Ao atravessar o Screamer’s, Lauren sorria desdenhosamente enquanto a multidão se atropelava para sair de seu caminho. Seus poros transpiravam medo e curiosidade, que tinha tanto de morbidez quanto de excitação sexual. Ela aspirou aquele odor rançoso. Gado. Todos eles.Apesar dos óculos escuros, seus olhos não suportavam a tênue luz, e precisou fechar as pálpebras. Sua visão era tão ruim que estaria mais confortável se fosse totalmente cega. Concentrando-se em sua audição, podia distinguir os sons isoladamente: a batida da música, o arrastar de pés, as palavras sussurradas, o som de um copo espatifando-se no chão. Se esbarrava em algo, não se importava. Fosse uma cadeira, uma mesa, um ser humano, era só passar por cima do que estivesse impedindo sua passagem.
Percebeu a presença de Alejandro claramente porque o corpo dele era o único naquele lugar que não cheirava a pânico. Embora mesmo o guerreiro estivesse nervoso aquela noite.
Lauren abriu os olhos quando parou em frente ao outro vampiro. Alejandro era um vulto disforme, sua pele morena e a roupa negra eram só o que a vista de Lauren conseguia distinguir.
– Aonde Dinah foi? – perguntou ela ao sentir o cheiro de uísque escocês.
– Foi dar uma volta. Obrigado por vir.
Lauren sentou-se. Olhou fixamente para frente e observou a multidão ocupando aos poucos o espaço que ela havia aberto.Esperou.
O rap de Ludacris foi substituído pelo lendário Cypress Hill. Aquilo prometia. Alejandro era objetivo e sabia que Lauren não suportava perder tempo. O silêncio era sinal de algo sério no ar.
Alejandeo bebeu um gole de sua cerveja e respirou fundo.
– Minha senhora, obrigado por vir.
– Se quer algo de mim, não comece desse jeito – disse Lauren com voz arrastada, sentindo que uma garçonete se aproximava. Pôde distinguir seios grandes e uma tira de pele entre a blusa apertada e a saia curta.
– Desejam beber alguma coisa? – perguntou ela, sem pressa.
Ficou tentada a sugerir que ela se deitasse sobre a mesa e a deixasse beber de sua artéria. Sangue humano não a manteria viva por muito tempo, mas, com certeza, teria melhor gosto que álcool aguado.
– Por enquanto não – disse. Seu sorriso enigmático despertou na garçonete a um só tempo ansiedade e desejo. Encheu os pulmões com o cheiro da garçonete. Não estou interessada, pensou.
A garçonete assentiu, mas não se moveu. Ficou ali parada, olhando-a fixamente, o cabelo loiro reluzia na escuridão ao redor de seu rosto. Como que hipnotizada, parecia ter esquecido até o próprio nome, que dirá o trabalho. E como aquilo era desagradável.
Alejandro agitou-se, impaciente.
– Isso é tudo – murmurou –, estamos satisfeitos.
Quando ela se afastou, desaparecendo na multidão, Lauren escutou Alejandro limpar a garganta, preparando-se para falar.
– Obrigado por vir.
– Você já disse isso.
– É, tem razão. Você e eu nos conhecemos há muito tempo.
– É verdade.
– Lutamos juntos muitas vezes, eliminamos um monte de redutores. – Lauren concordou
A Irmandade da Adaga Negra vinha protegendo a raça contra a Sociedade Redutora há gerações. Era formada por Lauren, Dinah e outras quatro pessoas. Estavam em franca desvantagem numérica em relação aos redutores, humanos desprovidos de alma que serviam ao torpe Mulieribus. Mas Lauren e seus guerreiros conseguiam defender seus semelhantes.
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Dark Love [Camren]
FanfictionNas sombras da noite desenrola-se uma sórdida e cruel guerra, entre vampiros e seus carrascos. Há uma irmandade secreta, sem igual, formada por vampiros defensores de sua raça. Ainda assim, nenhum deles deseja a aniquilação de seus inimigos mais que...