A adoção

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Meu pequeno gato persa,
Eu poderia dizer que te adotei naquele dia, em que chegou para mim me oferecendo consolo.

Sejamos sinceros, meu gatinho.
Eu nunca te pedi nada, jamais pude te oferecer nada, nada além de um amor mutável, que fluia como o rastro de suas patinhas.

Nós nos encontramos de madrugada, aquela madrugada clássica em que tive insônia e vagava pelo mundo sozinho, mas diferente das outras, nela eu pude dizer que encontrei você.

Meu querido gatinho, você me viu, me seguiu e persistiu em me consolar. Me diga, o que encontrou em quem estava perdido?

De modo inconsciente gatinho,
Eu não estava perdido só pelo tempo, mas também pelo coração.

Ele não era o suficiente para receber moradores, pois já estava gasto demais com as visitas que prometeram ficar e me deixaram.

E eu te avisei.

Não quis te deixar entrar nele, e agora não quero deixar-te sair. Com as mesmas patinhas que me arranharam, me quebraram e me fizeram ter as primeiras e reais cicatrizes internas, pelo amor.

Por que gatinho?
Por que não me deixou andar como qualquer outro que vagava naquele mundo?
Por que me escolheu entre tantos outros que podessem te fazer feliz?

Porque, meu querido gatinho.

Porque gostou de adotar um tolo como dono do seu coração.

My little persian catOnde histórias criam vida. Descubra agora