Hyunwoo sempre preferiu a simplicidade da rotina. Depois de sofrer perdas dolorosas, estava conformado em passar algum tempo em Mulbang-ul, trancar seus sentimentos e colocar seus pensamentos no lugar.
Mas não esperava encontrar Yoo Kihyun. Intenso...
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Deixar Seoul não estava nos planos de Hyunwoo.
Na verdade, os últimos anos vinham sendo uma tempestade imparável de coisas saindo dos eixos e, mesmo assim, Hyunwoo não sabia se um dia iria se acostumar a essas mudanças. Afinal, esse era o princípio, certo? Que você nunca se acostumasse e se desse por satisfeito com uma realidade imutável.
Ele estava muito bem tentando levar a vida, um dia após o outro, mas a senhora Minjee sabia muito bem como convencê-lo a dar outro passo no escuro.
"Eu estou velha, morrendo. Não posso acreditar que meu único neto, tudo que me resta de família, está se negando a passar comigo meus últimos dias".
Ele sabia que ela não estava mentindo, exatamente, embora aquele teatro fosse um exagero. Minjee havia adoecido e sua idade avançada requeria cuidados, mas ela morava sozinha desde... Bem, desde sempre.
Mesmo que toda a família de seu pai tivesse suas raízes em Seoul, sua avó materna era do interior. Não se lembrava de tê-la visitado mais do que algumas poucas vezes durante alguns verões e, certamente, não pensava que algum dia moraria junto dela. No entanto, lá estava ele, na sala da casa da avó, separando os remédios que ela deveria tomar aquele dia no horário certo.
— Todos esses comprimidos vão me matar – ela resmungou.
— Mas a senhora precisa. Não pode ficar sem eles.
Era aquele mesmo discurso quase todos os dias, mas, naquele dia especificamente, ele estava um pouco mais preocupado do que o normal. Tinha finalmente conseguido um bico, talvez temporário como operador de som. Havia conversado apenas por telefone com o proprietário do lugar e trocaram alguns e-mails com informações relevantes e um portfólio com o trabalho de Hyunwoo, que foi o que rendeu aquela tentativa.
— Eu vou sair daqui a pouco – Hyunwoo disse – São quase 22h. Devo estar em casa apenas pela manhã. Deixei tudo separado sobre a mesa da cozinha. Se precisar de qualquer coisa me ligue.
— Eu já entendi, menino. Pode ir.
Mesmo dizendo isso, dona Minjee puxou o rosto do neto para lhe dar um beijo antes de sair. Hyunwoo não era muito de demonstrar emoções já havia alguns anos. Não era uma escolha, apenas aconteceu. Foram perdas demais em pouco tempo e sua maneira de lidar com isso não foi a melhor, mas foi o que o manteve são até aquele momento. Mesmo assim, isso não o impediu de dirigir um curto sorriso a avó antes de pegar as chaves da caminhonete do finado avô, sua mochila e sair de casa em direção ao endereço que lhe mandaram por e-mail.
Assim que pôs os pés fora de casa, apertou o casaco contra si. Tentava ignorar o frio que fazia naquele mês de Janeiro, mas era difícil.
Entrou rapidamente no carro, colocando a mochila no banco do passageiro e rumou até o local. A cidade não era grande, por isso depois de passar por algumas curtas avenidas, seguiu por uma ponte comprida e vazia àquele horário. Bem, vazia até chegar perto de seu destino.
