Capítulo 1

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Joana Pereira

Ai a solarenga Lisboa, acabo de chegar á cidade que a partir de agora será a minha casa.

Sendo uma miúda do Norte, sempre foi um dos meus sonhos vir morar para a capital. Assim que acabei o curso de assessoria tratei logo de arranjar emprego nesta linda cidade, o que não esperava era ter a oportunidade de trabalhar no meu clube de coração, o meu lindo Benfica.

Depois de pousar as malas em casa, liguei aos meus pais para lhes tranquilizar o coração. Achavam que mais tarde ou mais cedo as saudades de casa me iriam fazer desistir e voltar para o Norte. Não os posso culpar, afinal foi essa a vontade que tive quando saí de casa para ir estudar para o Porto, mas desta vez é diferente porque o amor que sempre nutri por esta cidade e a possibilidade de trabalhar no Benfica fazem com que esteja eufórica e não pense em mais nada.

Como cheguei ás três da tarde aproveitei para ir as compras, por sorte há um supermercado mesmo em frente ao meu prédio e assim não tenho que andar com as compras no metro. De compras feitas e organizadas, cada coisa no seu lugar, é hora de arrumar as minhas tralhas. O pequeno T1 que aluguei a um amigo do meu pai já está mobilado e decorado de forma muito moderna e bem ao meu estilo o que me facilita em muito a vida por isso só preciso de arrumar a minha roupa e produtos de higiene. Logo que dou com tudo arrumado ligo á Lu, a única amiga que tenho em Lisboa pois também ela, recentemente, decidiu aventurar-se por terras mouras.

Acabamos por combinar um jantar no Colombo que fica perto para as duas e podemos ver algumas lojas enquanto pomos a conversa em dia.

Como não poderia deixar de ser, não perco uma oportunidade de comer fast food e então é para la que me dirijo não sem antes ouvir uma provocação da minha conterrânea, "qualquer dia ficas uma bola" disse com um sorriso estampado na cara. "Não há problema, amanhã vamos ao ginásio e queimamos todas as calorias" respondi eu a rir e assim, entre gargalhadas, passamos duas horinhas a por a conversa em dia e a matar saudades.

No dia seguinte de manhã vesti o meu fato, como assessora sou obrigada a usar roupa formal para o trabalho porque vou representar uma instituição e tenho de estar no meu melhor, escovo os dentes e sigo para o Caixa Futebol Campus onde me vou encontrar com o presidente Luís Filipe Vieira. Falei com ele por vídeo chamada duas vezes quando enviei o meu currículo e por isso já não estou tão nervosa por conhecê-lo.

Dou o meu nome na recessão e uma rapariga que aparenta ter a minha idade leva-me até ao escritório do presidente, não é surpresa nenhuma quando entro e encontro Vieira com um fato de treino vestido e um sorriso amistoso no rosto.

- Joana, que bom poder conhecer-te pessoalmente! – o seu a vontade deixa-me mais confortável.

- O prazer é todo meu sr. Presidente! – e realmente é, sou uma benfiquista fervorosa e protejo o meu clube com unhas e dentes. Conhecer Vieira era um sonho tornado realidade.

- Quero que me trates por Luís ou Vieira, aqui somos uma família e quero que te sintas a vontade, deixa esses floreados para os agentes e magnatas com quem vais ter de te reunir e já agora vou dar-te um conselho. Tu tens um pequeno armário no teu escritório, guarda a roupa formal e os sapatos de salto alto aí e só os usas quando tiveres uma reunião assim estás mais a vontade uma vez que tens de saltar de escritório em escritório para tratar de papeis e rever contratos.

Agradeci o conselho e agradeci aos deuses por não ter de usar salto alto todo o dia no trabalho, os saltos são lindos e eu tenho alguns, mas mais de duas horas com eles nos pés já é tortura!

Tive direito a uma visita guiada e fui imediatamente bem recebida por todos os meus colegas, vou dividir o escritório com a Sofia e com o Carlos e posso dizer que acho que me vou dar muito bem com eles. Em cima da mesa tinha o meu passe que me dará acesso á cantina, ao estacionamento e ao estádio. Já tinha também uma cópia de alguns contratos que teria de estudar juntamente com o resto da equipa de assessoria. Sentamos-nos todos na mesa oval que ali havia para as reuniões e começamos a trabalhar.

A manhã passou a correr e posso dizer que foi bastante divertida pois tenho dois colegas que são apenas três anos mais velhos que eu e por isso a conversa flui naturalmente. Vamos para a cantina e a Sofia vem a contar a história de como Carlos se esqueceu dos seus sapatos sociais e acabou numa reunião da Nike a usar ténis da Adidas.

- Eu tinha levado os sapatos para um jantar na noite anterior e esqueci-me completamente de os trazer de volta no dia seguinte! – a nossa gargalhada pode ser ouvida em toda a cantina e assim os jogadores, que também se encontravam a almoçar, ficaram todos a olhar para nós.

Devo confessar que fiquei muito envergonhada com a situação, não queria que achassem que sou uma peixeira.

Passo os olhos por todo o plantel e paro naquele que desde que joga na equipa B faz o meu coração palpitar um pouco mais depressa, João Felix, é para mim aquilo a que se pode chamar de amor platónico ou amor de fã algo que eu sei que nunca vai passar disso. Carlos estala os dedos a minha frente e eu acordo do transe.

- Ai, ai ainda agora aqui chegou e já se apaixonou, não lhes dês confiança os jogadores só te querem para se divertir, se não tiveres estatuto social ou muitos seguidores nas redes sociais não tens qualquer valor para eles! – diz Sofia já a pousar o seu tabuleiro na mesa mas apesar de haver muito barulho no local acho que alguns jogadores podem ter ouvido já que Felix não tirava os olhos da nossa mesa.

- Oh, não ligues ao que a sofia diz, ela só está assim porque o Bernardo a deixou quando foi para o Manchester. – Carlos responde e posso ver que Sofia ficou incomodada com a franqueza do nosso colega de trabalho.

- Espera tu estás a falar do Bernardo Silva? – a minha admiração era notável, sempre fui uma fã do jogador e agora conhecia uma pessoa que em tempos foi próxima dele.

- Sim, esse mesmo! – Sofia responde e baixa o seu olhar para o prato.

- Oh deixa lá – digo eu tentando animar a conversa novamente – tu és um arraso e não há clube inglês nenhum que seja tão arraso quanto tu!

Só me apercebi que falei alto de mais quando toda a gente que estava na cantina olha para mim e se começa a rir a gargalhada.

- Tu és a melhor – Carlos comenta em meio as gargalhadas.

O resto do almoço decorre normalmente bem como o resto do dia de trabalho. Quando caminhava sozinha para o estacionamento vejo Felix a juntar-se a mim no corredor e fico sem saber o que fazer. Opto por fazer de conta que não o conheço e sigo o meu caminho sem o perturbar mesmo que a minha vontade seja pedir-lhe uma foto.

Quando passo por ele paro ao ouvir a sua voz.

Player // João FelixWhere stories live. Discover now