SHINING STAR

stars

7 de fevereiro de 1984

Jeongguk acordou feliz, mesmo com as costas doridas. Tinha receio, porém. Não sabia se a noite anterior tinha sido mesmo real, ou apenas parte dos seus sonhos. Mais um que nunca se concretizou, como aquele dia em que Jeongguk sentiu o vento no cimo da Torre Eiffel. Jeongguk estava acompanhado de alguém, que não conseguiu identificar, como em tantos outros. Este estava com as costas viradas para si e era alto. Mais alto que Jeongguk. O seu cabelo era vermelho e voava em várias direções, devido à brisa fresca. Quando Jeongguk ia chamar por si, tudo aquilo desapareceu com um clarão e Jeongguk viu-se na sua cama. No seu quarto. Na sua bolha. Sozinho. Tinha sido uma mentira. Nada tinha acontecido. Mesmo parecendo real demais... tinha sido um sonho. Apenas isso. Esse acontecimento tinha-se passado uma semana antes e Jeongguk não se tinha relembrado do mesmo. Até àquele momento.

Mandando os seus pensamentos embora com um encolher de ombros, Jeongguk levantou-se da sua cama, andando pela bolha até à cozinha. Ninguém. Jeongguk sabia que nunca era deixado sozinho em casa e a sua mãe só trabalhava à noite, quando o seu irmão voltava para casa, então, a sua mãe teria de estar em algum lado.

"Mamã!" Jeongguk gritou, ouvindo a sua mãe responder do lado de fora da casa. Este sorriu, sabendo o que a sua mamã estava a fazer. Correu até à sua janela, vendo que grande parte do gelo tinha derretido, devido à temperatura mais elevada que antes. Jeongguk olhou para o céu e sorriu quando viu uma pontinha de raios solares a quererem atravessar uma nuvem gigante. Jeongguk gostava de luz, mas a sua preferida era a das estrelas. Mesmo que não fossem tão fortes quanto o sol individualmente, estas, quando se juntavam, eram mais poderosas que tudo o que Jeongguk já viu. Não era como se tivesse visto muito, mas gostava de pensar que sim. Embora quisesse ver mais, muito mais.

Lá estava a sua mãe, vestindo preto. Ela sempre escolhia usar roupas escuras. Jeongguk não sabia o porquê da palete de cores do roupeiro da sua mãe ser demasiado escuro e sem graça, mas fez uma nota mental para depois lhe perguntar. Esta regava as plantas que estavam no seu cantinho seguro, longe de qualquer tipo de obstáculo, como chuva ou neve. Jeongguk decidiu pintar a madeira sobre estas de branco. Claro que não o fez – mesmo que quisesse, não podia –, Jeonghyun voluntariou-se, com um sorriso rasgado. Jeonghyun sempre foi muito sorridente e cheio de energia, e isso fazia com que o próprio Jeongguk sorrisse também. Queria ser mais Jeonghyun e menos Jeongguk. Jeongguk era problemático demais, frágil demais. Jeonghyun era livre e seguro de si, com orgulho de quem era. Pelo menos era isso que transparecia, desde que Jeongguk se lembra. Se havia alguém que Jeongguk admirava – ainda mais que a sua mãe –, era o seu hyung. Mesmo tendo minutos de diferença, Jeonghyun parecia alguém muito mais velho, pronto para proteger Jeongguk de qualquer coisa, e ajudá-lo também. Mesmo com as coisas mais mínimas, como pintar as unhas. Jeongguk sempre gostou de fazer coisas como pintar as unhas e os lábios, mesmo sabendo que apenas as mulheres o faziam – o seu professor Namjoon tinha-lhe explicado isso, mas Jeongguk continuava sem perceber o porquê de funcionar assim. Era injusto, na sua opinião. Os homens não tinham culpa de ser homens, mereciam fazer qualquer coisa que uma mulher fizesse, e vice-versa. Namjoon disse-lhe também que era contra isso, no entanto. As coisas estão assim estabelecidas, mas Namjoon, assim como Jeongguk, não concorda, então Jeongguk sente-se um pouco mais compreendido assim. Esperava que as coisas mudassem futuramente, e as pessoas se aceitassem, tal e qual como são. Assim como a mamã e o hyung aceitam o Gukie tal e qual como é, mesmo sendo errado e difícil demais. Mas eles amam o Gukie, e o amor supera tudo, não é?

"Gukie querido, estás a pensar em quê?" Jeongmi pousa o regador cor de rosa, virando-se para o filho, com um sorriso.

Jeongguk salta ao ouvir a voz da mãe, mas sorri mesmo assim. "O Professor Namjoon mamã. Quando ele volta?" Não era por Namjoon que Jeongguk queria perguntar realmente.