De @Slenderur

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Capítulo 1: Cheiro de Carne

Talvez, depois de tanto tempo, a humanidade começou a se desentender com a própria natureza. Nunca fomos um povo lá muito inteligente, mesmo sendo o mais racional, ironicamente. Desde os tempos que avançamos mais na tecnologia do que na compaixão, o fato é que nenhum de nós pode dizer que a vida é fácil.

Se o mundo não queria mais os humanos, eles não mandavam cartas, e-mails ou mensagens. Eles simplesmente convertiam a lei de Murphy a seu dispor.

São Paulo, cidade brasileira que teve uma das maiores epidemias do país. Segundo as últimas notícias, um lugar onde o mundo inteiro assistiu morrer, mas o ato medonho de se esgueirar atrás do oceano, ou dentro de suas muralhas territórias também custou caro.

Esperaram que o vírus não se espalhasse pelo ar. Eram criaturas que matavam por sangue, por carne, por diversão, que falavam como eles falavam, que andava como eles andavam. Eram monstros que aprendiam, e do aprendizado, a morte eminente de uma população.

O maior centro de pesquisa do país, uma empresa de tecnologia voltada para reconhecimento de níveis de radiação inferior. Níveis que seriam seriam usados para estimular células mortas, afim de criar uma nova organização de aprimoramento celular, na medicina.

Era esse estado que os humanos trabalhavam. Entretanto, quantas vezes gritos de protestos por centenas, se não milhares, por religiões diversas, não o mandaram parar? Era desrespeito. E um que pagaram caro.

Foi deu uma explosão que o a maior empresa do país foi lançada dentro do Rio Tiete. A água era tratada, mas a explosão liberou as pequenas esferas radioativas, levadas consigo. Tratamento de esgotos já funcionavam. O Brasil não era mais o mesmo sistema corrupto de sempre.

Estavam conseguindo reverter casos como Mariana, como a Divida Externa, o reflorestamento. Agora, tudo o que eles construíram em grandes anos, foi destruído.

O primeiro Cinzento, como eles chamavam, eram criaturas que gostavam de matar, paralisando quem olhasse para os seus olhos. Eram tão negros que pareciam as trevas encarnadas, e mesmo que uma arma fosse apontada, ele poderia controlar seus movimentos.

E vieram os Labracos, os Xienas, as Garmow. Criaturas desenvolvidas que atacavam e corriam, usavam armas, mas não estavam vivas. Duzias de vezes foram batalhas onde um filho enfrentava um pai, morto, enterrado em um cemitério anos atrás.

Não era humano, não era racional. Era uma luta desesperada por sobreviver.

Uma luta que forçou homens e mulheres a se atirarem para dentro de suas casas e se trancarem. Quantos foram os que morreram de fome? De sede? De medo?

Era o medo que ruía o ser humano, e era o medo que alimentava essas criaturas.

 O cheiro de carne atraía cada um deles. E esse cheio não poderia ser disfarçado. 

 Esse era o cheio Humano. 

*

 Desde novo, Doni se sentava na cadeira da cozinha ouvindo apenas o som dos pássaros do lado de fora. Olhava atentamente para as janela cobertas por madeira, os raios de sol que entravam para banhar as pequenas plantas em cima da prateleira e via a poeira clarear nesses meios raios. 

 Desde pequeno, a curiosidade para olhar do lado de fora era maior do que qualquer coisa que sua casa tivesse. Era maior do que os túneis que seu pai construía no subsolo, maior do que as plantas medicinais que sua mãe ensinava para seus irmãos, maior do que as armas de fogo que outros eram treinados.

 A cozinha do orfanato não era pequena, mas apenas uma parte dela, a pequena frecha na porta, era o seu centro de investigação. Dando uma espiada sobre os ombros, nenhum dos seus colegas brincava de correr de um lado para o outro, nenhum dos irritantes vigilantes o afastavam da porta, e nem a cozinha gritava perto o suficiente para deixá-lo surdo. 

2° Competição Dos CriadoresOnde histórias criam vida. Descubra agora