Aqualuna: Capital Reino da água 07:36 AM
"Se eu fugisse será que eu finalmente poderia ser livre e viveria uma vida normal? Mas uma vida normal seria chata e eu não gosto de coisas chatas então é melhor não ser normal. Mas ser livre não seria nada mal".
Era isso que KyungSoo pensava todas as vezes em que acordava e se pegava pensando em como seu dia seria, sua cabeça era um caos todos os dias.
Ao levantar de sua cama, enrolado em sua manta azul marinho e colocar os pés no chão sentiu um choque térmico sentindo o frio lhe subir a espinha pela manhã gélida de Fevereiro.Mais um ano letivo iria se iniciar só que dessa vez seria diferente, sabia que todo o seu dia estaria programado da forma que seus pais haviam cronometrado o seu tempo. Só esqueceu de lembrar na noite anterior que nesse cronograma incluía levantar as 06:00 da manhã e ele estava exatamente uma hora e meia atrasado para a cerimônia de iniciação de calouros do instituto, e o pior sua mãe estava já aos berros do outro lado da porta dizendo que iria trancar sua bolsa antes mesmo dele começar a estudar. Ficar acordado para ver o nascer do sol não era mais uma opção pelo menos não até acabar os seus próximos anos letivos que estavam por vir.
— Do KyungSoo, saia ja desse quarto antes que eu arrebente essa porta ou eu juro pela mãe terra que você fica sem couro porque eu vou arrancar no tapa! A cerimônia começa daqui 20 minutos e você sequer tomou café. Desça logo pois seu país está te esperando para irem juntos até o instituto.
Gritava a senhora Do Yuang desesperada porque o filho perfeito não poderia se atrasar e blá blá blá. Sua mãe era um amor, mas quando queria ser chata conseguia ser pior que uma bolada no saco. Revirava os olhos com força todas as vezes que pensava que vivia pra ser um fantoche da boa vontade dos pais, se perguntava se em alguma vida passada foi alguém bem ruim com seus pais para nessa vida seus pais serem daquele jeito com ele.
— A mocinha finalmente decidiu levantar da cama e vir tomar café? — Disse senhor Do Kwon com o maior sarcasmo. Não entendia bem toda essa atitude de seu pai, mas também não o questionava. Sempre se pegava pensando;
"Quem sabe se todos esses anos dando aula para um bando de jovens rebeldes acabou lhe deixando sequelado."
Pensar isso era engraçado mas tinha que disfarçar, só de pensar em seu pai saber metade do seus pensamentos sentia medo da reação que ele teria, mas não deixaria de soltar um veneno de cada dia.— Pois é pai, a moça aqui precisava fazer as unhas e alisar o cabelo antes da cerimônia, inclusive adorei a cor da suas unhas pai combina com seus olhos.
Fazer cara de inocente nessas horas só fazia com que seu pai ficasse com mais raiva, sabia que ele não gostava de seu sarcasmo e era aí que ele fazia mais ainda cara de desentendido e o pior era que sua mãe acabava rindo de suas piadas, ainda mais quando eram direcionada ao seu marido mal humorado.
— Muito engraçado você não é, ao invés de estudar Cosmologia deveria ter virado palhaço, não sei porquê eu ainda suporto seus desaforos.
Disse senhor Do, com sua cara de poucos amigos de sempre, parecia que chupava um limão antes de falar com as pessoas. Como alguém poderia ter tanto mal humor assim?— Porque você o ama e ele é um ótimo filho, o seu único filho, matá-lo por mais que seja uma tentação não é uma opção.
Era perceptível de quem KyungSoo havia puxado o sarcasmo, Yuang era a melhor mãe e a mais debochada também, mas isso sempre acabava gerando discussão entre o casal, nada muito grave só pequenas alfinetadas entre os dois. Ainda assim, se meter não era uma opção.Naquele exato momento Soo percebia que nada na sua vida faz sentido. Parando pra pensar qual o sentido da vida? E por que tudo passa em câmera lenta? Entre devaneios em seu próprio mundo respondia perguntas para si mesmo que ninguém conseguia responder, como; "Cegos sonham? Quem veio primeiro o ovo ou a galinha? Porque milho verde e amarelo?".
