Hatter Passado: Saturno

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Capítulo III: passado

Moveu as mãos voltadas para cima, girou o corpo e balançou os quadris lentamente, sozinha. Tinha a plena consciência dos olhos penetrantes e azuis de Cheshire a fitando ferozmente através das enormes janelas de vidro truncado da sala de estar. Mas aquela música a fazia lembrar de momentos antigos e felizes. Não queria estragar o momento, então fechou os olhos e se balançou, acariciando a própria bochecha molhada de lágrimas.

A música não era de seu mundo, mas a letra se encaixava tão perfeitamente em seu momento de luto que não pode parar de repetir e repetir.

Suspirou.

"Você me ensinou a coragem das estrelas antes de partir.
Como a luz continua interminavelmente, mesmo após a morte"

Abraçou-se mais forte e tentou se sentir seus pedaços se juntarem, mas só sentiu o vazio da morte. Passou por sua mente que talvez fosse como o céu noturno: gigante e solitário, seus cacos flutuavam ao seu redor, fora de seu alcance, mas nunca se uniam, nunca se curavam.

"Com falta de ar, você explicou o infinito
Quao raro é belo é até mesmo existir
Não pude deixar de perguntar
Para que você dissesse tudo de novo.
Tentei escrevê-lo, mas eu nunca poderia encontrar uma caneta"

Lágrimas que talvez fizessem parte dos irmãos do silêncio escorriam como chuva, mas Hatter tentava as reprimir, mesmo sem sucesso. Eram lágrimas inapropriadas, ninguém deveria chorar de saudade.

"Eu daria qualquer coisa para ouvir você dizer mais uma vez."

Estendeu os braços e rodopio, seus cabelos viraram como na direção oposta e esconderam seu rosto e sua visão.

"Que o universo foi feito
Só para ser visto pelos meus olhos"

Sentiu quando seu pé enrroscou na ponta do tapete e não pode evitar fechar os olhos com mais força antes de atingir o chão.

"Eu não pode deixar de perguntar
Para que dissesse tudo de novo
Tentei recebê-lo, mas nunca poderia encontrar uma caneta"

Também não pode evitar chorar, quando o luto total a atingiu, então deixou-se levar, com o rosto pressionado entre o chão frio e o tapete felpudo. A dor psicológica que a atingiu foi tão grande que perdeu o ar por um segundo.

"Eu daria qualquer coisa para ouvir você dizer mais uma vez
Que o universo foi feito
Só para ser visto pelos meus olhos."

Não teve reação alguma, quando um par de braços finos a ergueram sem muito esforço é colocaram em um colo, apenas abraçou seu corpo e pressionou o rosto contra a barriga. Cheshire em resposta, apenas acariciou seus espessos cabelos e cantarola em um sussurro último verso da música.

"Com falta de ar, vou explicar o infinito.
Quão raro e belo é realmente existirmos. "

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⏰ Última atualização: Nov 27, 2020 ⏰

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