SONHO REALIZADO - LS

Capítulo 7

Harry seguiu até a caixa de correio na beira da estrada para apanhar a correspondência. Junto aos vários postais de Natal se encontrava um envelope endereçado a Louis com o timbre da Shaw Advertising Agency de San Diego, na Califórnia. Ele uniu as sobrancelhas com preocupação e ainda permanecia com o cenho franzido quando chegou à cabana.

— Esta carta acabou de chegar para você — ele avisou e lhe entregou o envelope antes mesmo de entrar na sala.

Louis reparou no logotipo da empresa e esboçou um sorriso.

— Oh, Niall é fantástico! Ele fez uma cara de espanto.

— Niall trabalha com publicidade?

— Não. Acontece que o marido dele tem amizade com um dos sócios dessa empresa e Niall deve ter conseguido que ele fizesse uma boa recomendação a meu respeito.

— Quer dizer que está pensando em conseguir uma vaga nessa empresa?

No fundo, Harry tinha esperanças de que ele negasse aquela intenção. A Califórnia ficava muito distante de Nova York e, apesar dos modernos meios de transporte, ainda lhe soava como se o lugar ficasse no outro lado da galáxia.

— Eu vou precisar de um emprego depois que o bebê nas­cer. Minhas economias não irão durar para sempre.

A resposta dele o alarmou:

— Mas você me disse que pretendia iniciar sua própria agência de propaganda!

— É verdade. Talvez eu faça isso algum dia. — Ele alisou o ventre volumoso e depois prosseguiu: — Mas trata-se de um sonho e os sonhos não pagam as contas.

— Quem disse que esse sonho não pode se transformar m realidade? Quando eu e meu irmão começamos a nossa empresa, não tínhamos nada além dos planos e ambições.

— Você realmente acredita em mim, não é?

— Sim. Você é uma pessoa esperta, criativo e organizado. — E muitos outros adjetivos que ele poderia enumerar com facilidade. — Pode conseguir realizar esse sonho. E existem maneiras de conseguir um crédito bancário para começar.

Ele concordou com um gesto de cabeça.

— Talvez algum dia.

— E por que não agora?

— Mesmo presumindo que eu conseguisse o empréstimo, tendo que cuidar do bebê, não me restaria tempo e nem energia suficientes para administrar a agência com sucesso. Talvez algum dia — ele repetiu. E dessa vez com entonação mais decidida.

Três semanas depois do Ano-Novo e dois dias antes da data prevista para o nascimento do bebê, Louis sentiu as primei­ras contrações. E já passava da meia-noite. Felizmente a alta pressão sangüínea tinha sido apenas conseqüência do estres­se e o tempo restante da gestação havia transcorrido sem maiores problemas. Até sentir o primeiro espasmo que o for­çou a curvar o corpo para aliviar a dor. Louis acreditava estar preparado para enfrentar o parto. Sentia-se muito ansio­so para finalmente encarar o bebê que havia transformado sua bexiga em um verdadeiro "saco de pancadas" nos últi­mos meses. Ele já havia escolhido os nomes: Will ou Olívia, dependendo do sexo.

Louis já havia cuidado dos presentes que recebera no chá de bebê que seu amigo Niall tinha organizado. A reunião acontecera na sala de visitas da casa de Harry, que era mais espaçosa e ele gentilmente se oferecera para colaborar. Louis ficou surpreso com a presença de suas antigas cole­gas de trabalho, bem como de alguns vizinhos de prédio em que ele morava com Stan. Sua mãe não comparecera, mas até aí, não havia nenhuma surpresa. Johannah telefonara para informar que infelizmente não poderia comparecer ao chá do bebê por causa de uma conferência em Salt Lake City que ela não poderia deixar de participar. Harry convidara a mãe e ela fora. Talvez mais por curiosidade do que cortesia. Gemma, a irmã dele, também havia comparecido. Louis adorou conhecê-las, apesar das toneladas de perguntas que as duas lhe fizeram. Provavelmente estavam preocupadas por causa do envolvimento de Harry com ele. Mas o envol­vimento entre eles permanecia cada vez mais platônico por causa do estado adiantado da gravidez de Louis e dos vaga­rosos passos do divórcio. Eles ainda compartilhavam as re­feições e faziam caminhadas quando o tempo permitia. Po­rém Harry nunca mais o beijara da mesma maneira como havia feito aquele dia na cabana.