar da carne fresca com seu filhote. Suas orelhas centradas no ambiente ao seu redor. Um som de galhos quebrando veio da direita e a fez ficar atenta. O som de uma arma sendo recarregada veio em seguida. O mais rápido que pode a loba pegou o filhote por entre os dentes e correu.

O primeiro tiro veio a atingir sua perna de raspão, fazendo-a grunhir abafado. O segundo bateu em um árvore. No terceiro, ela sabia que não aguentaria muito tempo, então arremessou o corpo do filhote por entre as plantas.

Namjoon choramingou e se encolheu por entre as raízes de um grande árvore. O filhote viu quando o corpo de sua mãe alcançou o chão.

"Procurem pelo filhote!" Um deles gritou.

"Mas chefe- é um crime caçar na reserva!"

"A pele de um desses vale milhões!" Ele apontou suas espingarda para o corpo da loba. "Um filhote vivo tem um preço inestimável!"

O filhote se encolheu em seu esconderijo, vendo quando o corpo de sua mãe foi colocado em uma rede e levado para longe. Os olhos azuis dela brilhavam em sua pequena cabeça. Um grunhido dolorido escapou de seu focinho ferido.

Quando eles já estavam longe, Namjoon correu e usou o anoitecer como seu aliado. Sua forma mudou para humana e ele sequer parou para se importar com sua nudez. Ele correu até alcançar sua casa, quando os braços de seu pai o cercaram em um abraço cuidadoso, soube que tudo ficaria bem. Namjoon estava em casa. Ele estava seguro agora e os caçadores nunca o alcançariam de novo.

Quando fosse grande e forte, acabaria com todos eles. Por entre seu choro, jurou. Não como filho ou homem, mas como um lobo.

FILHOTE DE LOBOOnde histórias criam vida. Descubra agora