Praça, vizinhos e amigos

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  Era uma linda tarde de sábado, o sol brincava com algumas nuvens no céu e o vento, um tanto frio, balançava as folhas das árvores na praça onde crianças brincavam e corriam para todo o lado, enquanto os pais os vigiavam dos bancos.

  Foi neste lindo cenário em que Taeyong encontrou seu primo Mark sentado na grama, acariciando um pássaro ao seu lado. Ele não podia descrever o alívio por finalmente acha-lo. Avisou a família do paradeiro do pequeno fujão e decidiu despertá-lo de seus devaneios.

— Pássaro bonito este,lembra bastante o que nossa avó alimenta — Mark se assustou ao ouvir a voz tão conhecida, e virou-se a tempo de ver o primo rir. O observou sentar ao seu lado.

— Talvez seja ele, a casa dela não é tão longe daqui.

  Sentiu os braços do mais velho o envolvendo. Taeyong não era o maior fã de abraços mas decidiu que o primo precisava de carinho naquele momento. Ainda abraçados, os dois primos mais velhos da família Lee assistiram o pássaro voar para longe da praça. Ficaram em silêncio por um breve tempo, até Mark o quebrar com a pergunta que martelava em sua cabeça:

— Por que eu não posso ficar hyung?

  Ouviu o primo suspirar e dizer-lhe que seus pais não poderiam ficar. Ele já sabia disso, porém achava injusto ter que se mudar para tão longe.

 Mudara de cidade e até de país várias vezes quando era muito pequeno, até sua família se estabelecer junto aos parentes de seu pai cinco anos atrás.

— E se nós não voltarmos nunca mais?

— Vocês voltarão para nos visitar, eu sei. Agora vamos para casa, estão todos preocupados.

 Foram caminhando pela praça enquanto faziam brincadeiras bobas. Taeyong ficou feliz ao ver o pequeno sorrindo. Sabia como o outro tinha dificuldade em se adaptar a mudanças e o quanto  ele gostava da rua em que moravam.

— Mark! — O viu virar a cabeça para o lado afim de olhá-lo — Afinal, por que saiu de casa desse jeito?

— Meus pais conversaram comigo depois que eu ouvi a conversa deles sobre passagens de avião e vender a casa— olhou para baixo, parecendo um pouco envergonhado — perguntei porque não podíamos ficar, insisti tanto que papai ficou irritado e gritou comigo, eu saí correndo e quando vi já tinha parado aqui na praça.

   Taeyong pôde apenas rir. Continuaram a andar.

   A rua em que moravam não era muito longe do parque, andaram mais um pouco e já a avistaram. Mark se sentia mais e mais nervoso à medida que se aproximava de sua casa.

   Enquanto passavam pela familiar calçada, reparou na casa da senhora Han, grande amiga de sua avó, onde a mesma regava as plantas da pequena varanda. Logo ao lado estava a maior casa da rua, que pertencia a família de seu amigo Chenle, se perguntou se o mais novo já havia voltado da aula de piano. Ouviu um barulho de coisas caindo vindo do outro lado. Ao se virarem, viram Renjun a puxar Jaemin correndo para fora de seu quintal, gritando para Jeno e Donghyuck que tiveram uma péssima ideia.

  Assim que Taeyong ouviu o nome de seu irmão mais novo ser citado, parou para tentar descobrir qual era peripécia que os pequenos haviam aprontado desta vez. Mark apenas ria do desespero dos amigos. Jeno e hyuck apareceram logo depois, ao fundo dava para se ouvir a mãe de Renjun gritando algo sobre panelas derrubadas, crianças que não tem jeito e mais coisas em chinês.

