bônus

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dois anos depois

p.o.v's Johnny

estou desesperado, simplesmente desesperado. desde o dia na cafeteria, s/n tem "assombrado" meus sonhos e perturbado minha mente.

quando estou acordado, minha cabeça se ocupa lembrando de seu sorriso, seu cheiro e de seu abraço. aquele abraço me fazia esquecer todas as coisas ruins que me aconteciam. s/n era meu remédio para qualquer problema.

e quando estou dormindo, ela aparece em meus sonhos, as vezes em bons momentos que vivemos, outras em pesadelos onde eu posso sentir mais uma vez a dor de perdê-la. quando isso vai acabar?

é impossível segurar as lágrimas em dias cinzas, dias de chuva. é como se até mesmo o céu estivesse se lamentando por nossa separação, como se ele compreendesse minha dor. então, choramos juntos.

me sinto idiota, burro e com um enorme vazio no peito -mesmo com meu coração cheio, pois nele está uma linda história, a mais bela história de amor que pode existir e que eu pude viver-, eu estou colhendo o que plantei. negociei meu futuro, ignorando tudo e todos que estavam ao meu redor, esquecendo dos sentimentos e me afundando na ganância, pensando apenas no dinheiro, sucesso e fama.

sabia que em algum momento, todos me deixariam ou algo aconteceria -algo natural- e eles sairiam da minha vida. eu não me importava com isso, mas tinha medo de perder meu maior tesouro, ao lado dele eu me sentia o melhor homem da superfície terrestre e ao mesmo tempo, sentia insegurança e medo.

meu tesouro poderia me deixar a qualquer momento, por qualquer motivo, mas o destino foi mais rápido, os negócios falaram mais alto e eu pensei que me sentiria seguro estando sozinho. então fui obrigado e deixá-lo antes que ele o fizesse comigo, fui contra o meu coração -que estava certo- e segui meu cérebro, o meu racional.

eu deveria ter ganhado muito, mas eu perdi mais do que imaginei.

p.o.v's S/n

já é noite e está muito frio, um pouco tarde também, mas estou caminhando pelas ruas da cidade. gosto de longas caminhadas noturnas, só assim consigo por a cabeça no lugar e pensar sobre tudo. dessa forma eu me sinto mais tranquila e relaxada.

e é isso que preciso, relaxar.

não durmo bem a dias, quase não tenho apetite e estou levando a vida como posso. esses são os sintomas que meu desastre natural deixou, me deixou desanimada como se tivesse levado consigo todo o meu ânimo, toda a minha alegria.

avistei um ponto de ônibus um pouco mais a frente. andei em passos lentos até ele, onde me sentei e fiquei apreciando o silêncio do local. estou em uma avenida bastante movimentada durante o dia, mas que agora a noite, está super calma.

sorrio fraco olhando para as faixas pintadas em branco na pista, encosto minha cabeça na "proteção" de vidro que envolve o ponto de ônibus -aquela que acolhe os que esperam ali em dias de chuva- e desabo em lágrimas, quase sem perceber.

a visão embaçada foi a única coisa que me fez perceber estar chorando. é como se eu estivesse acostumada, como se tivesse chorando tanto que nem me dou conta quando isso me acontece.

muitos dizem que chorar faz bem e que alivia a alma, mas tenho duvidado disso. minhas lágrimas não conseguem aliviar a dor que sinto, a dor do coração partido. elas nunca vão aliviar essa dor.

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