Capítulo 2

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Essa história é uma adaptação, caso encontrem um pronome no feminino, favor me informar, para que o erro seja imediatamente corrigido.
Boa leitura.

JÁ era quase noite quando Louis finalmente chegou à co­bertura em que morava em Nova York. Abriu a porta deva­gar e se sentia receoso pelo confronto que pretendia ter com o marido. Precisava dizer a ele o que restava para ser dito, mas, de maneira civilizada, isto é, da maneira como fora educado. Seus pais nunca foram adeptos de discussões in­flamadas. Ele descobriu o marido no escritório particular com um jornal aberto entre as mãos e acomodado em sua cadeira de couro predileta posta ao lado da lareira a gás que competia com o ar-condicionado. Pequenos problemas como as altas contas de energia não o preocupavam. Ele ti­nha dinheiro de sobra para desperdiçar. "Essa é a vantagem de ser rico", certa vez ele lhe respondera, quando Louis o criticara por deixar a torneira da pia do banheiro aberta por tempo desnecessário.

Estacado no vão da porta de entrada da sala que ele ocupava para o trabalho, Louis observava-o. Stan era um homem atraente, educado e até mesmo sofisticado. Ele jamais o vira trajando um jeans e nem conseguiria imagi­ná-lo lidando com ferramentas de trabalho manuais ou cheirando a suor e poeira. Ele considerava qualquer traba­lho físico incompatível com a sua posição privilegiada. A única calosidade que havia nas palmas das mãos dele era resultado do uso das raquetes na prática semanal de squash. E a musculatura definida de seu corpo provinha dos exer­cícios físicos programados com um instrutor particular na academia que ele mantinha na própria cobertura. Louis lim­pou a garganta com um ruído sonoro para chamar a aten­ção dele. Stan espiou por cima do Wall Street Journal e declarou:

— Como eu não sabia a que horas você voltaria, decidi jantar sozinho. Acho que Maria deve ter guardado algo no forno para você.

Louis sentiu uma súbita náusea só de pensar em comida.

— Eu não estou com fome — ele respondeu. E depois de um tempo perguntou intrigado: — Você nem mesmo está curioso em saber por onde eu andei?

— Imagino que tenha ido ao shopping para acalmar sua irritação. Quanto foi que gastou?

Será mesmo que ele havia pensado isso? Se fosse assim, Stan não o conhecia nem um pouco. De qualquer maneira, pelo bem do bebê, Louis decidiu fazer uma última tentativa de salvar seu casamento:

— Eu não estava irritado Stan. Estava horrorizado com a sua sugestão para que eu interrompesse a gravidez. Nós precisamos conversar.

Ele dobrou o jornal sobre o colo e o olhou furioso. stan era do tipo que nunca deixava transparecer seus sentimentos, mas, naquele instante, a expressão que ele assumia o assustou.

— Eu achei que já tínhamos feito isso.

— Nós não discutimos coisa alguma — ele argumentou. — Você apenas lançou um ultimato.

Ele ergueu uma sobrancelha.

— Pelo que me lembro, você fez a mesma coisa.

Louis balançou a cabeça concordando com o que ele acabava de dizer. Realmente ele ameaçara abandoná-lo e pretendia cumprir o prometido se ele não mudasse de idéia. Louis jamais destruiria o milagre que se desenvolvia dentro dele.

— Eu pretendo me mudar para um lugar que descobri nes­ta tarde. Uma pequena cabana no interior.

Stan piscou por duas vezes. E esse foi o único sinal de que talvez as palavras dele o tivesse surpreendido. Então, com a voz fria como o gelo, declarou:

— Se precisar de ajuda para embalar suas coisas, Maria já foi embora, mas Niles ainda está aqui.

Louis não conseguiu suportar a própria indignação:

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