3. Estou aqui, está tudo bem

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Devia ser quase quatro da tarde quando eu enfim saí da aula, um pouco sonolento e faminto. Comprei um sorvete de casquinha e comecei a andar em direção ao ponto que levaria-me até em casa, que graças aos céus, ficava perto de onde eu estava.

Eu odiava ter de passar por ruas vazias todos os dias após o curso, porque costumava ter muitos assaltos e valentões por aqui. Bem, eu não me preocupava com os valentões, e sim com os bandidos. Se eu fosse roubado, minha mãe me lascaria um tapa tão forte na fuça que partiria-a ao meio. Ela é o único valentão o qual me deixa amedrontado e covarde. Ô mulher, viu!

Eu havia acabado meu sorvete, então logo limpei meus dedos com o pequeno guardanapo. Procurei por uma lixeira para poder jogar fora, e fui até o beco. Eu me aproximei e joguei o lixo no lixo, me virando para sair e seguir a rotina, como sempre fazia.

Isso claro, antes de um grito choroso e alto tomar totalmente a minha atenção.

O som estridente soara atrás de mim e logo me virei, vendo claramente dois caras gigantes no fundo do beco. Tinha alguém... No chão?!

Roubo?

Peguei meu celular de imediato e a primeira coisa que fiz foi ligar para a polícia. Quando me aproximei, vagamente e me escondendo um pouco por detrás das lixeiras e móveis velhos e quebrados, notei que na verdade, não era um roubo.

Era claramente bullying!

Estalei a língua, irritado.

A polícia atendeu e de imediato falei minha localização e o que estava acontecendo. Aqueles caras estavam pisando violentamente no pobre garoto e isso era inadmissível. Eu não conseguia ver o rosto do menino, pois ele estava totalmente virado para o lado oposto, abraçando seu próprio corpo enquanto tremia um pouco.

Agh, pobrezinho...

— Estaremos aí em breve.

A polícia encerrou a ligação e eu já estava pronto para sair dali. Porque... Não deveria me meter em confusão, certo?

— Ahw! P-por favor, parem- AH! — o outro choramingou, a voz do rapaz estava desafinada e gritante.

Ele estava sofrendo.

Eu corri até as ruas, um pouco afoito e olhei em volta, decepcionado por ainda não ter nenhuma viatura. Quando eles chegariam?!

Ao que voltei para o beco e vi que os trombadinhas não haviam parado com a agressão, comecei a ficar vermelho e suspirando de raiva. Eu simplesmente abomino isso, eu odeio e juro que... É impossível de suportar.

Simplesmente não dá.

Mas eu sabia que eles eram gigantes e que eu sou um tampinha e... Poderia acabar apanhando junto. Isso ajudaria em algo?

Ouvi os choramingos do menino e ajeitei o óculos em meu rosto antes de soltar minha bolsa no chão.

Não posso só ficar olhando. Não devo apenas olhar!

Eu comecei a andar na direção deles e passei a escutar suas risadas e comentários maldosos, assim como o choro do menino estirado no chão, que vez ou outra implorava para os outros pararem.

Olhei para os lados e me deparei... Com um cano de ferro.

E uma garrafa de vinho vazia.

A primeira coisa que fiz foi tirar os óculos, enxergando meio mal, mas ainda sim enxergando, e quando peguei a garrafa de vidro no chão, o mais baixo entre os dois babacas me notou. Eu já estava bem próximo.

— Ei, Seunghyun, tem um anão-

Antes que o outro, de fato, entregasse minha presença, eu joguei com força a garrafa na sua direção e, se ele não tivesse se abaixado naquele momento, eu o acertaria em cheio.

Um clichê nem um pouco clichê {kookmin}Onde histórias criam vida. Descubra agora