Era melhor pensar nessas coisas, não valia a pena se meter em uma discussão de seus pais que se iniciou no momento em que deu corda pra sua mãe debochar do patriarca em plena manhã de segunda feira.Colocou a cabeça apoiada na mesa para não fazer cara de pouco caso na frente de seus pais, fechou os olhos e respirou fundo porque só uma coisa passava por sua cabeça,
"Essa semana vai ser um porre."Já levantado da mesa Soo nem se importou se não havia comido direito e ainda bem que seus pais nunca reparavam nisso, eles nunca notavam pois as refeições da casa eram meramente decorativas. Era sempre a mesma coisa, um alfinetando o outro eternamente. Não que eles não se importassem com as refeições mas sabiam que até eles mesmo eram forçados a esse convívio, viviam constantemente uma rotina desgastante então acabavam agradecendo mentalmente pela convivência diária em suas refeições pois apesar de tudo apreciavam a companhia uns dos outros.
Ao levantar deu um beijo na testa de sua mãe, pegou sua mochila que já estava pronta desde o dia anterior apoiada na parede da sala, — Já que sua mãe fez questão de arrumar pessoalmente. — abriu e checou se tudo estava devidamente arrumado e até mesmo seus equipamentos de mapeamento estavam lá, Senhora Do sempre meticulosa e prestativa.
Já que tudo estava organizado se pôs a ir em direção a saída e chamou seu pai, afinal ele adorava dizer que estava atrasado mas comia numa lentidão que nem parecia que estava atrasado.— Pai, já que estamos atrasados estou indo pro carro, se não a cerimónia vai começar sem o reitor e o líder do programa de adaptação dos reinos. —Disse Soo cruzando o corredor que liga a cozinha e a sala indo em direção a porta.
— Eu já acabei mesmo de comer já estou indo. Yuang vou voltar de tarde para o almoço, já que não poderei estar no jantar por causa da iniciação. E acredito que o Soo também não já que as coisas dele já foram mandadas para o alojamento do instituto, até mais tarde meu amor.
Senhor Do deu um beijo em sua esposa e se retirou seguindo Soo até o jardim perto da fonte, onde o carro estava estacionado. Antes de abrir a porta do carro Soo franziu a testa pensando em algo que havia se questionado há muito tempo.— Eu não entendo...
— Não entende o que Soo?
— Por que me escolheu para ser o líder do projeto se vive falando que sou incapaz de fazer algo direito e vive me criticando.
Entrando no banco passageiro viu seu pai pensativo, enquanto colocava o cinto e a chave na ignição do carro.— Porque por mais que você negue Soo você odeia ser desafiado ou taxado como incompetente pois sabe que é capaz de fazer qualquer coisa ainda mais quando é desafiado, faço isso apenas para te incentivar a sempre querer ter e fazer muito mais do que se acha ser capaz.
Soo apenas acenou com a cabeça tentando absorver o que havia acabado de ouvir porque não era possível que tudo aquilo era um tipo de teste, então decidiu rebater.
— Então quer dizer que todos esses meses que o senhor estava no meu pé era só para que eu fizesse meu melhor, acreditava estar certo sobre mim porque sabia que eu faria o de tudo para ser o Líder?
— Não é bem assim Soo.
— Claro que é pai. Uau! O senhor realmente sabe manipular as pessoas, gostei vou aderir.
— Larga de ser idiota moleque, falando desse jeito faz parecer idiota, eu fiz isso porque eu sei que você é capaz de ser o melhor e eu não confiaria em ninguém para fazer isso além de você, e por mais que você seja meio fora da caixinha às vezes sei que você é capaz de superar as minhas expectativas.
— Nossa pai, o senh...
— Nossa nada moleque, cale a boca antes que você estrague todo o meu discurso de pai que se importa com o filho e vamos logo antes que a gente só chegue na sua formatura.
— Ok ok, bico calado e vamos nessa.

VOCÊ ESTÁ LENDO
Descendents of the cosmos
FanficUm dia, há muito tempo, o pecado dos pais se tornou pecado dos filhos, e a cada geração esse pecado se amplia, uma vez que nada é feito para redimi-lo. Carregar o peso de um erro que não é seu, viver entrelaçado à alguém e ser fadado a ver um amor...