Sandro:
Eu estava ajudando no restaurante da minha mãe hoje, por que não teria aula a tarde:
- Mãe, onde está a Angela? Ela não apareceu.
- Eu já liguei para ela. Ela teve um problema com o pai e não pôde vir trabalhar.
- Ah, que pena. Depois eu falo com ela.
No fim da tarde, fui para meu apartamento, que era um pouco distante da universidade. Quando estava prestes a abrir a porta, Angela saiu do elevador:
- Amor! Te encontrei. Desculpa não ter aparecido pra trabalhar.
- Não se preocupe. Minha mãe contou que você teve um problema com seu pai.
- Hm. Sim, sim. Isso mesmo.
Nós entramos e eu fui tomar um banho. Quando voltei, ela estava largada no sofá, a televisão estava desligada:
- Vida? Tá tudo bem?
- Hm? Ah, tá sim. Eu vou...tomar banho.
- Certo. Vou fazer o jantar.
Fui pra cozinha e comecei a fazer o jantar. Quando estava tirando a carne do forno, a campanhia tocou:
- Já vai.
Coloquei a travessa da carne no balcão e abri a porta:
- Pois não?
Uma moça loira e baixinha de olhos muito azuis estava parada, me encarando de olhos arregalados. Estava de moletom preto e short, apesar do frio:
- Olá. Posso ajudar?
- Hm. Oi. Eu sou Luna. Amiga da Angela. Ela está?
- Está sim. Entre, por favor.
Ela entrou e Angela apareceu na porta do banheiro:
- Quem era, vid.... O que você está fazendo aqui?
Me virei para Angela:
- Angela! Seja educada com sua amiga. Vá se trocar e depois você fala com ela.
Ela entrou no quarto:
- Pode se sentar. Ei, quer uma água? Está pálida.
Ela assentiu e eu lhe dei um copo de água. Angela apareceu e não parecia nada feliz:
- Então?! O que está fazendo aqui?!
- Nós...precisamos conversar, Ang.
- Eu disse....
Ela puxou a garota para o quarto, com violência. Mas o que será que está havendo aqui?
Fui atrás e fiquei atrás da porta:
- Eu te falei pra não aparecer aqui!!! Que parte disso você não entendeu?
- Eu não sabia que ele estaria aqui!
- Eu acabei de sair de lá. O que quer aqui?
- Meus pais descobriram. O que eu faço? Eles são muito ortodoxos, você sabe disso. Preciso de ajuda.
- Não vou te ajudar! Não posso fazer nada se você foi burra e não soube ser discreta.
- Eu! E você? O que tem a me dizer sobre você? Aquela garota viu quando eu saí!
- Que garota? Do que está falando?
- Estou falando de ontem! Ontem! Ela viu eu saindo! E pode apostar que ela viu as marcas em mim.
- Que droga, Luna! Sua burra! Eles te expulsaram de casa?
- O que você acha?! Eu tenho até amanhã a tarde para sair da casa deles com minhas coisas. Senão, vão me jogar na rua só com a roupa do corpo.
Um silêncio se fez dentro do quarto, até que:
- Certo. Se acalme. Eu vou dar um jeito. Junte suas coisas hoje. Amanhã eu já terei dado um jeito.
- O que vai fazer? Onde eu vou ficar?
- Eu já disse que vou dar um jeito nessa sua burrada. E vê se passa uma base nessas manchas, tá visível demais. Deixa de ser tão burra.
- Como se a culpa fosse minha.
- Agora, nós vamos sair desse quarto. Você vai jantar e vai embora, entendeu? Assim que chegar em casa, arrume suas coisas.
Fui para a cozinha, mais confuso do que nunca. O que está acontecendo aqui?
Depois de uns minutos, elas saíram do quarto:
- Vamos jantar?
- Claro, amor.
Luna me fuzilava com o olhar e eu sem entender nada. Jantamos em silêncio. As duas começaram uma conversa normal dessa vez e eu aproveitei para observar a garota.
Ela tinha marcas nos braços e ombros. O pescoço era o mais atingido. Dei risada por dentro. Isso não é nem sexo selvagem. É um ataque mesmo.
