Ousada

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(...) Ela tem uma graça de pantera
No andar bem-comportado de menina.
No molejo em que vem sempre se espera
Que de repente ela lhe salte em cima."

Soneto de Luz e Treva – Vinícius de Moraes

***

Estou sentada no bar, em uma mesa rodeada de amigos, enquanto sinto o vento gelado morder o meu rosto. Não sei ao certo que horas são; mas pela quantidade de pessoas na rua, posso apostar que já se passa das 2h.

Continuo tentando fingir normalidade e conversar sobre um assunto qualquer, enquanto os dedos de Suzanah deslizam discretamente pelo meu sexo encharcado, embaixo da mesa. Engulo em seco e ela me olha de um jeito perverso, com um sorriso brincando no canto da boca, como quem se diverte com uma piada sórdida – O que desconfio ser exatamente o caso.

Me remexo suavemente e sinto seu indicador circular o meu clitóris, me fazendo apertar por dentro. Filha da puta! Ela afasta as minhas pernas um pouco mais, enquanto finge dar atenção à um assunto qualquer, e eu me esforço para não morder os lábios na medida em que ela aumenta a velocidade, me tocando maliciosamente.

Céus, como fui parar ali mesmo? Ah, sim, a resposta era óbvia: Ela queria transar e eu neguei, insistindo para que fôssemos à um Pub, comemorar o aniversário de uma colega de trabalho. Aparentemente, lhe pareceu um plano excelente realizar as duas coisas ao mesmo tempo. Cretina, 1x0 para você.

Okay, para ser sincera, devo confessar que tive a minha parcela de culpa nessa história. Eu acordei com tesão e decidi provoca-la, sabendo que não teríamos tempo para satisfazer nossos desejos em casa. Assim, passei um perfume marcante e prendi o cabelo de um jeito que me deixava sexy. Embora estivesse com um vestidinho casual, sabia exatamente o que ela sentiria, quando tocasse a calcinha de renda, minúscula, que eu escondia sob o vestido. Porém, nem em meus pensamentos mais obscenos me ocorreu que Suzanah iria testar o novo joguinho ali, em um lugar abarrotado de pessoas. Maravilha.

Aquilo definitivamente não iria terminar bem. Por mais que eu tentasse parecer tranquila e despreocupada, tenho certeza que meu rosto demonstrava outra coisa. Ao passo em que eu tentava elaborar uma frase coerente, ela massageava a minha boceta, inserindo os dedos na entrada e tirando devagar. Uma, duas, três vezes. Senti meu líquido escorrer e molhar a minha coxa, na medida em que ela aumentava o ritmo das estocadas, brincando de forma fortuita com o meu clitóris.

Apertei o copo de cerveja e fechei os olhos, praguejando internamente, enquanto a eletricidade se espalhava pelo meu corpo. Ah, dane-se! Eu estava tão perto... Abri os olhos, já pensando em suplicar para que não parasse, quando ela maldosamente encostou os lábios na minha orelha e sussurrou, com um sorriso na voz: “Ainda não, minha delícia. ”

Um misto de emoções se passou pela minha mente. Uma parte gigantesca de mim queria castiga-la ali mesmo, morder os seus lábios, sua bunda, ensiná-la sobre joguinhos de poder. Outra, ainda maior, desejava que ela continuasse o trabalho só mais um pouquinho e me fizesse explodir em um daqueles orgasmos maravilhosos, que só ela sabia dar.

No final das contas, não rolou. Ela assumiu o controle da conversa e chamou a atenção dos nossos colegas para si, enquanto eu apoiava o meu rosto em seu peito e tentava discretamente normalizar a respiração. Para quem nos observava, não havia nada fora do script; apenas mais um casal, trocando carinhos na noite Bohemia de São Paulo. Mas, para mim, era mais - Muito mais.

“Ah, Suzan, Suzan... Você me paga. Espera só pra ver.”. Pensei, enquanto mordia de leve a sua orelha.

Ela me olhou de um sorriso malicioso, que fez o meu coração quase pular dentro do peito. Ok, minha deusa, vamos jogar!

Sob a Luz do DesejoOnde histórias criam vida. Descubra agora