Não é possível evitar a morte. Mas nós podemos atrasá-la bastante.
Professor Rock
São Paulo, 23 de dezembro de 1989, baile de formatura.
O DJ tocou uma sequência de tirar o fôlego: Depeche Mode, Erasure, Information Society e Michael Jackson.
– Uma última dança, Ana?
– Eu adoraria, Alex. Mas a música não é muito romântica – ela respondeu com aquele sorriso fascinante, apontando para a turma que fazia os passinhos do Thriller.
– A minha ideia é um pouco diferente. Vamos fazer um mundo só nosso por alguns minutos.
Ele tirou um walkman do bolso do paletó. Ajustou suavemente os fones de ouvido para que eles pudessem ouvir juntos. Então, retribuiu o sorriso e apertou o play.
A dança com os fones de ouvido. A música perfeita.
♪ ♪ ♪
O cheiro da Ana era maravilhoso.
Eles dançavam lentamente, como se o mundo estivesse parando. Puxou-a para mais perto e a segurou com confiança.
Ele deu um beijo no rosto dela, bem pertinho da boca.
Ela o abraçou mais forte. Os rostos ficaram colados e as bocas, lentamente, mas muito devagar mesmo, começaram a se aproximar.
...
O beijo Infinitum poderia fazer um final diferente.
∞
Eu ainda não acredito que isso aconteceu – era o que todos os alunos do colégio Casarão diziam sobre o ano de 1989.
Talvez você também não acredite.
Foi o ano de uma grande aventura. E de algumas perdas.
Aquela noite representava o fim de um ciclo. A escola havia acabado. Essa era a realidade. No dia seguinte, cada um daqueles jovens trilharia um caminho diferente, atrás dos seus sonhos.
O fim também era um novo começo.
O futuro. O desconhecido. A escola da vida.
Os planos eram muitos: uma profissão, abrir um negócio, morar no exterior, viajar o mundo, ou, simplesmente, o plano era descobrir o que eles queriam fazer de suas vidas.
Bem, estava chegando ao fim uma década inesquecível e mágica. Sim, você já deve ter ouvido falar que os anos 80 foram bons. Se você não viveu nessa época, pode confiar nisso: foi demais! E mesmo sem existir internet e celular.
A turma usava ficha no "orelhão" para ligar para alguém. Que e-mail que nada! Tinha que ir na Agência dos Correios. Antes do computador, as pessoas tinham máquina de escrever. Você errava, a letra grudava e ficava tudo borrado.
Mas dava tudo certo depois.
Não existia Facebook, Instagram, nem WhatsApp.
CD, DVD, Blu-Ray? Nem pensar.
A turma tinha fitacassete e regravava as músicas por cima, colocando um papel no furinho da fita.
Não tinha quadra de futebol society. Os meninos jogavam bola na rua. Um time de camisa. Outro sem. Alex sempre dava um jeito de ficar no time de camisa, pois tinha vergonha de mostrar os seus ossos. Umas pedras serviam de trave. E não tinha juiz. Ganhava quem era bom de grito. O dono da bola sempre jogava, mesmo que fosse ruim. O pior jogador era escolhido por último ou virava goleiro.
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Infinitum
Ficção AdolescenteAlex sempre sonhou em ser jovem para sempre, o que parecia impossível. Até ele descobrir o segredo do professor Rock, um homem que sabia tudo da vida e da morte. Agora é só reunir o garoto que nunca beijou, a menina dos seus sonhos e os melhores am...