Pijama

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Depois de ter terminado o segundo curativo do Jungkook naquela noite, descemos até a cozinha para que eu preparasse o tão esperado jantar composto por apenas um macarrão instantâneo com sabor de carne.

— Jungkook, acenda a lanterna na direção do armário, preciso achar o pacote de macarrão e uma panela. — Coloco ele no chão, tive que descer as escadas com ele no colo pois ele ficou magoado por ter batido a testa da porta, o baque fez um pequeno cortezinho no local e como sempre ele chorou como se estivesse morrendo.

— Certo. — Ele liga o objeto transmitindo a luz por todo o cômodo e eu vasculho os armários procurando pelo pacotinho.

— Pronto, agora aponte a luz para o fogão. — Coloco água em uma panela grande o suficiente e ligo o fogo.

— Hyung, como o fogão funciona se não tem luz? — Ele se aproxima me olhando curioso.

— Como assim você não sabe?! É sério mesmo que você tem 17 anos? — Pergunto indignado.

— Tenho sim, mas não mude de assunto, hyung. — Ele semicerra os olhos.

— Fogões não usam energia elétrica, se usa algo muito tecnológico chamado botijão de gás.

— Wow, que legal! — É sério que ele ficou impressionado com um fogão e um botijão de gás? Em que mundo ele viveu em todos esses anos? Pelo jeito foi dentro de uma caverna.

— Que tipo de educação você recebia nesse orfanato à ponto de não saber como funciona um fogão?

— Eu nunca fui para a escola, as próprias pessoas de lá que me ensinavam as coisas...

— Entendi. — Acho que elas não tinham capacidade de ensinar alguém, até uma criança de 6 anos saberia o que é um botijão de gás. — Por falar em orfanato, você não ficou triste por ter que abandonar seus amigos de lá? — Puxei assunto, colocando o macarrão junto com a água.

 — Na verdade não, só fiquei triste porque não iria mais ver as tias que ficavam com a gente. Elas me faziam bastante companhia já que eu não tinha amigos…

— Ué, como não? — Perguntei, jogando o tempero na panela e misturando tudo.

— Eu sou muito tímido e não falava com ninguém, quando cheguei lá todo mundo já tinha seu grupinho e ninguém veio conversar comigo. As primeiras pessoas que foram falar comigo só queriam rir da minha cara. Até ganhei alguns apelidos como "Coelho solitário", "Sem amigos" "Excluído" e alguns outros mais que não lembro.

— Que ironia eles te chamarem de solitário, não é mesmo? Nem família eles têm pra ter o direito de te zoar. — Ri do meu próprio comentário e ele também, só depois percebi que peguei meio pesado e fingi que não disse nada.

— Algum tempo depois eu fiz um amigo novo que chegou alguns meses depois de mim, ele era um híbrido de gato e era muito legal comigo, as vezes quando olho para o seu irmão eu me lembro dele porque são bem parecidos fisicamente, mas ele acabou sendo adotado primeiro que eu e fiquei sozinho novamente depois de um tempo. — Sua expressão parecia triste com as lembranças. — Mas as cuidadoras sempre conversavam comigo e me tratavam muito bem. — De modo natural, meu rosto magoado deu lugar a um sorriso feliz.

 — Você estava morando lá há quanto tempo?

— Não sei, mas a Tia MinHee disse que cheguei lá com uns 6 anos mais ou menos. — Jungkook fazia uma cara pensativa tentando se lembrar da idade exata.

— E como você chegou lá? — Após a comida ficar pronta tirei dois pratinhos do armário, colocando o macarrão em cada um deles mais ou menos na mesma quantidade.

Um Presente Indesejado - Vkook/Taekook (kth + jjk)Onde histórias criam vida. Descubra agora