Ele me olhava tão profundamente que não pude saber se era sonho ou realidade.
-Uau... isso foi um chute certeiro ou realmente a gente se conhece de algum lugar?
Eu simplesmente não conseguia pronunciar sequer uma palavra, parecia estar em outro planeta perdida.
-Ola, tem alguém ai?
Finalmente consigo voltar ao som dos seus dedos estalando em frente a meu rosto.
-Ei, desculpe é que você...eu não estava esperando...
gaguejo em algumas palavras procurando a melhor forma de explicar o que acabava de acontecer. Era realmente ele? enquanto o olhava me via fazendo perguntas.
-O que exatamente você não estava esperando? a propósito você tem um nome?
-Sim claro, desculpe meu jeito. Me chamo Lyly.
-Muito prazer Lyly.
Estendo minha mão ainda admirada com a situação. Ao toca-lo minhas mãos pareciam frias e cobertas de suor ao mesmo tempo.
-Você me parece nervosa? parece que está vendo um fantasma. Quando a abordei você disse meu nome, por acaso a gente se conhece? perdoe mas não estou a reconhecendo.
Quanto mais ele falava mas o admirava.
-Desculpe esse meu jeito é que você está nos meus sonhos frequentemente, e agora já não sei mais o que é sonho e o que é realidade.
Ao dizer essas palavras sinto que Jonathan me olha atentamente, ele não sequer piscava.
-Desculpe, mas é a primeira vez que recebo uma cantada no metrô e desse nível, você me surpreendeu agora.
Jonathan sorri deixando as bochechas de Lyly coradas, ela estava completamente sem jeito.
-Ai meu Deus, não é isso Jonathan, você entendeu errado.
Lyly tenta sair da situação embaraçosa a qual se via naquele momento.
-Então me explica como estou nos seus sonhos frequentemente Lyly, agora estou curioso.
Diz Jonathan com um sorriso bem sarcástico.
-Eu...eu...
Lyly começa a gaguejar novamente quando o metrô começa a desacelerar até parar em sua próxima estação.
-Desculpe mas eu preciso descer aqui.
Feito um relâmpago Lyly apanha suas coisas e sai imediatamente do metrô, sem dar chances de Jonathan sequer fazer mais perguntas.
-Espere Lyly, mas eu vou te ver novamente?
Olho para trás e vejo as portas se fecharem. Ele estava de pé olhando para mim. Sussurro mas ele não pode me ouvir.
-Espero que sim Jonathan, espero muito que sim.
...
Após ter que esperar um próximo metrô finalmente estou em casa.
Papa fica aliviado ao meu ver, afinal fiquei fora um bom tempo. Logo sou recebida com um longo abraço apertado.-Você esta ficando especialista em me deixar preocupado querida. Por onde andou?
"Apesar de esta confusa com tudo que vinha acontecendo uma coisa nunca mudou. O jeito de papa ser tão cuidadoso e atencioso. Me dói as vezes o deixar tão preocupado, ele já esta ficando velho pra ter essas preocupações com a filha rebelde. Mas tento dar valor ao máximo pra ele. Só Deus sabe o quão difícil foi criar uma filha sozinho. Te amo pai, você será pra sempre o meu papa".
-Estava por ai papa, fui andar um pouco pra clarear as idéias e tentar entender o que esta acontecendo com sua filha.
-E conseguiu?
-Ainda não papa, mas juro que estou me esforçando.
-Oh querida, não force sua cabeça muito, a única coisa que você não pode esquecer é que eu te amo e estarei sempre aqui com você.
-Obrigado papa. Te amo, agora vou tomar um banho e dormi um pouco.
-Ta bem querida, bom descanso.Subo as escadas até meu quarto jogo minhas coisas na cama e diretamente vou até ao banheiro. Ligo chuveiro e enquanto a água quente percorre da cabeça até os meus pés me lembro das palavras de Jonathan em meio sonho para eu não esquece-lo. Mas a questão é que eu lembro de tudo, e de cada detalhe.
-Pelo jeito vai ser eu que vai ter que fazer você lembrar Jonathan.
Após o banho a última coisa que me lembro foi do meu corpo indo de encontro a minha cama. Eu simplesmente apaguei de sono.
...
28 de agosto,Consultório de psicologia Dr. Fernando.
-Boa noite doutor, desculpe a demora mas fiquei preso no metrô.
- Não tem problema Jonathan, o que são alguns minutos. Então vamos começar a sessão de hoje?
-Sim claro."28 de agosto, 22hs 45, paciente Jonathan Nilsen."
-Então Jonathan, a secretária me ligou dizendo que você precisava de uma sessão extra, aconteceu alguma coisa? Você lembrou de algo a mais?
- Eu acho que encontrei ela doutor, na verdade foi ela quem me achou.
-Ela? Você poderia ser mais específico?
-Ela, a garota dos meus sonhos.
-Como isso é possível? Onde você a viu?
-Nós pegamos o mesmo metrô, ela sentou- se ao meu lado. Não pude reconhecer na hora, mas agora eu me lembro doutor. Cabelos castanhos, olhos azuis, ela não está só mais nos meus sonhos, ela é real e se chama Lyly.
...Continua...
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Além do Tempo
Short StoryAo acordar sem memória em um hospital, Lyly Dixon luta de todas as formas para lembrar de seu passado, mas algumas revelações e acontecimentos começam a causar dúvidas entre a realidade e a pura ilusão. #ConcursoTheBest