Depois do jantar, ela se despediu friamente e se demorou, trocando olhares com Angela e depois, foi embora.
Me sentei no sofá:
- Angela? O que está acontecendo? Essa garota parece que foi atacada.
- Hmmm... Ela tem um....relacionamento que pega fogo. - ela me respondeu, sem me olhar.
- Quase literalmente. Se eu puder ajudar em....
- Não!! Não se preocupe. - ela me interrompeu, muito rápido.
- Certo. Acho que ela não foi muito com a minha cara.
- Hm. Nem percebi. Eu vou deitar. Estou cansada.
- Tá. Eu vou com você.
Desliguei a televisão e as luzes e fomos para meu quarto. A cama parecia levemente bagunçada, mas não dei atenção. Tirei a camiseta e me deitei. Angela saiu do closet com um pijama brega.
Ou seja, nada de sexo essa noite. Eu a abracei, mas ela se afastou:
- Sam, não estou afim. E você já sabe disso.
- Mas eu só quero dormir abraçado contigo.
Ela ficou na ponta da cama, o mais longe possível de mim. Demorei pra pegar no sono.Na manhã seguinte, Angela não estava na cama, apesar de ainda ser muito cedo. Tomei um banho e me vesti. Estava pronto pra ir pra aula, quando notei sua presença na sala:
- Amor. O que foi? Está muito cedo. Pode voltar a dormir.
- Não estou mais com sono.
Ela me deu um beijo seco e saiu pela porta. Sai um pouco depois, indo direto para a universidade:
- E aí, cara. Que cara é essa?
- E aí, Bruno. Ah, a Angela está estranha. Desde a visita da amiga dela.
- Estranha?
- Sim. Elas discutiram no meu quarto ontem, mas eu não entendi nada. E ela nem encostou em mim pra dormir. E saiu cedo hoje, primeiro que eu.
Bruno fez careta. Eu estava do mesmo jeito:
- E a Fanny?
- Passando mal. Eu falei pra ela não comer tantos tacos ontem. Aposto que o namorado dela esta do mesmo jeito.
Nós rimos e fomos pra sala. Encontramos Allyson sentada no fundo. Derrick estava na frente dela, e Allyson estava com cara de tédio. Até assim ela era linda:
- O que você disse, cara?
Bruno perguntou e eu percebi que tinha falado muito alto:
- O que?
- Você acha a caloura linda? Hahaha. Mas concordo com você. Ela é mesmo bem bonita.
Nos aproximamos e Derrick nos encarou:
- Bom dia, Allyson. - dissemos juntos.
- Ah, garotos! Que bom que chegaram.
Ela abriu um maravilhoso sorriso em nossa direção:
- Ei! Com licença, mas eu já estava tendo uma ótima conversa com essa linda aqui.
- Derrick, pela última vez. Eu não vou sair com você.
Ele bufou, irritado e saiu. Ela revirou os olhos, dando risada. E posso dizer que aquilo foi muito sexy:
- Cadê a Fanny?
- Passando mal. E você, como está?
- Estou bem... Tive uma grande surpresa no meu apartamento, mas estou bem.
- O que aconteceu no seu apartamento? - perguntei, preocupado.
Ela me olhou rapidamente e ficou muito vermelha:
- Oh. Nada demais. Não foi uma surpresa boa. Mas vou resolver isso hoje.
- Se precisar...
- Não, obrigada. - Ela me interrompeu.
Continuamos conversando, até que Angela e Luna entraram na classe. Poderia não ser nada demais. Só que Angela não é universitária. Ela nunca quis fazer faculdade.
Atrás de mim, Allyson bufou, olhando para as duas. Quando viu que eu a olhava, deu um pequeno sorriso sem graça.
O que está acontecendo com essas mulheres?
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O que me faz te querer?
Romance"Dói. Dói demais saber o quanto eu te quero. E essa dor chega a me sufocar e aperta meu peito. Sinto que posso resistir à você, que é tão proibido pra mim. Mas não sei se estou certa... Ou se posso continuar resistindo."