O show de uma matança. O desfile dos tributos.

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"A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida está no amor que não damos, nas forças que não usamos, na prudência egoísta que nada arrisca, e que, esquivando-se do sofrimento, perdemos também a felicidade. A dor é inevitável. O sofrimento é opcional."

―Carlos Drummond de Andrade

O trem se movimentava numa velocidade inconstante. A situação que encontrava-me era muito peculiar, não podia sequer falar o porquê de eu me voluntariar para ela, para o meu amor, Larissa.

A luz graças sua velocidade incrível atravessava através das janelas que circulavam todo o trem. A decoração interna do trem era magnífica, cheio de arranjos e super decorados com pinturas rústicas, e pequenos detalhes barrocos. Aquilo tudo me fazia lembrar das aulas de história. As revoluções culturais que atingiram toda a antiga Europa, que hoje não existia mais. A minha visão era incrível, fazendo-me dispersar o pensamento de que eu me entregaria para a morte, pelo meu amor.

Um grito fez com que a minha visão artística se interrompe-se. O grito vinha de perto da mesa repleta de comida, vinha de Larissa que estava acompanhado dos outros 3 tributos. Ela correu em minha direção e eu á dela. Nós se abraçamos e se beijamos.

-Porque isso? Não consigo entender. Porque se voluntariar? Para mostrar que consegue tudo sozinho? Isso já é babaquice, botar em perigo a sua própria vida só para se mostrar que está no meu nível. - Pergunta indignada querendo saber a justificativa de tudo isso.

- Desculpe amor, aconteceu várias coisas hoje que possibilitaram a minha atitude, não posso contar. Talvez se eu voltar, contarei tudo para você. Eu prometo. - Falo, me segurando para não fazer mancada.

Os tributos que estavam na sala ficaram meio assustados com toda a cena vista. Eles sabiam que nós éramos namorados, na verdade praticamente todos do distrito sabiam, e assim ficaram se perguntando a mesma coisa, a justificativa de tudo isso.

Sentamos então á mesa para desfrutarmos de uma ótima e suculenta refeição.

A mesa estava repleta de coisas que nunca tinha comido na minha vida, algumas eu já havia comido na casa de Larissa, mas outras nunca tinha visto. Kira logo apareceu através da porta do vagão bar, ela, com uma roupa esverdeada e com seu cabelo laranja, veio em direção á mim, dando-me um abraço.

Depois que comemos sentamos no sofá para discutir estratégias.

- Vocês concordam em ser aliados na arena? - Pergunta Larissa numa atitude de ajudar.

- Sim, pode ser. - Todos concordam e então começam a assistir vídeos de outras colheitas.

- Temos a tributo feminino do distrito 3, Emma Hunter, parece ser excelente, e então ser uma boa aliada. - Explica Larissa com aqueles lindo olhos e com suas bocas que me fazem lembrar de cada momento em que estávamos juntos.

Um sinal vindo da cabine do piloto avisara que havíamos chegado á Capital. Gritos começaram a ecoar vindo da estação de trem. Pessoas estranhas estavam gritando por nós e uma eterna felicidade. Eu como sou simpático finjo cumprimentá-los acenando, sorrindo, mas por dentro um questionamento se auto debate eternamente, como que eles gostam de ver pessoas se matando, lutando por suas vidas? É tudo totalmente anormal, estranho, e macabro.

"Dizem que a vida é para quem sabe viver, mas ninguém nasce pronto. A vida é para quem é corajoso o suficiente para se arriscar e humilde o bastante para aprender."

―Clarice Lispector

Saímos do trem e fomos em direção ao prédio onde permaneciam os tributos e suas equipes. Tudo era lindo e totalmente estranho, mas queria me acostumar e aproveitar o pouco tempo que terei aqui.

Distrito 4. Os jogos começaram.Onde histórias criam vida. Descubra agora