Caminho Sombrio

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Então caminhamos normalmente pelo beco e uma sensação de insegurança tomava conta de mim. Meu coração acelerado batia mais forte do que nunca. Em um certo ponto saiu das sombras um homem alto e  encapuzado. Com sua grave voz falou:

–Senhor Henderson?

–Posso lhe ajudar?–Disse meu pai fechando os punhos e se pondo a minha frente.

Em questão de segundos o maldito homem sacou uma pistola, mas antes que pudesse atirar, meu pai se jogou sobre mim e gritou:

–Cuidado Mike!

Ouvi apenas o som do disparo seguido por um gemido de dor. Caído em meus braços, meu pai se esforçava para falar:

–Eu te amo filho...

A voz do assassino interrompeu as palavras de meu pai.

–Sua vez! - ele ameaçou.
Eu estava paralisado. Minhas mãos tremiam e meu coração acelerou mais ainda. Eu não podia fraquejar e sentir medo naquele momento. Dessa vez eu não ia deixar o medo me consumir, então eu fiz o que tinha de fazer.

–Últimas palavras? -Perguntou aproximando a arma do meu rosto.

Com um chute preciso acertei sua mão. Com isso a arma voou para longe do seu alcance. Acertei seu peito e sua barriga com uma sequencia de socos. Dei um pulo mortal para trás acertando meus pés eu seu queixo o que o fez desmaiar.

Meu pai jazia no chão quase sem vida. Usava suas últimas forças para tentar me dizer alguma coisa.

–Filho venha aqui... - ele clamou.

–Calma pai! Eu irei chamar ajuda.–Eu chorava desesperado.

–Não filho... já é tarde para mim... apenas escute o que eu tenho a falar... Queria ser um pai mais presente em nossa família... quero que... me prometa que vai cuidar de sua mãe e de seu irmão... não deixe que eles corram perigo... cuide deles está bem? –Disse ele com os olhos quase fechados e com o sangue escorrendo de sua boca.

Eu não conseguia dizer nenhuma palavra. Não podia interrompê-lo de forma alguma.

–Você é... um bom rapaz Mike... não quero que busque vingança... quero que... você seja justo com você mesmo e com o mundo... acredito em você.

Seus olhos se fecharam por fim. Não aguentando a dor de perdê-lo, um grito de dor e ódio ecoou por aquela noite fria e escura.
Por coincidência, policiais faziam a sua ronda ali perto e vieram correndo até onde eu me encontrava.

–Meu Deus! O que houve aqui? - um deles perguntou.

–Meu pai foi morto! - Gritei - Morto por aquele desgraçado – apontei para o assassino desmaiado.

O outro policial chamou ajuda pelo rádio e logo chegaram uma viatura e uma ambulância. Mesmo com aquele vazio e aquele aperto, fui obrigado a responder as perguntas de um detetive. Aparentava ter uns trinta e poucos anos. forte, olhos castanhos, cabelos lisos e pretos. Usava um sobretudo marrom, calça preta jeans,e sapatos pretos.

–Olá rapaz. - sentou-se ao meu lado - meu nome é Brian Santos, sou detetive do departamento de polícia de Mulungu, posso fazer algumas perguntas?

–Sim o senhor pode...–Falei sem nenhuma emoção.

– Ele era alguém muito importante para você, não estou certo? – Falou olhando para alguns papéis que estavam em suas mãos.

–Ele era meu pai.–Respondi

–Sabe se alguém tinha motivos para querer fazer isso a seu pai? - Perguntou me olhando.

–Não, não sei... não faço a menor idéia–Falei me levantando.

–Ele tinha algum envolvimento com algo ilegal?

–Não, era um homem trabalhador.–Respondi.

–Está bem–Disse respirando fundo - Você é um dos Hendersons, não é?

–Sim eu sou–Respondi.

–Certo. Mandaremos alguém do nosso pessoal para avisar sua família do ocorrido. - Ele falou pondo a mão em meu ombro.

–Está bem...–Disse com a tristeza martelando meu peito

–Sinto muito...– Foi então falar com os policiais.

Passou algum tempo e minha mãe chegou acompanhada de  meu irmão, Arthur. Já desesperada, correu em direção ao corpo de meu pai, mas não foi permitida que se aproximasse pelos policiais ajoelhou-se e chorou como nunca a vi chorar antes. Me aproximei e a abracei tentando confortá-la. Arthur conversava com os policiais.
Na tarde seguinte, o homem que deu sua vida pela a minha foi sepultado e, sinceramente não sabia que meu pai fosse tão querido. Haviam centenas de pessoas no cortejo. O padre fazia as orações por sua alma, minha mãe chorava e eu só pensava nas suas últimas palavras.

Depois do enterro todos foram embora e apenas eu fiquei lá. A chuva começou a cair, mas eu ainda me recusava a sair de perto do túmulo. Pensava no que iria fazer dali em diante. Caminhei um pouco pelo cemitério molhado até parar em frente ao túmulo de meu bisavô. Lembrei de seus conselhos e lições e aquilo me aliviou um pouco. A chuva caia ainda mais pesada, o vento soprava a medida que ia escurecendo e o crepúsculo se aproximava. Era hora de seguir em frente e cumprir minha promessa.

- Até mais... Meu pai... - falei descansando a mão em seu túmulo.

Depois que me "recuperei" daquilo tudo, procurei Arthur para saber se ele podia me ajudar de alguma forma. Tinha que fazer alguma coisa, não podia deixar faltar comida pra minha família.
Mas meu destino estava muito mais além do que apenas cuidar da casa.

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⏰ Última atualização: Sep 30, 2019 ⏰

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Justiceiro Mascarado:A Origem das SombrasOnde histórias criam vida. Descubra agora