Agente Boorman: Destinada A Você

Capítulo - 19

Liane correu e o abraçou parecendo estar arrasada, não sabia o que estava acontecendo. Ela o apertou, os braços por volta de sua cintura e ele a abraçou ainda mais, tentando acalma-la.

Deveria ser alguma coisa grave para deixa-la tão triste, ela soluçava sem parar com o rosto enfiado em seu peito, Fernando não sabia o que falar ou o que fazer. Não gostava de presenciar ninguém chorando, pois não sabia como consolar as pessoas, nunca foi bom em ser carinhoso, não sabia o que falar para conforta-las, ele sempre travava em situações como estas. Como quando ele teve que contar para uma mãe que seu filho de apenas quatro anos foi morto pela madrasta, olha-la chorar mexia com algo dentro dele, no entanto sempre travava sem conseguir demonstrar pesar pela dor alheia, não que não sentisse, sempre sentia dor, vazio, infelicidade, mas era incapaz de demonstrar qualquer sentimento de fraqueza.

Levou as mãos aos cabelos dela travando uma luta interna entre como deveria ser e como deveria agir. Sabia que não deveria mais ser aquele cara frio e rabugento de antes, não tinha o por que ser assim com alguém tão doce e carinhosa com ele.

- Liane o que aconteceu? - Afastou seu rosto para olha-la, os olhos vermelhos e o rosto banhado por lagrimas.

Quem quer que a tenha feito chorar iria se ver com ele. E algo lhe dizia que o moleque que saiu da sala na hora em que havia chegado tinha alguma coisa a haver com isso.

Ela passou o dorso das mãos nos olhos e depois balançou a cabeça para os lados negativamente.

- O Thomas. - Não conseguiu evitar sentisse enciumado com a intimidade na qual ela pronunciou o nome - A gente brigou.

- Thomas... - O nome saiu com um pouco de amargor - Posso saber quem é ele.

- Um irmão, amigo... sei lá. Nem sei mais o que somos. Será que tem um tempinho para conversar?

Fernando sorriu e a beijou seus lábios, até chorando com o rosto inchado e vermelho ela conseguia ser linda e atraente. Olhou as horas em seu relógio de pulso, ainda estava cedo, tinha fugido do trabalho para almoçar com ela.

- Claro que tenho, volto para o trabalho apenas as duas.

Antes de saírem observou atentamente o local de trabalho de Liane, era um prédio grande no centro, ainda havia algumas crianças por ali, elas sorriam e abraçavam sua namorada que retribuía o gesto com muito carinho. Pensando bem agora, ela parecia tão protetora, o modo como agia com as crianças, como se fossem suas, o olhar amoroso, isso o fez imaginar como seria majestoso vê-la com um vestido longo, carregando um bebê em seu ventre, sorrindo para ele da forma amorosa como sempre fazia, de repente se espantou com o rumo em que seus pensamentos estavam indo, como seria ter Liane com ele todos os dias? Ver ela carregar um filho seu por aí?

Seu coração bateu de forma calorosa no peito, a vontade de ter uma família. Havia dias em que a solidão reinava dentro de si, dentro de seu apartamento tedioso, era deplorável, o vazio e o silêncio muitas vezes faziam-no enlouquecer. Talvez aquele vazio imenso estará ligado ao desejo insuportável de amar e ser amado.

Durante o almoço Liane lhe contou tudo o que tinha acontecido entre ela e o tal Thomas, da relação deles, da amizade, de como ela o considerava um irmão e o amava como tal, a maneira como ela falava dele sentia-se estranho, parecia que ela sabia de tudo sobre ele, e ele sabia tudo sobre sua namorada, mais que ele. Uma pontada de ciúmes o atingiu, queria participar de momentos felizes com ela, não só na cama, mas de suas realizações, queria mais, muita mais, queria fazer parte de tudo que ela viesse a construir. Juntos.

Se despediu de Liane e foi direto para o distrito, iria descobrir onde esse Thomas morava, iria aproveitar que tinha acesso a várias informações e iria atrás do canalha, ele mesmo iria falar com ele e fazê-lo pedir desculpas para Liane, por mais que não gostasse da ideia de ela ter um melhor amigo - um que diz ser apaixonado por ela -, não conseguia vê-la triste, se preocupava com ela o suficiente para detestar vê-la infeliz.