Ryan 🐇
Fiquei castelando, até meu pai chegar. Vi de longe na laje e apaguei o cigarro, pulando pra casa.
Zoio: Tá fedendo.
Ryan: Você tá todo dia e eu não falo nada.- Ele deu um tapa na minha cabeça.
Zoio: Qual é a tua? E o de hoje de noite?
Ryan: Tá pago, eu vou né.- Ele coçou a cabeça.
Sentei no sofá e ele foi na cozinha, do nada a porta abriu e eu olhei, vendo a Maria com cara de brava.
Maria: Quem esqueceu dessa vez? - Eu ri.
Zoio: O Ryan aí.
Ryan: Hoje é quarta, Mariazinha.- Lembrei, fazendo meu pai jogar a sandália dele bem na minha cabeça.
Maria: Pai, você é falso.- Falou indo pro quarto e eu ri.
Eu ia buscar ela na escola todos os dias, tudo bem que na maioria das vezes eu dava o dinheiro e mandava ela pegar o moto-táxi, é mó pertinho.
Mas toda quarta, meu pai ia. Então, caô dele.
Zoio: Moleque viado, filho da puta.- Resmungou, indo pro quarto da Maria.
Ryan: Aí pai, deixa ela quieta.- Ele me olhou, antes de entrar.- Olha a marra da Maria na idade dela? E tu não fala nada, porra. Se fosse eu, que já tenho quase 18 nas costas, tu ia cair em cima.
Zoio: Ela é uma criança.
Ryan: Aí Ruan, a educação começa logo cedo. Não deixa ela fazer o que quer também, menina mimada é chata pra caralho. Eu sei que é legal e engraçado, mas coloca limites também.
Zoio: Mas tu...- Neguei antes dele falar.
Ryan: Paizão sou eu não, irmão.- Ele riu, se jogando no sofá.
Zoio: Tu já se imaginou pai?
Lembrei de uma vez que conversei isso com a Maria, na verdade ela falou comigo.
Ela ficou o tempo todo falando da Júlia, do nosso filho imaginário.
Ela diz que a Barbie e o Ken somos nós dois.
Ryan: Pai, lembra da vez que eu tranquei a Maria no quarto na brincadeira e saí, deixando ela no quarto sozinha?
Zoio: Caralho Ryan, a gente passou dois duas pilhado procurando ela.
Eu ri alto, isso era as coisas que eu fazia com a Maria, imagina com meu próprio filho?