De @FernandaCaldas9

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Capitulo 1

O dia tinha amanhecido a poucas horas. As ruas de terra como sempre estavam desertas, o mato era muito alto em ambos os lados, o que facilitava tanto se esconder, quanto ouvir algo se aproximando, uma pequena estradinha se abria mais a frente, levando a uma pequena casa simples. Ela entrou no caminho e chegou bem perto da construção. As portas estavam fechadas por várias madeiras pregadas, e todas as janelas estavam iguais, com a exceção de uma nos fundos. O cheiro pútrido a deixava nervosa, decidiu primeiro olhar ao redor. Acabou encontrando uma carcaça de um cachorro morto, devia fazer algum tempo que ele estava ali, pois muitos vermes se emaranhavam nos restos de carne e passeavam por cima dos ossos.

 Chegou perto da janela e bateu criando bastante barulho dentro da casa. O facão na mão preparado para alguma surpresa do lado de fora. Apenas o pio dos pássaros podia ser ouvido no local. Empurrou com força a madeira velha e se suspendeu para dentro do imóvel. A poeira espessa e o cheiro de mofo foram as primeiras coisas que percebeu. Os móveis todos estavam cobertos com velhos lençóis floridos. Não era um ambiente grande. Havia uma mesa com algumas cadeiras, um sofá de três lugares a frente de um pequeno armário e uma televisão antiga de tubo de imagem. Um pequeno corredor ligava a cozinha e levava a mais duas portas. Uma delas era o pequeno banheiro, a segunda provavelmente seria o quarto.

Seu instinto a levou direto a cozinha, o facão em prontidão, retirou também a barra de ferro que carregava na mochila, se preparando para qualquer surpresa,. Respirou fundo e abriu os armários. Vazios. Todos os enlatados haviam sido levados e os demais mantimentos já estavam apodrecidos. Ela xingou por dentro, estava a quatro dias já sem comer nada, seu estômago vazio doía demais. Se jogou de costas na pia, se sentindo derrotada. Renovando seu ânimo com força de vontade, vasculhou as gavetas de talheres, achando uma faca grande que guardou na mochila. Foi até ao banheiro e procurou por qualquer remédio ou curativo. Faltava um local que procurar, mas ela tinha receio. Respirou fundo algumas vezes criando coragem e reapertando o cabo do facão.

Abriu a porta de uma única vez, mas o cheiro a atingiu tão forte que ela precisou recuar, tampando as vias respiratórias com o braço, seus olhos ardiam com os gases liberados. Retirou um lenço de um dos bolsos e usou para cobrir o rosto. Afastou a porta do caminho, deixando que a luz de fora iluminasse o ambiente. 

 Dois corpos de mulher estavam sobre a cama e um terceiro de homem no chão. Os crânios das mulheres pareciam ter sido abertos por um objeto cortante. Já o homem possuía uma faca cravada na testa. Pelo estado de decomposição, havia alguns meses que estavam ali. As peles estavam escuras e ressecadas. Nada além da cama e guarda-roupa estavam no local. Fechou novamente a porta. 

 O dia mal tinha começado ainda para ela. Saiu da casa e voltou ao caminho que seguia. Andou até por volta do meio-dia, sem achar nada com o que enganar o estômago. Estava um dia ensolarado e quente, para se proteger ela levantou o capuz do casaco. Com raiva pela fome que a assolava ela chutou uma pedra pequena, que rolou e adentrou o mato. Um barulho de folhas chegou até seus ouvidos. Seus pelos se arrepiaram. Não poderia ser a pedra ainda, então significava que era mais alguma coisa. Retirou o facão da faixa que usava na perna e se preparou.

Um cão rottweiler saiu a sua frente, babando e rosnando pra ela. Ele correu em sua direção, assim que ele saltou para o bote, ela o acertou. O ganido do animal lhe doeu os ouvidos. Um ferimento grave no ombro não permitia que o cachorro voltasse a atacar. 

 Um novo barulho vindo do matagal, ela olhava apreensiva para o local. Os barulhos do animal a incomodavam. Retirando uma faca menor do cinto ela se agacha e mata o cachorro ferido. Um novo rosnado soou, mais grosso e gutural que de um cão. Foi quando ele saiu dos capins.

2° Competição Dos CriadoresOnde histórias criam vida. Descubra agora