O Primeiro Amor

A Surpresa

14:00 da tarde e Lauren ainda sonolenta estava de pé. A noite anterior no Miami Medical Center, hospital onde trabalha como médica neurocirurgiã, havia sido agitada. Além das consultas e duas cirurgias já agendadas de pacientes seus, teve que atender a noite na emergência do hospital, substituindo seu mentor e amigo, o chefe da ala de neurocirurgia realizando mais duas cirurgias de emergência.

A rotina corrida da jovem de apenas 19 anos, era incomum para alguém de sua idade. Na verdade, Lauren era incomum, um tipo raro de ser humano.
Com apenas dois anos de idade Lauren já sabia ler, escrever, fazer contas, pronunciava todas as palavras corretamente, e já tinha a incrível capacidade de memorização, entre outras coisas assustadoras para sua idade.

Logo nos primeiros meses de vida, seus pais entenderam que ela era diferente e que precisaria de uma atenção diferenciada. Com seu pai sendo médico e sua mãe professora universitária, tiveram facilidade em da suporte necessário a Lauren.

Aos 5 anos, seus livros preferidos para ler eram os livros de medicina de seu pai, que fora um grande cardiologista. A garotinha esperava seus pais dormirem para invadir o escritório do seu pai, sentar no grande tapete com um grosso livro em cima de suas pequenas pernas estiradas, e passar boa parte da noite lendo, pesquisando palavras difíceis com seus olhos  investigativos e curiosos ao que lhe interessava.

Hoje com 19 anos, e com apenas um ano sendo médica efetivada de um dos hospitais mais conceituados de Miami, era motivo de incrível admiração para uns médicos, e inveja para outros.
Sua mente brilhante lhe possibilitava armazenar, executar, e inovar na área médica. Era incrivelmente precisa e decidida ao tomar decisões sob intensa pressão. Ser quem era não anulava seu lado humano, que sentia pelo próximo uma tão forte empatia, que viu na medicina não só uma paixão pessoal, mas uma forma de ajudar outros.

“ Quando estou fraco, então é que sou forte"

O que poderia ser sua fraqueza, tornava-se sua fortaleza. Lauren amava essa frase e se apegava a ela. Lauren era como uma brilhante lâmpada que iluminava muitas vidas, mas quem tivesse coragem suficiente de se aproximar e olhar bem de perto, veria muitas rachaduras.

A exatos três anos Lauren tinha consultas com a psicóloga Ally Brooke. Desde o assassinato de seus pais quando tinha 6 anos, ela passou a ser assistida por psicólogos que tentaram amenizar o sofrimento de seus traumas. Foram três, até que Ally passou a ser sua nova psicóloga, escolhida a dedo pelo seu mentor, para ajudar Lauren na nova empreitada que tivera, pois aos 17 anos, período em que entraria na reta final de seu curso de Medicina, sairia das salas de aula e iria para o ciclo clínico, tendo contato com pacientes e aulas em hospital

Harvard após muitas análises, testes com Lauren permitiu que ela tanto fizesse a prova tendo apenas onze anos, como a aceitou como aluna, com a condição de ser acompanhada constantemente por um psicólogo que daria para a universidade um relatório sobre seu estado, tudo para sua vida não ser afetada de maneira negativa, por ser tão nova estudando assunto de gente grande. Ally que passou a acompanhar nos estágios finais teve um impacto fortemente positivo na vida de Lauren, e hoje era o dia de encontrar Ally.

Lauren não estava com ânimo para sair de casa, ainda sentia no corpo o cansaço da maratona de atendimentos. Depois de uma refeição reforçada, Lauren estava em sua moto dirigindo-se ao consultório de Ally, e entre o chegar e ser atendida não demorou nada.

-Lauren_ diz Ally com os braços abertos e sorriso no rosto, recebendo de volta o mesmo sorriso e abraço acolhedor_ Sente-se. E como você está?

-Em uma palavra eu diria.. cansada. E você?

-Não é novidade_ diz a psicóloga se ajeitando em sua enorme e macia poltrona sabendo que ser médica seria exatamente viver cansada_ Eu estou bem, obrigada.