À Despedida ao Teatro

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Um dia, quis ser ator de teatro
E voar tão alto
Onde não se pode enxergar
Quis ser filho pródigo da arte
Quis subir ao palco
E subestimar o mundo
Como criança infame
A concepção pecadora de enlear tal arte
Me valeu sorrisos irônicos
De cruéis comediantes
Que se esquivam em virtudes ensaiadas
Hoje o teatro vaia minhas pretensões
E eu, tão pouco mudado
Tenho apenas altos os meus sonhos
Interpreto na vida o trágico sentido
Que exaspera o pensamento
No porvir que é motejante encalço do silêncio
E deixa tolas as vaidades incessantes
Para remediar meus costumes inconscientes

Ah! minh’alma teatral e desonesta...
Quer ser arte e não ser artista
Quer ser fonte e não ser nascente

Ah! minh’alma teatral e desonesta...
Já me priva de meu anseio
E padeço estupidamente
Numa cidade sem sonhos

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