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"Quando oiei a terra ardendo
Qual fogueira de São João
Eu perguntei a Deus do céu, ai
Por que tamanha judiação."

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  Chegara o grande dia.

  Dia de festa.

  Dia de dança.

  Dia de comer.

  Dia de Festa junina!

  - Bom dia mamis. - Digo entrando na cozinha e sentindo um cheiro de queimado.

  - Bom filhota, fiz um cafézinho e pão de queijo para você.

  - Acordei sem fome hoje - Desconverso.

  - Mas pode comer, esse seu mau humor matinal só passa depois de um cafézinho.

Era verdade, meu dia só começava depois que eu comia. Sentei-me a mesa.

  - Mãe, que cheiro é esse? O pão de queijo tá queimando.

  - Tá no tempo certo filha, coloquei faz 40 minutinhos.

  - Mãe! Você viu na embalagem o tempo?

  - Claro que vi né filha.

  Pego a embalagem do pão de  queijo pronto que se encontrava sobre a pia.

  - Mãe.... É 20 minutos, não quarenta. - Digo ao mesmo tempo em que uma fumaça escura invade a cozinha.

  - 20? Não é possível, tinha certeza que era 40. - Ela toma o plastico das minhas mãos tentando ler o que está escrito e, ignorando completamente o fato da nossa cozinha estar quase pagando fogo

  - Mãe o pão de queijo!

  - Ah verdade, vou tirar. -  Ela procura um pano de prato atrapalhadamente.

  Pop.

  O som saí do fogão. Tiro-o da tomada e, desligo logo o fogo e o botijão de gás.

  - Mãe deixa eu tirar.

  - Você vai se queimar.

  - Não vou mãe.

  - Mas coloca esse outro pano no rosto, com essa fumaça é perigoso você desmaiar. - Ela ri da própria bagunça que criou.

  Abro o forno e uma nuvem preta vai em direção ao meu rosto, suspiro, havia acabado de lavar meu cabelo.

  Tiro o pãozinho de lá, ou melhor, o tijolinho.

  - Aí filha desculpa, um dia ainda viro master chef, mas hoje tem só o cafézinho mesmo, quer eu eu vá na padaria?

  - Não precisa se desculpar mãe, eu nem estava com fome hoje.

  - Mas toma um cafézinho. Hoje eu não esqueci do açúcar. - Ela coloca uma xícara na minha frente.

  Tomo um golinho disfarçando a careta, estava super doce, mamãe  havia colocado café no açúcar, não açúcar no café.

  - E aí? Como está o meu café?

  - Nossa mãe - Digo fazendo uma pausa. - Dessa vez você se superou. - Não é de tudo mentira, nunca havia tomado um café tão ruim em toda a minha vida. Mamãe era boa em muitas coisas, como costurar e fazer maquiagem, mas gastronomia não era seu forte.

  Eu e papai dizemos que a comida está boa ( mesmo ela sabendo que é mentira ), para incentiva-la, pois sabiamos que ela estava se esforçando.

  E é aquele ditado né, o que vale é a intenção.

Cinderela de São João Onde histórias criam vida. Descubra agora