05. Abrigo

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Não havia mais espaço no coração de Evelyn para nada além do amigo que estava em sua frente.

Ela não conseguia dar uma passo na direção de Taehyung, não conseguia dizer nada, nem pensar em nada. Restava somente a alegria dentro do coração dela, alegria por rever alguém que, mesmo que por pouco tempo, ela pensou que jamais veria.

Taehyung também não disse nada.

Apenas deu passos rápidos na direção de Evelyn e a envolveu em um abraço caloroso.

— Desculpe. — Foi a única palavra que Evelyn ouviu de seu amigo.

Ela moveu lentamente as mãos até tocar suavemente as costas de Taehyung, em uma tentativa de saber se era mesmo seu amigo que estava ali, e quando percebeu que ele era real, apertou seu toque o mais forte que conseguiu.

— Aaaaai — Taehyung disse, empurrando os ombros da amiga — Mas que cheiro ruim é esse em você?

Evelyn mexeu os lábios algumas vezes, querendo saber o motivo de seu amigo pedir desculpas, e também tentando se desculpar pelo cheiro de sangue que estava sobre ela, mas não conseguiu emitir nenhum barulho.

Sua mente estava bagunçada pelo medo, tanto que seus olhos lacrimejavam e sua boca estava seca. Seu estômago doía e seu corpo suava como nunca.

— Ah não — Taehyung começou a agitar as mãos na frente do rosto dela — Você vai ter uma daquelas crises de pressão outra vez?

Evelyn ainda tentava mas não conseguia dizer nada. Suas pernas tremiam, sua visão começava a escurecer e aos poucos ela começava a perder o equilíbrio.

— Jung... kook — ela disse, baixinho — Jungkook!

— Não, — Tae sorriu nervoso — Eu sou o Taehyung. Você não confunde mais a gente, o que aconteceu?

Evelyn deixou o peso do seu corpo cair ao chão, sentindo que sua visão escurecia aos poucos. Sentiu-se frustrada por ter comido uma porção grande de batatas fritas no café da manhã, estava agora sentindo as consequências da má alimentação, associada à medicação para pressão que ela não havia tomado na hora certa.

Taehyung se aproximou dela e tentou fazer as coisas que Jimin sempre fazia quando Evelyn tinha suas crises hipertensivas, mas a verdade era que ele não tinha a menor ideia de que coisas precisavam ser feitas.

Evelyn agarrou o ombro de Taehyung com uma de suas mãos trêmulas e tateou os bolsos com a outra. Sabia que não havia como o medicamento fazer efeito tão rapidamente, mas ficou feliz ao encontrar uma cartela de comprimidos antes de colocar dois deles debaixo da língua.

Enquanto sentia lentamente seu corpo se acalmar Evelyn passou a analisar o rosto de Taehyung, sem saber exatamente quanto tempo havia se passado desde que ela havia se despedido de Yoongi.

— Tae... — ela chamou baixinho, sentindo as lágrimas esquentarem suas bochechas — Precisamos reunir todo mundo, agora!

Taehyung olhou desconfiado para a moça chorosa em sua frente, lembrando que às vezes quando ela tinha seus picos hipertensivos também costumava querer todos os seus amigos por perto, caso ela chegasse a ter uma parada cardíaca.

— Eve, você não vai morrer agora — Taehyung tentou acalma-la — Não se preocupe, todo mundo vai ficar bem e você ainda vai comer muita gordura com a gente.

Evelyn sentiu um aperto no peito, não o aperto pelas dores causadas por sua hipertensão, mas um aperto que mais tinha relação com a angústia que sentia, agora que estava longe de Yoongi, e também de sua irmã mais velha.

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