Capítulo 3

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O festival da colheita estava um encanto, havia uma banda local tocando uma canção animada ao ar livre e eu estava dançando com minhas ladies ao ritmo escocês o qual os franceses julgavam exagerado, mas que nós adoramos. Estava me divertindo muito rodopiando e cantando com Greer quando Francis aproximou-se de nós sorrindo e chamou-me para uma dança agindo como meu noivo finalmente e eu recebi uma comemoração contida dela como incentivo. Os francesas dançam mais polidamente, com passos contidos e era nesse ritmo calmo que Francis me conduzia gentilmente sem dizer uma única palavra, como se estivesse sido obrigado a me tirar para dançar, o que eu não duvidava, mas também não iria reclamar, pois finalmente ganhei uma migalha de atenção dele e como nada nessa vida é fácil para mim fomos interrompidos por uma jovem mulher loira que entrou na pista de dança e sem nenhuma cerimônia falou conosco, o que acabou me irritando.

— Surpresa Francis, eu voltei. – Cantarolou animada e vi ele abrir um lindo sorriso me soltando para dar atenção para a recém chegada.

— Estou vendo que mudou de ideia e aceitou minha proposta Olívia – Respondeu ele animado. Fiquei me perguntando de que proposta falava e o porque essa mulher estava agindo com tanta intimidade com ele, sem ao menos fazer uma leve reverência.

— Sim – Respondeu ela e eu pigarreei chamando a atenção de Francis que só então se deu conta que eu continuava ali.

— Mary, conheça a encantadora Olívia.

— Prazer – Respondi contida e ela fez uma breve reverência.

— Vamos indo querido. Divirta-se rainha, nós faremos o mesmo. – Falou a abusada me dispensando seguindo caminho com Francis. Que vadia desagradável!

Fui completamente ignorada por meu noivo depois da chegada inoportuna da mulher e após colher algumas informações sobre ela, o que descobri foi chocante. Francis ama Olívia e tentou casar-se com ela as escondidas antes que eu retornasse para oficializar nosso compromisso, mas foi impedido pelo pai que propôs mantê-la como uma possível amante oficial se ele desistisse da idéia absurda e casasse comigo. Aposto que essa era a proposta ridícula que ela havia aceitado, comprovando assim que no dia em que o confrontei em seus aposentos sobre estar acompanhado estava coberta de razão. Ele estava divertindo-se com sua amante em seu quarto enquanto seu irmão defendia as fronteiras de uma invasão Viking, que belo futuro rei, um fanfarrão irresponsável.

O Rei Henry é bem generoso, concedeu terras e título a um bastardo e tolera a idiotice do filho legítimo, agora entendo claramente porque Bash é o preferido e aposto minha coroa que o rei gostaria de legitimá-lo no Vaticano para governar no lugar do inútil do Francis.

Sai da festa indo e direção ao bosque a fim de espairecer e por os pensamentos no lugar, eu queria mesmo é beber algo para anestesiar esses sentimentos, não consigo parar de pensar em como Sebastian é gentil, responsável e irresistivelmente lindo. Não posso me apaixonar por ele e é isso que está acontecendo aos poucos, mas meus conselheiros nunca aprovariam essa união. Eu estou perdida, pois Francis ama uma meretriz, e é por isso que seu coração está fechado para mim, se eu soubesse disso antes de nosso rápido encontro teria a colocado em seu devido lugar e assim não teria ficado com a cara no chão quando ela saiu de braços dado com o meu noivo.

A mata começou a fechar e ficar escura mesmo a luz do dia, eu estava cansada de andar e sentei no pé de um grande carvalho branco para descansar um pouco antes de voltar quando senti uma gota quente pingar em meu braço, limpei distraidamente e senti outra gota no mesmo lugar olhei para cima procurando o que me incomodava e gritei desesperadamente horrorizada com a figura pendurada acima de mim.

Havia um homem degolado, amarrado em um galho pelos pés de cabeça para baixo, sai correndo pedindo por socorro meio perdida quando ouvi relinchos de um cavalo próximo gritei mais alto que pude e como o destino brinca comigo Sebastian chegou correndo em seu alazão para salvar-me. Ele desceu e eu corri abraçá-lo como se somente sua presença fosse dissipar a imagem do cadáver de minha mente e o medo terrível que me fazia tremer inteira, senti seus braços quentes me envolveram aconchegando-me em seu peito musculoso e o alívio me dominou quando finalmente a consciência de que agora estava segura me acalmou . Outros soldados chegaram rapidamente em seus cavalos e juntaram-se a nós.

— O que faz aqui? Você está bem? Meu Deus tem sangue no seu braço.

— Eu estou bem Bash, mas havia um homem... Morto... Naquela direção, eu tive medo que o assassino estivesse por perto, entrei em desespero e acabei me perdendo. – Falei me agarrando em seu casaco tremendo de medo só em relembrar a imagem do cadáver pingando sangue em mim.

— Averiguem isso. Eu levo a rainha de volta. – Ordenou e os homens seguiram apressados nos deixando sozinhos.

Ele me deu um pouco de água para beber e ajudou-me a limpar um pouco do sangue que me sujava enquanto eu relatava a ele tudo o que havia acontecido no festival envolvendo Francis e Olívia e que por isso vim ao bosque sozinha em busca de um pouco de paz.

- A Olívia é difícil de engolir mesmo. – Comentou ele.

- Ter sangue de um cadáver pingando em mim foi uma surpresa mais agradável que conhecê-la – Falei brincando

- Eles se merecem, mas ainda bem que eu estava caçando por perto. Por favor prometa que não irá andar por aqui novamente, o bosque não é um lugar seguro. – Pediu me encarando com seus intensos olhos verdes.

- Obrigada por tudo, já estou mais calma e segura graças a você.

- É meu dever salvar uma donzela em perigo, especialmente você.

Aquelas palavras dispararam meu coração e nossos olhares se encontraram e minhas pernas fraquejaram por um instante e eu me agarrei na cela do cavalo a fim de me recompor.

- Eu amo você Mary como nunca amei ninguém nessa vida, e sei o quanto é inapropriado, mas não consigo mais esconder esse sentimento. – Falou com a voz carregada de emoção segurando meus braços me fazendo ver toda a sinceridade que emanava daquela declaração tão inesperada.

É claro que ele é correspondido, pois eu não consigo parar de compará-lo com o Francis nenhum segundo sequer, mas dizer isso a ele seria decretar um amor impossível, pois sou prometida a outra pessoa. Eu devo deixar que a razão me guie e me leve a um casamento infeliz arranjado ou dizer a Sebastian que o amo e viver esse amor?

O trono ilegítimo [TERMINADA]Onde histórias criam vida. Descubra agora