- Como puderam ver lá fora, o alvo deles está claro… Não atacaram o cidadãos, ou invadiram qualquer propriedade, vieram direto ao castelo, onde meus guardas os mataram. E ninguém consegue me dizer como entraram na cidade. - O rei fez uma pausa e se sentou para novamente encarar os dois. - Edgar, você sabe o porquê de eu ter te chamado aqui, tenho adiado esse momento o máximo que pude, mas preciso de você agora.
- Eu entendo...
- Você partirá com meus homens ao anoitecer, matará um dos mortos prisioneiros no acampamento e interrogar a alma, se é que eles tem alguma. É simples, apenas descubra oque querem e oque é o Líder deles, e então volte pra cá.
- Como desejar. - Edgar respondia em tom seco e sem olhar o rei, tudo oque fosse pedido pelo rei, não era um pedido, era uma ordem e teria que acatar.
- Jovem Black, a anos não o vejo.
- Majestade... - Black fez uma breve saudação enquanto se aproximava e saia de trás do pai. - Gostaria de acompanhar meu pai…
- De jeito nenhum! - Exclamou Edgar numa súbita mudança de humor. - Não vou permitir que vá ao campo de guerra nem com a autorização do rei! - Após um silêncio de dois segundos que mais pareceram uma eternidade. - Vai cuidar da oficina na minha ausência e manter os pedidos em dia.
- Então que assim seja, Edgar, se prepare para a partida e tudo que seu filho precisar em sua ausência será providenciado. Quero que mantenha foco total em sua missão.
- Com sua licença majestade. - Com essas últimas palavras, o ferreiro deu meia volta e agarrando o filho pelo ombro saiu do salão do rei. Percorreram o caminho todo em silêncio, Black sabia que não havia nada que pudessem fazer agora.
- Tenho pedidos que devem ser entregues ainda essa semana, estão anotados em cima da minha mesa. - Edgar quebrou o silencio. - Seja cordial até mesmo com os nobres, certo?
-Certo pai…
- Eu vou voltar mais rápido do que pensa, minha missão é simples. - Depois da conversa da noite anterior, essa desculpa não iria tranquilizar Black.
No anoitecer daquele dia, seis cavaleiros em armaduras brancas surgiram na porta para escoltar o ferreiro até o acampamento fora dos limites da cidade. Com uma despedida breve, Edgar seguiu seu caminho e deixou a oficinas aos cuidados do filho.
Os dois moravam no centro da capital, então foi necessário uma viagem de meia hora até que chegassem aos portões de saída da muralha que envolve a cidade, tudo até ali avia sido tranquilo, mas ao chegar aos portões, os cavalos vacilaram como se quisessem dar meia volta. As enormes portas de madeira se abriram revelando uma pilhas de cadáveres caídos ao redor da entrada, o cheiro de carne em decomposição era insuportável, andava lado a lado com a ânsia de vômito. Em meio aos mortos, alguns cadáveres se rastejavam com as mãos numa tentativa de alcançar a entrada.
- Porque não uso minhas habilidades em um desses cadáveres mesmo? - Finalmente Edgar fez a pergunta que não queria calar em sua cabeça.- O rei Albert não te explicou tudo, não era seguro dar tantos detalhes dentro da cidade. Ao chegarmos tudo será esclarecido.
A viagem durou mais duas horas até que chegassem a uma vila tomada pela guarda do rei, que a transformou em um acampamento improvisado. Existiam lugares mais adequados para isso, mas com o avanço do exército de mortos, foi necessário recuar para mais um pouco mais perto da capital. Sem perder tempo, Edgar foi levado para a casa onde supostamente estavam mantendo um dos mortos-vivos. Mas ao entrar encontrou mais do que isso, lá dentro estava alguém que não via a tempos, Sophie Heart, que hoje não travava um de seus belos vestidos ou veste nobre alguma, mas sim uma das armaduras brancas dos cavaleiros.
- Comandante Heart, trouxemos o ferreiro de alma.
- Descansem soldados, eu assumo daqui. - ozd repente sua voz firme a autoritária se tornou doce e suave. - É um prazer revê-lo Edgar, queremos tentar algo aqui, mas não faremos nada sem seu consentimento. - Ficou claro o motivo da mudança súbita. Ele sabia que não era verdade, teria que fazer oque fosse ordenado.
- Vamos logo com isso.
- Certo. - Em um sorriso forçado, a voz de Sophie mudou novamente. Entre uma frase e outra, apontou para um homem sentado no canto. - Este é Humar, o oficial mago do rei. Quando Albert sugeriu que você viesse, ele me propôs algo interessante. Conte a ele.
- Essas coisas estão sendo controladas, elas não foram instruídas nem receberam ordem de alguém, apenas levantaram e atacaram. - O ânimo nas palavras do mago desapareceu e a conversa tomou um tom mais sério. - Quero criar um elo psíquico entre você e a alma que realmente está por trás de tudo.
- E isso é seguro? Quero dizer, já fez isso antes?
- Sim, claro, não tem como te afetar... Mas eu sempre sabia quem estava contatando, dessa vez estamos lidando com algo desconhecido.
- Quanto mais cedo isso terminar, mas cedo volto pra casa. Vamos fazer. - Guiado por Humar, Edgar sentou-se no chão em posição meditativa e não demorou muito até que entrasse em transe guiado pelo feitiço mental. Uma das criaturas havia sido esquartejada e mantida dentro de um baú ao lado, por um momento houveram gritos de agonia dentro do baú, depois silêncio total, estava feito.
- Ele vai entrar na mente de quem controla essas coisas e então saberemos tudo que precisamos para… - Humar, foi interrompido por Edgar se levantando do chão. - Oque? Edgar…
- Calado, mago. - Sua voz estava diferente, estava rouca e sombria. Ele olhou ao redor, como se não soubesse onde estava.
-Quem é você? - Sophie sacou sua espada encarando Edgar. Lentamente os olhos do ferreiro viraram em sua direção, revelando-se inteiramente negros. Em junção ao sorriso diabólico estampado em sua face, aquele era o rosto da morte. Quando sua boca foi se abrindo, todos na casa estremeceram, até mesmo Sophie caiu de joelhos em medo aterrador.
- Eu sou o fim, criança. - A expressão de Edgar transbordava loucura. - Vocês não só me liberaram da forma esquelética, me trouxeram para mais perto do meu objetivo. - A criatura ergueu as mãos até a altura do rosto. - Esse corpo é velho, mas servirá.
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Black - O livro das feras (Em Andamento)
AventuraO destino pode ser cruel e irônico, em meio a aventuras e desventuras, Black vai aprender a força como lutar contra as piores criaturas já imaginadas.