Minha escola definitivamente não é um exemplo. Os alunos, muito menos.
Ela tem dois andares, as paredes, em sua maioria, são azuis. Tem pátio grande, uma quadra que representa um terço dele e um refeitório. Deve ter umas 20 salas que atendem estudantes do jardim de infância até o último ano do ensino fundamental (que é no que eu estou).
As salas tem suas paredes pixadas. Nomes, facções, xingamentos e até recados.
Eu acho que as unicas salas que não são pixadas são as dos professores e as da diretoria. A não ser que eles também rabisquem as coisas, claro.
Uma coisa boa daqui da escola são os professores. Sério, eles são maravilhosos. Sempre que algum colega fala mal deles eu defendo, por isso tenho a fama de nerd.
Mas eu não me considero. Só tiro notas boas porque a média dessa escola é realmente muito baixa. Tipo, muito, mesmo. Até demais.
Djonga canta no meu ouvido: "6 pra eles é bom, 10 pra nós ainda é pouco".
– Sabe, se você não quiser ficar sozinha ano que vem, é melhor aprender a socializar. - escuto a voz tão conhecida por mim.
– Se eu tenho meus fones e meu celular eu não estou sozinha, chuchu. - respondo e ele ri, sentando na cadeira ao meu lado. – Fala, Allan, o que você quer? Tem que ser rápido.
– Eu quero que você aprenda a conversar com as pessoas. Eu, como seu ex namolado, me sinto na obrigação de cuidar de você.
Eu rio. Allan e eu, quando tínhamos 7 anos, fomos namorados. Daqueles que mandam bilhetinho um pro outro na aula.
Nós sempre fomos muito unidos, já que éramos vizinhos e acabávamos indo brincar um com o outro sempre. Ele se mudou recentemente, e continua na mesma favela, só que em outra parte.
– Sabe, eu acho que "você quer namorar comigo" escrito num papel com opções de "sim" e "claro" não pode ser considerado um bom pedido de namoro. - eu digo, e ele faz careta pra mim.
– Por que teria que ser rápido? A nossa conversa?
– Porque seus amigos vão falar que você está apaixonado pela nerdzinha aqui. - digo, fazendo uma vozinha fina no "apaixonado".
– Não é como se eu realmente ligasse. Eu até gostaria de me apaixonar por você, daríamos certo juntos. Seríamos fofos. - e essa é minha vez de fazer uma careta.
– Se eu quisesse ser corna, talvez. - ele sorri. Percebo um par de olhos olhando na minha direção e sigo a sensação até chegar na menina loira na porta da sala. – Olha sua namorada de verdade ali.
Ele se despede de mim antes de dar as costas, indo até a menina. Clarice é uma menina linda, eu cresci com ela, e acho que seríamos boas amigas se ela não tivesse brigado comigo por ciúmes de Allan.
VOCÊ ESTÁ LENDO
de lá
Teen FictionUm clichê digno de um filme americano passado em uma favela do Rio de Janeiro. Um grupo de adolescentes tenta ultrapassar as dificuldades da periferia e achar o amor numa história sobre amizade e desigualdade. -------------------- minha autoria. plá...