capítulo 2

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Minhas lágrimas percorriam a extensão de minhas bochechas sujas, enquanto eu não tinha reação perante ao que via...meu amigo, meu melhor amigo estava parcialmente soterrado por pedras, pedras que um dia foram grandes e belas construções.
- hey se acalme_ sua voz serena cochichou com dificuldade, aquela cena era de fato desesperadora, o sangue escorria lentamente de seus lábios.
- por favor... não_ sussurro chorando.
- saiam daqui!_ ele murmurou_- vai haver mais desmoronamentos...
- não vou te deixar_ disse segurando sua mão livre, ele sorriu mas então olhou para trás de mim, sigo seu olhar e me deparo com um Damon ajoelhado ao chão encarando o corpo do irmão mais novo, sua asas já não estavam mais presentes e seu olhos estavam novamente negro, um olhar negro e vazio, sinto meu coração apertar ao imaginar que se eu não tivesse sido teimosa...tudo séria diferente. Ninguém teria se machucado, Talon estaria seguro no esconderijo, não estaria morrendo.
- Damon, me escute_ a voz de Talon saiu quase que em um sussurro, seu irmão o encarou, mesmo sem derramar um lágrima eu sabia que sua alma estava em pedaços_- tire ela daqui...proteja ela!_ Damon apenas concorda com a cabeça e então se levanta.
- não pode tá falando sério!_ reclamo_- vamos tirá-lo daqui_ grito para o mesmo que seguia em passos decididos em minha direção, sua mãos enlaçam minha cintura com força e o mesmo começa a me carregar para longe.
- não_ grito me debatendo em seus braços.
Outro estrondo de pedras soa pelo ar, os enormes pesos terminam de cobrir o corpo de Talon sem dificuldade alguma, meu coração falha uma batida com a cena, minha última lembrança do meu único amigo era sua morte.
Volto a me debater, eu queria fazer algo queria voltar lá e desenterra-lo, salva-lo.
Os braços de Damon me jogam contra uma parede próxima, e sinto a dor do impacto atingir minhas costas, protegidas apenas pela camisola fina, seus braços rodearam meu corpo.
Damon tinha apenas 17 anos de idade, mas era incrivelmente musculoso e alto, talvez pelo seu esforço em treinar todos os dias de forma incansável.
- ela tá morto ok?_ ele gritou comigo, enquanto mais lágrimas caiampelo meu rosto._- você não podia fazer nada!_ ele gritou novamente._- sabe porquê?_ eu não sabia, e meu coração gelou com a resposta._- você é fraca!...
Seus braços quentes me soltaram, e como um impulso meu corpo desabou ao chão.
Sempre soube que era fraca, mais ouvir isso depois de perder uma pessoa querida era cruel.
- levanta!_ ele ordenou, o encarei por alguns segundos, comecei a lentamente me escorar pela parede para ter equilíbrio, não queria ver um demônio ainda mais irritado do que ele já estava, mas falhei miseravelmente quando ele voltou a se aproximar e me puxar para cima, como se eu tivesse apenas o peso de uma pena.
-ai_ reclamo pelo excesso de força que o rapaz usou no meu braço.
- não seja infantil pequena princesa_ ele debochou, se tinha algo que eu odiava em Damon era seu maldito deboche. Sem se quer esperar minha resposta ele voltou a caminhar.
Seus passos eram largos e apressados comparados aos meus, por maior o meu esforço para acompanhar o rapaz meus passos eram lentos.
Alguns rugidos pairavam o ar, tudo indicava que o inimigo também era um dragoniano, mas eu tinha fé nos deuses que Meliodas meu rei, e também meu avô acabaria com essa guerra.
A fumaça se espalhou por todos os cantos, e mais construções desmoronaram, ouço passos a minha volta e meu coração acelera.
- Damon_ grito tentando conter o desespero por perde-lo de vista.
- não deveria gritar assim mocinha..._ uma voz disse em um tom medonho, que causou calafrios em minha espinha, olho para todos os lados mas graças a fumaça e a poeira não consegui ver nada.
-Damon_ berrei em tom ainda mais alto e desesperado.
- cale a boca criança_ a voz disse irritada, um homem saiu das sombras, ele era baixinho e gordinho e sua cara estava cheia de cinzas, o mesmo tapou minha boca e me jogou no chão.
- olha só para você! Parece minha rainha..._ ele comentou pensativo._- você deve ser importante, que honra para mim..._ ele falou sarcástico, senti meu estômago embrulhar e me debati enquanto suas mãos ásperas rasgavam minha roupa, eu já não tinha mais controle sobre o meu choro e sobre meus atos eu estava desesperada, tudo que queria era que aquela maldita noite acabasse que tudo fosse um sonho, em uma tentativa de socorrer meu próprio corpo uso minhas mãos para afastar empurrar sua cabeça, sinto as minhas palmas esquentarem e então sua pele derreter. Seu grito de dor me fez encarar minhas próprias mãos, seu rosto estava completamente queimado.
- desgraçada_ ele berrou enquanto passava as mãos pela sua pele derretida, meu estômago embrulhou me fazendo vomitar todo o alimento que consumi no jantar .
Outra sombra surgiu em meio aos escombros, me preparei psicológica mente para mais um ataque, mas dessa vez era Damon, suas vestes estavam cobertas de sangue e seu olhos se encontravam novamente estranhos, respirei fundo enquanto seus passos rumaram até mim.
Corri na sua direção o abraçando, eu estava com medo, seus dedos passaram pela minha cintura me afastando, seus olhos estavam fixados no homem caído no chão ainda murmurando palavrões e choramingando pelo rosto queimado.
- Damon_ sussurei o observando, ele me afastou ainda mais e então seguiu para cima do soldado, foram inúmeros socos até o homem cair morto.
- tinha um grupo de soldados a frente, quando acabei vi que tinha sumido..._ ele se explicou, apenas concordei olhando o cadáver no chão.
Sinto o silêncio pairar sobre o ar e o olhar de Damon queimar sobre mim, não demorei a perceber o porquê, minhas roupas estava um trapo, me deixando descoberta em várias partes inclusive nos seios, uso meus braços magros para tampar meu busto e abaixo minha cabeça para o chão com vergonha.
-toma_ ele arranca a própria camisa de tecido negro e me entrega, não era como os tecidos usados no castelo leves e macios, aquele era rústico e pesado, coloquei a peça que ficou idêntica a um vestido em meu pequeno corpo.
O rapaz de belos olhos negros se aproximou, me deixando sem reação quando seus braços me envolveram me levantando do chão.
- vou carrega-la, assim você não me atrasa..._ ele sussurrou em meu ouvido, eu não discutiria por aquilo, eu estava cansada e machucada de mais para isso.

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