Talvez o amanhã

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À senhorita Lancaster,

por ter iluminado as linhas deste conto.





O salão já estava em completo silêncio, era grande a expectativa. O noivo, trajando seu terno perfeitamente alinhado, aguardava em pé e com nervosismo a entrada da mulher que ao sair dali chamaria de sua esposa.

- Como Jonathan está lindo – observou Olívia com lágrimas nos olhos, esforçando-se para contê-las. – Parece que foi ontem que seu irmão deu os primeiros passos.

- Ele está muito bonito mesmo, mãe – concordou Katharine, com orgulho.

Durante os últimos meses, Katy acompanhou de perto os detalhes do preparativo para o casamento do irmão. Mesmo com a diferença de 7 anos, desde pequenos foram muito próximos e não foi surpresa para ela ao ser convocada à missão de tornar aquele dia feliz o mais lindo da vida dos noivos. Na verdade, o convite inicial era pra que Katy fosse madrinha do irmão, mas o casamento em moldes religioso só permitiam padrinhos que fossem cônjuges e também casados segundo as exigências da instituição. Uma regra inquestionável. Porém isso não abalou o entusiasmo de Katy; independentemente de qualquer coisa, a felicidade de Jonathan era sua felicidade também.

O órgão soou por todo o espaço adornado com flores brancas e amarelas, onde os convidados e familiares estavam acomodados nos compridos bancos de madeira. A marcha nupcial anunciava a entrada da noiva.

Primeiro entrou uma pequena menina em um lindo vestido azul claro, jogando pétalas de rosas brancas sobre o extenso tapete vinho que conduzia desde a porta do imenso salão até o altar. Logo atrás surgiu Carol com um sorriso radiante que iluminava seu semblante. Com seu vestido branco adornado de pequenas pedras brilhantes, a tiara que sustentava o véu e a calda gigante que se estendia por onde ela passava, Carol desfilava pelo tapete conduzida pelo braço por um senhor com um terno azul tão emocionado quanto ela própria; seu pai quase não continha as lágrimas. Ambos sorriam e cumprimentavam os convidados à medida que a marcha seguia lenta.

No altar, Jonathan tomou a mão de Carol com um suave beijo e recebeu a benção e os cumprimentos do sogro, antes de seguirem aos seus lugares diante do representante religioso responsável por conduzir a cerimônia.

Durante toda o desenrolar dos rituais, Katy só fez pensar. Sua mente disparou em devaneios que ela foi incapaz de conter. Aquele casamento era o sonho de sua mãe, ver os filhos subindo o altar, os amigos e familiares reunidos em uma grande festa, a expectativa seguinte pela chegada dos netos.... Nunca foi uma cobrança verbalizada, Olívia não era esse tipo de pessoa que impõe roteiro de vida aos filhos, mas sua emoção ao fixar o olhar em Jonathan, como um artista que contempla uma obra de anos ao ser finalizada, aquele simples olhar lacrimejado dizia mais do que qualquer palavra.

Jonathan estava ali, cumprindo o que todos já esperavam dele. Sempre foi um bom rapaz e, desde menino, se destacou nos estudos. Cursou engenharia, entrando na Universidade de primeira sem precisar de cursinhos e logo de cara conseguiu um estágio na mesma empresa onde hoje era responsável por um setor inteiro de produção. A primeira namorada que Jonathan apresentou para a família foi Carol e, após cinco anos de namoro sério, houve o anuncio do noivado e agora, um ano depois, estava ele no altar. Um exemplo de homem de compromisso.

Para Katy, Jonathan não poderia ter escolhido melhor namorada e esposa; ela se dava muito bem com Carol. Ver aquelas duas pessoas amadas dando o primeiro passo para iniciar a constituição de sua própria família era de fato um motivo de orgulho para todos que os conheciam. E ao mesmo tempo, para Katy era um peso.

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⏰ Última atualização: Jun 07, 2019 ⏰

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