Capítulo 2

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Laila não conteve a tristeza ao ver Josh partindo, o homem que ela tanto amou simplesmente descartando-a de tal maneira, no fundo a jovem sabia que esse dia chegaria, Rafael havia transformado o amado contra a vontade dele, pena que ele sobreviveu a mordida, talvez o luto tivesse sido mais fácil de encarar do que suas crises durante a lua cheia. Mas seu coração fraco cedeu por uma falsa paixão, Josh começou a matar e aprendeu a ter prazer em sofrimento alheio, Laila também cedeu, recebeu a mordida e derrubou sangue civil para poder ser aceita na matilha de Rafael, onde todos tinham a marca de um assassino estampada na cor de seus olhos, ela matou e se deliciou com o sofrimento junto do homem que amava, mas essa ilusão também foi desfeita na noite em que sua vitima sobrevivou ao primeiro ataque.

O ataque seria preciso, ela tinha sua presa encurralada em um longo e estreito beco sem saída, mas ele escorregou e caiu escapando por poucos milímetros das garras da besta, a dor em seus olhos atravessou seu peito quando foi tentar refazer o golpe final, o velho homem deixou sua carteira cair quando tropeçou e como em um clichê de um filme de hollywood ela viu a foto de seus filhos:

-São seus?

Ele acenou positivamente, ainda tremendo:

-Eles têm mais alguém por eles?

Dessa vez ele acenou negativamente:

-Minha esposa morreu durante o parto - gaguejou - e os avós são muito idosos para cria-los sozinhos.

Laila esticou a mão e as garras lentamente se retraíram:

-Vá para sua casa, cuide dos seus filhos e principalmente não mencione isso para ninguém.

-Então vai abandona-lo Laila?- a jovem se arrepiou ao ouvir a voz de Josh - ele te viu e agora precisa morrer.

-Isso não compete a você.

O homem se encolheu no final do beco, novamente:

-Se você acha que pode me derrotar fique a vontade, não vou deixar que o mate – Retomou Laila.

Josh acendeu seus olhos, não estava disposto a ataca lá, mas não deixaria que sua vitima escapasse com vida, seriam punidos severamente por seu alfa:

-Você sabe que....

-Vamos – Gritou- Ou você acha que não sou capaz de lutar contra você? Ou que terá que pegar leve comigo?

- eu não quero machuca-la!

-Se prepare Josh, por que eu quero!

Laila saltou sobre a parede distraindo seu amado inimigo para que ela pudesse ganhar tempo, tomou impulso na parede girou o corpo e acertou seu rosto, Laila acordou na clareira, estava relembrando aquela maldita noite:

-JOSH! – gritou para as folhas e partiu na direção em que ele havia corrido,

Não secou as lagrimas que escorriam em seu rosto, seus olhos brilharam e as garras tornaram a saltar, suas costelas estralaram, um som doloroso que veio acompanhado de um grito que podia ser ouvido por alguns vários metros, ela segurou a blusa e a retirou tomando o cuidado para não destruí-la durante a transformação, tropeçou mais algumas vezes quando terminou de retirar o resto de suas roupas, seu corpo já havia sido completamente modificado, seu rosto deformara em uma face bestial:

-Era isso que eu estava falando!

Laila parou abruptamente ao ouvir Josh falando, não esperou a poeira abaixar, correu em sua direção sem ao menos deixa-lo pensar, ela então acertou seu rosto e mesmo não usando toda sua força as garras foram capazes de arrancar uma boa parte de seu rosto, o rapaz caiu de joelhos e começou sua transformação enquanto os tecidos se regeneravam de forma acelerada:

-Você sempre será uma assassina Laila, sempre!- sua voz se deformou em um rugido embora eles ainda pudessem se entender.

Um novo flash ofuscou sua vista, Alexia a segurava com força, seus olhos brilhavam em vermelho, a loba gritava pelo retorno psíquico de sua beta, esta que finalmente se deu conta do ocorrido:

-Deem espaço a ela – a ruiva gritou – preciso tira-la daqui.

-Não -ela interrompeu abruptamente- a missão foi dada e eu preciso informa-los sobre o resultado.

Desvencilhou-se da alfa e seguiu firmemente até o centro da clareira a loba, a raposa e o empata sentaram em alguns troncos caídos improvisados como bancos, Leila subiu em um palanque de pedra improvisado, tomou fôlego:

-Irmãos e irmãs nós sabemos que não sou digna de estar aqui e sei muito bem que ainda não somos aceitos entre vocês, graças a uma bondade de Alexia poucos da matilha de Rafael foram adotados por ela, e agora eu perdi minha única chance de me redimir com vocês, os ômegas não aceitaram nossa aliança e optaram pela guerra – Houve um pequeno murmúrio por entre os ouvintes, mas não se intensificou – Nós lutamos....

-Laila – Aléxia se levantou – Você não tinha outra opção?

-Infelizmente não, eu sabia que se eu não o atacasse ele traria minha cabeça em uma bandeja de prata para você, mas agora o recado foi dado, Josh infelizmente só entende a violência, logo precisei mostrar a ele que estamos prontos para o que for necessário.

Laila colocou a mão em um dos poucos bolsos que ainda estavam inteiros e jogou sobre a pedra um dos olhos que havia arrancado de Josh, a Iris ainda exibia o azul assassino, mas não tinha mais o brilho da vida, o lobo não conseguiria se regenerar de um órgão perdido, a não ser que o mesmo fosse recuperado:

-Portanto, irmãos e irmãs, a guerra esta declarada.

Crônicas de uma noite de lua cheiaOnde histórias criam vida. Descubra agora