Black - O livro das feras (Em Andamento)

3 - Dragão Negro

   Não tinha jeito, a missão não poderia ser adiada, aquelas seriam as condições do campo de batalha. Em uníssono as guerreiras falaram diferentes nomes que fizeram suas espadas reagirem como a de Maria, agora pelo menos tinham mais luzes.
   O dragão negro levantou e agitou as asas levantando toda a poeira naquele lugar. Com um sinal rápido das mãos de Maria, as garotas investiram contra as asas da fera, que na intenção de contra-atacar proferiu oque parecem encantamentos em seu idioma e a poucos centímetros de suas asas, as Valquirias são arremessadas de volta ao chão. 

   Edgar se sentia desorientado para aquilo, afinal sua intenção numa foi estar no meio do combate, no entanto se esconder atrás de alguma construção poderia resultar em um encontro com mais toupeiras.

   Mesmo com as garotas caídas a poucos centímetros de si, o dragão mantinha o olhar firme em Maria, como se a líder do grupo fosse a única ameaça real no local. Era hora de fazer algo, Maria girou sua lâmina e colocando-se em postura de combate avançou em direção ao alvo.

    Agora era óbvio o medo no dragão, que recuou um pouco para atrás e girou sua calda para frente destruindo tudo ao redor. Edgar teve poucos segundos para se jogar pra trás, mas Maria apenas pulou o ataque como se fosse brincadeira. Distraído com A líder, o dragão esqueceu das outras três próximas a ele, que não exitaram em aproveitar a abertura na defesa. Aquelas garotas não podiam ser humanas, dilaceraram a fera de baixo para cima arrancando membro por membro, ignorando o duro osso de dragão,  quando só haviam cabeça e tronco unidos, em um salto Maria aterrissou os separando em um golpe impiedoso.

-Acabou. - Virou para trás e sorriu para Edgar. - Faça oque bem entender agora.

   Mas agora que o dragão estava morto, perceberam o local onde estavam. Uma área aberta e cercada de escuridão, não podiam ver nada nos arredores a não ser centenas de olhos vermelhos brilhando, não havia mais uma fera para amedronta-los, e como não tinham percepção alguma de combate ou inteligência, as mulheres lhes pareciam alvos fáceis.

- Topeiras degradadas. - Em uma velocidade impressionante, Maria avançou para o lado de Edgar. - Complete sua missão, daremos cobertura enquanto trabalha.

   O ferreiro correu até os destroços do dragão já retirando a mochila das costas. A ideia inicial era fazer uma arma com ossos de dragão, mas as circunstâncias pediam mudanças de plano. Retirou uma adaga de aço da mochila e cravou na cabeça decepada do monstro.

- Do pó veio e para o pó voltará, mas sua alma imortal aprisiono em um novo corpo, me empreste seu poder e continuará vivo e a lutar. - Proferindo essas palavras, a adaga  brilhou com intensidade o suficiente para iluminar todo o lugar de uma só vez, dava pra ver tudo agora. A adaga tinha sido muito pequena para um poder tão grande, então o restante estava sendo liberado em forma de luz.

  Aproveitando a oportunidade como sempre, as Valquirias correram ao redor matando toda as topeiras que não fugiram  da luz forte.

- Quanto tempo essa luz vai durar? - Isabel parecia cansada, todas as guerreiras respiravam pesado agora, menos Maria.

- Eu acho que mais uns dez ou quinze minutos.

- Comandante, acho que é tempo o suficiente pra sair das ruínas.

- Logo agora que eu estava gostando daqui? - Pela primeira vez durante toda a viagem, Maria apresentou algum senso de humor, se é que realmente estava sendo sarcástica.

   Com a ajuda do brilho da alma do dragão, atravessaram todo o caminho até a saída em segurança.

- Edgar, todos os ferreiros de almas fazem algo assim para concluir os estudos? - Pela sua expressão,  Isabel parecia impressionada com isso.

- Todos nós somos obrigados a forjar a alma de um dragão negro em uma lâmina, mas poucos terminam a missão. Durante o treino aprendemos a ter orgulho de nosso trabalho acima dos outros, nos ensinam que não precisamos depender de ninguém no que fazemos, independência...  Mas achei isso ridículo e decidi procurar um grupo para fazer isso depois que três parceiros da academia morreram para filhotes de dragão negro. Já contando comigo, apenas três pessoas no país merecem esse título atualmente.

- Talvez a última missão seja reconhecer seus limites.

- Eu nao tinha pensado dessa forma.

Após um dia de viagem, os cinco retomaram à capital do leste e Edgar recebeu seu título de ferreiro de almas, aliás, o único de 47 alunos que concluiu a última missão da academia.