   Mark reparou que nenhum dos quatro percebeu presença deles ali, estavam muito ocupados discutindo baixo. De repente sentiu uma tristeza no peito, o sorriso divertido desapareceu. Pensou em todas as brincadeiras e jogos que não participaria, todas as risadas que ele perderia, todas as besteiras que ele não veria (ou ajudaria, não é?). Quando ele chegou naquela rua não conhecia ninguém, mas graças ao primo mais novo Donghyuck— que nunca desistiu de implicar consigo até que ele aceitasse ser seu amiguinho— conheceu os outros pequenos moradores da rua. Na época os dois, Jeno, Jaemin e jisung ( que tinha apenas 2 anos) moravam ali.

   No começo ficava incomodado, os três meninos que brincavam na rua com ele tinham a mesma idade enquanto ele era mais velho. O trio percebeu, e passaram a sempre tentar incluí-lo.

   No ano seguinte a família Zhong se mudou. O pequeno da família passou a fazer companhia a Jisung, mas logo os dois se juntaram aos outros. O último a chegar foi Renjun, que completou o grupo. Eram unidos, a diferença de idade era sempre deixada de lado.

   Mark continuou ali, se perguntando porquê de ter que deixar seus melhores amigos. Chamou Taeyong para bem perto para poder sussurrar

— Hyung, o Hyuckie sabe?

— Mamãe nos contou ontem a noite. Tive que prender ele no quarto antes que ele chamasse os meninos pra te sequestrar ou algo assim.

   Ouviram Renjun gritar pelo nome de Mark. Os outros logo perceberam quem estava parado do outro lado da rua e correram— sempre muito barulhentos— em direção a eles. Jaemin e donghyuck logo o cobriram em um abraço enquanto jeno e renjun o bombardeavam com perguntas. Taeyong observava a cena rindo, até esqueceu que deveria questionar qual besteira o irmão havia feito na casa dos Huang. Aqueles meninos realmente se amavam. Mark pediu para os amigos se acalmarem.

— Hyung que bom que voltou, acredita que o Jeno e o Donghyuck queriam ir te procurar com a bicicleta do meu pai? — Renjun se pronunciou, cruzando os braços.

— SEU BOBÃO! — donghyuck se soltou de Mark gritando— agora o meu irmão sabe!

— Ah Hyuck seu irmão sabe que você sempre tem esses planos malucos, ele já imaginava, não é Taeyong hyung?— Jeno falou e Taeyong assentiu concordando— Viu só!?

— Jeno a ideia foi dos dois, não esqueça disso— foi a vez de Jaemin, que ainda abraçava Mark, se pronunciar.

— Vocês não tem jeito mesmo. Agora podem esquecer a bicicleta do tio Huang — Donghyuck mostra a língua para o mais velho dos amigos — Você tem certeza que tem nove anos priminho?

   O céu já dava indícios de que a noite estava por chegar, então Taeyong achou melhor levar Mark para seus tios e colocar o resto dos meninos em suas respectivas casas. Nesse processo, percebeu que Jaemin e seu irmão estavam aos cochichos e os outros pareciam agir distraídos demais… mesmo Renjun, o primeiro a ir para casa, parecia meio estranho. Chenle,que viram sair do carro pouco depois do outro chinês entrar em casa, fez uma cara estranha para o grupo e pegou algo perto do portão de entrada, correndo logo depois pra dentro de casa. A gota d’água foi quando passaram pela casa dos Park após deixarem Jaemin e o mais novo da família jogou algo quase discretamente no quintal dos mesmos. Sem dúvida alguma ele estava aprontando mais uma.

    Quando finalmente deixou Mark em casa o pôr-do-sol já se fazia presente, então pensou que se a turminha da rua fosse fazer algo, seria pela manhã, o quê o fez decidir não interrogar Donghyuck por enquanto.

   Pobre Taeyong, mal sabia que no momento em que entrou no quarto seu irmão correu para pegar seu walkie talkie e conversar com os meninos sobre a ideia de Jaemin.

— Mark hyung mal pode esperar!— disse para si mesmo, enquanto sorria e balançava os pezinhos na borda da cama— oi nana, câmbio.

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