capítulo 1

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História é a ciência que estuda o ser humano e sua ação no tempo e no espaço concomitantemente à análise de processos e eventos ocorridos no passado. O termo "História" também pode significar toda a informação do passado arquivada em todas as línguas por todo o mundo, por intermédio de registos históricos.
Eu sempre me orgulhei por conhecer cada detalhe de nossa história, mas quem lê um velho livro que trás palavras passadas nunca pode imaginar como tudo foi sangrento e doloroso, quantas pessoas inocentes vieram á morrer pelos dias de paz.
Afinal em um livro não vem escrito a dor de uma mãe por perder seu filho em um campo de batalha ou como um rei construiu seu império, em cima de quantas milhares de almas ele precisou passar por cima para se tornar quem é, para fazer parte da história.
Nos livros não vem uma lista com os nomes dos homens mortos em campos de batalha, tudo que sabemos é que eles apenas existiam.
Depois de todos os grimórios, sitações, pinturas, registros e livros que li, nunca pensei que uma guerra fosse assim, não havia glória no meio do sangue espalhado pelas ruas, não havia rei ou rainha quando o sangue do exército aliado e inimigo se unia no chão frio feito de pedras, percebi que não existia glória nos livros de história escrito pelos antigos mestres.
Nunca imaginei a imensa cidade dourada daquela forma, com suas ruas quase sempre floridas banhadas a sangue, aquela não era a Arcádia que eu lembrava.
O cheiro forte de carne queimada e sangue seco, não trazia a postura majestosa que a cidade havia ganhado por todos os longos séculos...
Os gritos de um exército quase extinto ecoava pelas áreas solitárias do campo de batalha, enquanto eu apenas olhava as imensas construções em ruinas, eu pensava que deveria ter escutado minha mãe, Suzana Stamborn, ela havia repetido inúmeras vezes para que eu me trancasse no quarto e não saísse até que ela mesma me buscasse;
"Os guardas irão proteje-la."
Era oque ela repetia. Mas minha teimosia e preocupação com meus amigos me levaram a um campo ensanguentado, onde inocentes estavam morrendo.
Observo uma silhueta correndo em meio aos corpos caídos ao chão e a fumaça atrapalhando minha visão.
- Talon..._ gritei ao reconhecer o rapaz, o mesmo me encarou e apesar de preocupado sorriu, um sorriso sincero.
- finalmente te achei_ sua voz jovem e rouca citou enquanto seus braços me apertavam, Talon assim como eu tinha 14 anos, seus cabelos negros faziam contraste com seus olhos da mesma cor.
-como me achou?!_ pergunto curiosa.
- você tem cheiro de rosas_ ele afirma, mechendo em meus cabelos brancos._- foi fácil te achar aqui.
Ele dá de ombros olhando em volta.
- Talon _ a voz rouca e familiar de seu irmão mais velho gritou irritado._- mandei ficar no esconderijo!_ sua voz soava em pura reprovação, seu olhar negro e acusatório desceu por mim.
- droga, eu posso saber o que a princesinha arcadiana está fazendo fora do castelo!_ minhas bochechas inflaram em vergonha por seu tom de voz banhado a asco, Talon revirou os olhos para o irmão, era uma situação um tanto quanto irônica, enquanto o irmão mais velho e habilidoso era rude e sarcástico, sempre centrado em seus objetivos; o mais novo era divertido e doce, vinham do mesmo lugar, mas com ideais de vida completamente diferente, talvez porque Damon fosse mais velho e lembrasse do que aconteceu fosse mais difícil para o mesmo.
- precisamos sair daqui, isso tudo vai desabar_ o irmão mais jovem falou decidido, enquanto eu apenas concordava com a cabeça sem saber ao certo para onde correr.
Eu nunca havia estado em um campo de batalha.
Não precisava ser um gênio para perceber que eu não era uma guerreira!, apesar de ter nascido em uma grande família eu era fraca. Não tinha uma força monstruosa e habilidades de luta como meu pai; Não era boa em magia como meus tios; Não sabia segurar um arco e flecha e usá-lo como minha mãe; e apesar do símbolo da minha casa ser um dragão, eu não tinha um.
Meus pensamentos são cortados com o som de tijolos pesados caindo ao chão, sinto meu corpo ser empurrado com rapidez para longe, e alguns gritos indecifráveis invadirem meus tímpanos confusos, o peso de um corpo grande caiu sobre mim, me desesperei ao imaginar que seria algum soldado ou cívil morto, mas os berros e chacoalhões de Damon me acordaram.
- Katarina, abra os olhos!_ sua voz saiu perto dos meus ouvidos, abri lentamente meus olhos vermelhos para encara-lo, observei seu rosto a centímetros dos meus, seus braços apoiavam seu peso sobe mim, e suas e enormes asas negras já não permaneciam escondidas em suas costas, agora as mesmas cobriam nossos corpos como uma espécie de armadura.
Minhas orbes se arregalaram ao observar que seus olhos não eram mais negros como a noite, sua esclera não era mais branca como de costume agora estava preta, e sua íris se encontrava em um tom escarlate, nunca imaginei que demônios pudessem ser assustadores e belos daquela forma.
Meus dedos curiosos correram para sua face, mas o mesmo se afastou rapidamente, meus olhos estavam extremamente arregalados enquanto ele se levantava me dando imensidão do tamanho de suas asas.
Desvio o olhar de Damon por um instante e busco Talon a nossa volta, se possível minhas orbes se arregalaram ainda mais.
- Talon?_ falo desesperada_- não não não!_ grito.

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