Capítulo 2 - Kris

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CAPÍTULO DOIS

~ KRIS

Estava na sala de embarque enquanto aguardava o meu ônibus chegar. No bilhete da passagem informava que ele chegaria às 22h45, e de acordo com o relógio em meu pulso, eu cheguei adiantada por quarenta minutos. Enquanto aguardava, coloquei a minha bolsa no ombro e arrastei a mala de rodinhas pelo saguão da rodoviária, passando pelas vitrines das lojas, e admirando. Mesmo eu odiando o meu emprego, adorava o meu salário. E foi graças a ele que eu pude ficar com Marcele quando o crápula do Durval matou a nossa mãe a sangue frio.

Sentei-me a uma das mesas da Subway para comer alguma coisa enquanto esperava o ônibus quando ouvi o celular tocando dentro da bolsa. Um sorriso involuntário surgiu em meus lábios quando reconheci o nome e a foto da pessoa que ligava para mim.

— Estou voltando para você — ele disse, fazendo o meu peito se inflar de tanto amor.

— Que pena — eu sussurrei de volta — agora sou eu quem está indo para longe.

Ouvi um palavrão vir do outro lado da linha.

— Quanto tempo?

— Apenas três dias.

— Muito tempo!

— Passa rapidinho. Como estava o sul?

— Frio demais sem você.

— Olha só, se eu pudesse pedia ao José para remarcar as filmagens para a próxima semana, mas você sabe que com ele não há negociações.

— Vou ficar louco com mais três dias sem você, Nanda.

— Já disse que vai passar bem rápido.

— Deixou Marcele com Lourdes?

— Deixei...

— Ela vai ficar lá esses três dias até você voltar, ou vem para casa?

Eu confiava muito no meu namorado. Estávamos juntos há alguns anos e eu acreditava plenamente nele para saber que ele não era um crápula como Durval. Mas eu me preocupava com Marcele, principalmente com sua segurança, então eu evitava deixá-la sozinha com ele. Ele me entendia. Não me acusava de não confiar nele. Ele sabia de tudo que eu aguentei com o padrasto.

— Meu ônibus vai chegar em alguns minutos, e agora eu vou comer alguma coisa. Nos falamos em breve.

— Tenho uma surpresa para você — ouvi a sua risada. — Até breve, meu anjo.

~*~

Eu havia chegado há mais ou menos uma hora. Estávamos em uma espécie de salinha, conversando animadamente e bebendo cervejas enquanto aguardávamos a chegada de José. Algumas meninas ali presentes eu já conhecia: Nicole (seu nome artístico era Nessinha) conversava animadamente com Carine — a nossa maquiadora. E Chris — namorado de Nicole — discutia alguma coisa com Tatiana. E quase se fundindo a uma parede havia uma menina desconhecida.

— Quem é ela? — eu perguntei para Amanda, a mulher que escrevia os scripts dos filmes.

— Quem?

— Aquela garota espremida na parede.

— Ah — ela suspirou. — Aquela é a Jessica. José quando chegar vai fazer um teste com ela.

— Ela parece ser menor de idade. E virgem.

— Foi isso que eu estava comentando agora a pouco com a Nessinha.

POR TRÁS DAS CÂMERASOnde histórias criam vida. Descubra agora