- Me perdoa. - choramingo profundamente arrependido - Por favor, me perdoa.
- Não há bondade no mundo que possa te perdoar Julian, eu muito menos. - me encarou friamente enquanto eu estava ajoelhado aos seus pés.
Aquele calor, aquele amor que via costumeiramente no seu olhar, ali já não estavam mais.
E perceber isso fez meu peito doer ainda mais.
A dor que senti na lesão mais grave que tive a pouco tempo, a que até hoje havia sido a pior de toda minha vida, se comparada com esse momento, não era nada.
Nada doía mais do que constatar que eu havia perdido tudo. Ela era tudo. E eu a perdi.
- Uma última chance, te juro fazer tudo certo dessa vez. Juro te amar acima de tudo. Por favor. - súplico desesperado, as lágrimas correndo pelo meu rosto, embaçando minha vista e impedindo que veja seu olhar de mais puro desprezo sobre mim.
Eu não posso perdê-la, a mais remota ideia de vida sem ela ao meu lado, é simplesmente como se fosse o fim dos tempos. Sua presença é como oxigênio, sem ela não posso sequer respirar.
- Perdi as contas de quantas vezes você disse essa frase para mim, Brandt. E em todas você falhou tentando-as cumprir, sempre deixando que sua desconfiança e ciúmes infundáveis controlassem sua razão, seus atos. - me olhava com a mais profunda indiferença - Não tenho como te dar mais uma chance, pois você esgotou todas elas. Eu relevei por muito tempo cada ofensa, cada humilhação, cada surto, porque acreditava que o amor podia suprir a insanidade que nosso relacionamento estava se tornando, mas acredite, não há amor no mundo que faça isso.
Ouvir isso pela primeira vez com clareza, me fez se sentir miserável, desprezível, o pior ser humano na face da terra. Foram tantas brigas, incontáveis vezes que agi como um namorado babaca e abusivo, e só agora, quando a perdi, percebo isso.
Com certeza é o pior dia da minha vida.
Continuo no chão chorando como uma criança enquanto o silêncio prevalece na sala, apenas sua respiração e meus soluços podem ser ouvidos.
Eu devia deixá-la ir, é o mínimo que devo fazer. Mas sou egoísta demais pra isso.
Lembranças da nossa última discussão, que resultou nisso tudo, me atingem como um soco. O pior soco que eu poderia levar na vida.
Eu havia acabado de chegar em casa, depois de mais um treino exaustivo, recém retornando de uma lesão. Pietra já tinha chegado também, estava tomando banho quando entrei no nosso quarto.
Deito na cama e então ouço seu celular tocar, e como o namorado obsessivo que era, tomo a liberdade de mexer no seu telefone.
Tinha a mensagem de um cara perguntando onde eles poderiam se encontrar. Quando li senti todo meus músculos ficarem tensos, um calor absurdo me invadindo e nos segundos seguintes joguei o celular contra a parede com toda a raiva que emanava em mim.
Levantei da cama e fiquei andando de um lado para o outro no quarto, cego de ódio e raiva, esperando que ela saísse logo do banho. Ouço o chuveiro ser desligado e então a vejo abrir a porta, e me encarar assustada quando se depara com o telefone despedaçado no chão do quarto.
- Julian... O que aconteceu aqui? - pergunta trêmula e receosa.
Como nunca percebi que ela tinha medo de mim? Se dar conta disso agora é surreal, simplesmente surreal.
- Quem é ele? - pergunto aos gritos e a vejo se encolher - Anda Pietra, me diz com quem você vai se encontrar hoje, é por isso que está se arrumando? Quem é ele? - continuo gritando.
- Ju... Julian, - gagueja - do que você está falando?
Enlouqueço.
- Não se faça de desentendida. - avanço sobre ela, apertando seus braços violentamente - Ele é mais um dos inúmeros homens com quem você transa, não é? Sempre soube que você era uma vadia. - a solto e caminho pelo quarto na tentativa de ficar mais calmo.
- Já chega disso, chega desse seu joguinho abusivo de gato e rato, chega de você sempre me fazer sentir culpada quando nem ao menos sei o porquê. - diz firme enquanto veste suas roupas.
- Joguinho? - sussurro alto o bastante para que ouça - É isso que nosso relacionamento é pra você? - me viro e a encaro esperando uma resposta.
- Está vendo? O mesmo papo de sempre, mas fique ciente Julian Brandt que eu não caio mais nessa, depois disso - aponta para os próprios braços e seu celular quebrado - não há qualquer chance de eu continuar aqui. Está acabado, nosso namoro, nossa amizade, tudo, absolutamente tudo! - pega uma mochila e começa a jogar suas roupas e pertences dentro dela.
Me aproximo dela e recebo um olhar de reprovação, o que é o suficiente para me manter parado onde estou.
- Pietra, não precisa disso tudo, vamos sentar e conversar, ok?! - digo ameno.
- Não Julian, não vamos sentar e muito menos conversar. Isso não adianta mais para você, procure fazer uma terapia, talvez isso te sirva, porque eu vou embora, e não ouse vir atrás de mim.
Foram suas últimas palavras antes de desaparecer da minha vista.
Meses depois e aqui estamos nós, ambos totalmente quebrados por minha culpa.
Fiz o que ela disse, procurei por um terapeuta e desde então venho tratando desses surtos. Sinto que evolui e que estou pronto pra amá-la como merece, mas talvez seja tarde demais.
- Me perdoa, me perdoa por favor. - imploro frente a ela - Eu estou mudando, estou fazendo terapia, eu estou melhorando por você.
- Fico feliz que esteja se tratando, mas isso não muda em nada na minha decisão. Não há mais espaço para o nós, eu estou seguindo em frente e você tem que fazer o mesmo. Adeus Julian. - pega sua bolsa enquanto me dá as costas e vai embora.
Continuo jogado no chão da sala sem acreditar que acabou de vez, que não importa o que eu faça ou diga, o nós nunca mais existirá.
Perdi a mulher da minha vida, e não posso culpar ninguém além de mim mesmo. Agi como um covarde, um louco abusivo e agora pago caro por isso.
A última imagem que tenho da mulher que amo é do seu olhar de desprezo sobre mim, das cicatrizes que deixei no seu interior.
E me sinto o pior ser humano do mundo por isso.
Toda vez que fecho os olhos
É como um paraíso sombrio
Ninguém se compara a você
Tenho medo de você
Não estar me esperando do outro ladoEssa música nunca fez tanto sentido como agora, a letra descreve exatamente como me sinto quando fecho os olhos e lembro que nunca mais a terei nos meus braços, nunca mais verei seu sorriso ou ouvirei sua voz.
É literalmente, um paraíso sombrio.
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Imagines Football Players
FanficCapítulos aleatórios com jogadores de futebol, podendo ter continuação ou não.